terça-feira, 28 de abril de 2009

Teoria da conspiração


Há um tipo com um projecto qualquer (pode ser construir uma casa, pode ser montar um negócio, pode ser qualquer coisa que tenha princípio, meio e fim). O projecto não é simples mas também não é nada de fantástico.

O tipo, que até tem alguma experiência no ramo, planeia a coisa, previne os contratempos habituais neste tipo de projecto, fala com todos os envolvidos para garantir que o pessoal está todo de acordo com o que precisa de ser feito, enfim, o normal das boas práticas.

Mas o projecto não corre bem. As coisas mais simples não se desenrolam conforme o previsto e aparecem maus imprevistos a torto e a direito. Há enganos, com más consequências, há pequenos incumprimentos deste e daquele.

O tipo, que mantêm o desenrolar das acções sob estreito controlo, aplica medidas, volta a conversar com todos, altera processos, busca ajuda, enfim, utiliza toda a sua experiência para controlar a derrapagem e devolver ao projecto um desenvolvimento normal.

Não consegue. Continuam a ocorrer, dia a dia, pequenas contrariedades que, apesar de diferentes umas das outras e não especialmente graves, vão-se acumulando e arrastando o projecto para cada vez mais fundo.

Pergunta: deve o tipo começar à procura de uma entidade desconhecida com objectivos maldosos? Ou a teoria da conspiração nunca faz sentido?

Hélas!

sábado, 25 de abril de 2009

O círculo


Para quem não sabe o que é um círculo, eu explico: é um caminho em que por mais que se ande, não se chega a lado algum. Um círculo pode ter início mas não tem fim - depois de fechado, quem nele anda está condenado a andar por toda a vida sem nunca sair do mesmo sítio.

Eu em tempos pensava que um círculo se podia romper sem violência, com uma acção determinada e consciente, delicada mas definitiva. Parece que não, afinal.

É a terceira vez que tento (dizem que à terceira é de vez, não dizem?) e, tal como das outras vezes, o Universo actua e dou comigo no mesmo podre e familiar trilho.

Ainda não desisti - persistência é o meu nome do meio - mas a próxima tentativa terá de ser violenta e destrutiva. Não sei se sobrevivo inteira mas apodrecer em vida parece-me bem pior.

Hélas!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Uma dúvida tortuosa


Anda-me a moer uma rebuscada questão (se não fosse rebuscada nem seria minha, né?) e que é a seguinte: como se consegue (admitindo que tal é possível, claro) um retrato realista de nós próprios?

A nossa auto-estima é importante mas altamente polarizada, como é óbvio. Também é perfeitamente óbvio que, se estivermos sózinhos no nosso quintal ou, vá lá, acompanhados de crianças, seremos de certeza os maiores da cantareira (neste caso, cantareira = o NOSSO quintal).

Também é certinho como a noite que todos nós olhamos de forma diferente para nós próprios e as nossas questões e para os outros e as questões deles - pode ser exactamente a mesma situação mas é diferente quando somos nós uma das partes interessadas, não é?

Feitas todas as reticências, como diacho conseguimos nós uma fotografia fiável das nossas rugas? E sem um imagem fiável, como raio é que se acerta com o creme anti-rugas?!? Às tantas, estamos a pôr creme onde a pele é suave e lisa e fica seco e destratado, aquele canyon ali mesmo ao pé!

Isto é só coisas que me ralam.

Hélas!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Amigos


Telefonaram-me: era preciso ir almoçar.

Eu não ando com pachorra, ensaiei uma desculpa até muito boa porque verdadeira, "muito trabalho, uma reunião e um relatório para entregar antes das 15:00"... "Não", disseram-me do lado de lá, "Tem paciência mas é preciso, é mesmo necessário. Desculpa lá mais esta chatice, logo agora, mas tem mesmo de ser. É muito importante, tens mesmo de vir".

O que tem de ser tem muita força, de modo que fui almoçar.

Deram-me conversa fiada ao sabor dos meus humores, atenção e muita, muita amizade. Delicadamente. Com elegância. Sem parecer, sequer. Uma lição que tinha de ser.

Cruzei-me com eles pela primeira vez há anos, mal sabia eu o privilégio. Nessa altura, desconhecia por completo o almoço de hoje, juro. Há malta como eu, com muita sorte.

