Há muitos anos atrás, entrei pela primeira vez - e única, que me lembre, e última, espero bem - em completo pânico, sem qualquer noção de sensatez; fui prontamente chamada à razão por quem me acompanha pacientemente nas minhas andanças mas deu para perceber que o controlo se pode perder instantaneamente e sem nos dar tempo de o agarrar. E dependi de outro para o reaver - se ele não estivesse lá?!?
Fiquei muito abalada pela experiência. Não foi o facto de ter tentado desaparecer atrás do homem; foi o facto de o ter feito sem ter qualquer noção do que fazia, mais o facto dessa noção me ter sido devolvida por outrém, em vez de prontamente reconquistada pela minha razão.
Entretanto o elevador parou e eu pude sair. Vá lá: quem sabe o que aconteceria à minha trémula razão, se a situação se prolongasse? Se calhar, ficava a conhecer-me a mim própria muito melhor, saberia melhor para onde virar as minhas baterias de auto-educação. Mas deve haver maneiras de o fazer menos dolorosas.
Hélas!
Fiquei muito abalada pela experiência. Não foi o facto de ter tentado desaparecer atrás do homem; foi o facto de o ter feito sem ter qualquer noção do que fazia, mais o facto dessa noção me ter sido devolvida por outrém, em vez de prontamente reconquistada pela minha razão.
Entretanto o elevador parou e eu pude sair. Vá lá: quem sabe o que aconteceria à minha trémula razão, se a situação se prolongasse? Se calhar, ficava a conhecer-me a mim própria muito melhor, saberia melhor para onde virar as minhas baterias de auto-educação. Mas deve haver maneiras de o fazer menos dolorosas.
Hélas!
2 comentários:
Realmente Luanda tinha destas maravilhas que eram as baratonas voadoras que chegavam a todo o lado, incluindo os elevadores em estado de pré-ruína.
Um dia, estavam duas meninas na cozinha, voltadas para uma bancada de pedra a fazer qualquer coisa boa (petisco?) quando uma baratona, vinda de trás delas, chocou ruidosamente contra a parede, mesmo sob as suas queixadas imberbes. Uma delas (não a do elevador) encolheu-se repentinamente e bateu com a dita queixada imberbe na beira da bancada (de pedra, insisto) e tivemos que a levar ao hospital para lhe aplicarem uns pontitos.
Eu divertia-me imenso a enojar o mulherio esmagando as baratonas na parede, com palmadas certeiras de mão aberta, exibindo depois parte da massa baratífera escorrendo-me, viscosa, da palma da mão.
. . . . . . .
Assim era a África, cheia de animais terríveis e assustadores...
Marques Correia: Sim, também me lembro disso...
Olha, dêem-me cobras e ratos, urubus, hienas e lobos. Bichos decentes! Mas insectos não, por favor, e baratas nunca!
Hélas!
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