Hélas!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Incompreensão


Há coisas que pura e simplesmente não compreendo. E juro que tento, a sério que sim.

  • Como raio é possível ter direito a qualquer coisa se não existe ninguém com a obrigação de a fornecer?
  • Como é que uma pessoa pode pensar que uma máquina vulgar, como um carro ou uma fotocopiadora, "tem personalidade"?
  • Como diacho se consegue pensar que a bondade e a justiça são compatíveis ou, pior ainda, são a mesma coisa?
  • Como é que uma pessoa de QI normal pode julgar possível que a Humanidade "aprenda" a não utilizar o saber que lhe demorou séculos a adquirir?
  • Como...

Chega. Daqui a bocado estou a escrever sózinha a Wikipédia do des-saber. Ora batatas!

Hélas!

sábado, 11 de abril de 2009

Cegarrega


Não quero o luar
de luz fugidia
Quero brincar
à luz do dia.

Quero alegrias,
Não quero tristezas,
Quero que rias
De tristes certezas.

Não quero sonhar
a Vida impossível
Quero é gozar
c'o medo terrível.

Não quero saber
Da luz das velas
Quero é viver
Com as sequelas.

Quero brincar
à luz do dia
Morte e declínio
Mas com ironia.

Hélas!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Idade


Sabem porque é que a partir de certa altura a idade é relevante?

Porque depois de uns anitos, o pessoal dá-se conta que gostaria de fazer isto ou aquilo e não pode - mas poderia se tivesse menos 15 ou 20 anos.

O que é irrelevante é o facto de que quando se tinha menos 15 ou 20 anos não era isso o que se queria fazer.

O inconsciente é um gajo tramado, com muitos anos a virar frangos. Come-nos a todos ao pequeno-almoço e ainda pede sobremesa. O safado!

Hélas!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Aniversário


Por muitas e variadas razões, este é diferente.

Caramba, que depois de tantos anos de vida, julguei que já não tinha direito a estreias... Afinal parece que sim, que ironia.

Hélas!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Há dias...


De manhã tive uma notícia inesperadamente má. Fiquei desapontada.

De tarde, tive uma outra que era bem pior do que o que eu esperava. Desmoralizou-me.

À noite tive uma discussão estéril com alguém que me acusava injustamente e quando me defendi - algo irritada, confesso - a pessoa ficou tão triste e desamparada que me apeteceu morder a língua.

Ora batatas! Quando é que raio chega o Ano Novo?!?

Hélas!

domingo, 5 de abril de 2009

Quem conta um conto acrescenta um ponto


Para ilustrar o título, cá vai: divide-se um grupo em 2; ao primeiro, conta-se uma história simples, do tipo "a menina vestiu a saia vermelha e calçou os sapatos castanhos, saiu à rua a correr, escorregou e caiu.
Levantou-se, viu que tinha o joelho todo esfolado e começou a chorar; foi a coxear pelo passeio, e patatá, patatá...". Uma história simples mas comprida, recheada de pormenores concretos (a saia vermelha, os sapatos castanhos) e recheada de pormenores indefinidos (porque é que corria, estaria atrasada ou simplesmente lhe apetecia correr? Escorregou em quê?).

A seguir, pede-se a cada pessoa que conte a história a um elemento do grupo que não ouviu a versão inicial. Depois, pede-se a estes que a escrevam num papel. Finalmente, reune-se toda a gente na mesma sala e lêem-se as versões escritas.

Nunca fiz pessoalmente a experiência mas já li em diferentes locais os resultados e são absolutamente espantosos, em várias vertentes:

  • As histórias são todas diferentes entre si e diferentes do original;
  • Ninguém sabe onde nasceram os erros, se da pessoa que ouviu a primeira versão se da pessoa que ouviu a segunda versão - mas ambas estão convencidas que foi o outro que se enganou;
  • Se se voltar a fazer a mesma experiência com as mesmas pessoas e uma história diferente, o resultado repete-se.
Não acham que as pessoas são fascinantes?

Hélas!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

1 de Abril


Hoje é dia de mentiras e voilá! Eu até gosto de tradições inocentes...

Tive uma epifania: A vida é simples mas as pessoas são complicadas.

Gostaram? Bom, tenham paciência mas para o ano há mais.

Hélas!