quinta-feira, 30 de julho de 2009

Simplicidade


Às vezes invejo os simples de espírito - parece-me tão mais fácil ser feliz quando se é simples de espírito (mas também deve ser mais fácil ser infeliz, embora isso neste momento não me interesse nada).

Outras vezes invejo os simplesmente simples. Também deve ser mais fácil ser feliz, quando se é simples (mas também deve ser mais fácil ser infeliz, embora isso neste momento também não me interesse nada).

Ainda outras vezes - menos, naturalmente - invejo a pessoa que seria, se fosse como algumas pessoas dizem que sou: um parafuso com roscas a mais, uma complicadinha dos pirolitos (são uma cambada, os alguns, ah! pois são!).

Pensando nisto hoje, chego à conclusão que sou, muito simplesmente, invejosa.

Que chatice, sempre detestei invejosos.

Hélas!

sábado, 25 de julho de 2009

O outro bem sabia


Há dias em que desejamos não sermos nós. Como é que dizia o outro? "Que grande felicidade não ser eu!", era uma coisa assim.

Quando o peso da carga parte as costas, o facto de termos sido nós próprios a por o saco aos ombros é avassalador. Não se vislumbrar uma alternativa decente é apenas a cereja em cima do bolo.

Dizem que o que não tem remédio, remediado está; mas é mentira, acreditem.

Hélas!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Piloto automático


Ia escrever sobre uma coisa muito interessante que, aliada a estranhos hábitos humanos, ainda ficava mais interessante. Daquelas coisas que nos passam pela cabeça à noite quando, já quase a dormir, pensamos na Vida. Na nossa e na dos Outros.

Lembrei-me disso anteontem mas depois meteu-se não sei o quê. E lembrei-me ontem mas intrometeu-se a caça às bruxas. Hoje estou para aqui parva, a tentar lembrar-me do que era assim tão interessante... E não me aparece nada na carola.

Cada vez percebo melhor os robots e devo confessar que isso me rala um bocadito.

Hélas!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Pensamento


Pensem nisto e digam-me qualquer coisa se vos apetecer e se não houver uma festança divertida no horário.

Porque é que o homem dá sistematicamente mais importância à perseguição do supostamente culpado que à resolução do problema existente?

E não me digam que é para evitar repetições de erros passados, porque nisso não acredito eu.

Hélas!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Sonho com sono


Sonhei que o Obama morria de acidente e acordei sobressaltada.

Nunca tinha sonhado com um presidente - estrangeiro ou nacional. Nunca tinha sonhado com a morte de um desconhecido e eu não conheço o homem de lado nenhum. Não foi um pesadelo mas acordei sobressaltada.

Só me faltava agora, depois de velha, andar a sonhar com coisas que me acordam. Qualquer dia acordo com o sonho de uma noite de verão.

Bom, pensando bem, isso até era fixe, não era?

Hélas!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O sentido da prosa


Hoje não é dia de poesia.

O vizinho de cima sorri, escarninho - É dia de prosa com sentido - diz ele e vai-se embora, deixando-me sozinha a contas com o sentido da prosa.

E agora, Adalberto?!? Que hei-de eu dizer em prosa aos meus pares, que valha o tempo que gastam a ler?? Guerra, política, Nietzsche, roubos, spam, moral... Batatas, isto são tudo lugares comuns, gastos como os degraus da igreja velha.

E ainda dizem que difícil é ter um filho. Caraças, foi muito mais fácil, ele tinha de nascer e nasceu, ficou feito e prontes, não há cá confusão nenhuma.

Agora prosa... E com sentido, ainda por cima?!?
Estão a brincar com a tropa - um dia destes arrependem-se.

Ora batatas.

Hélas!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Contra-relógio


O sono é muito e as horas são poucas.

Dão-se alvíssaras a quem conseguir colocar 3 horas de sono em 1 de relógio - podiam cooperar, em vez de estrebuchar, caramba!

Qual modelo de negócio, qual carapuça! Isto sim, era inovação com dentes.

Hélas!

terça-feira, 14 de julho de 2009

A vida continua


É um cliché.

E é a realidade. Uma calamidade, um terramoto, maremoto ou whatever depressa são engolidos pelas necessidades dos vivos, porque os mortos estão para além disso, não necessitam de nada na nossa dimensão.

De certa forma, é triste - parece que os mortos não fazem falta, o que todos sabemos que não é verdade.
De outro ponto de vista, é um hino fantástico à Esperança - seja o que for que se passar, a humanidade continua a bulir - mesmo a humanidade tão próxima que deixa de ser humanidade para ser simplesmente irmão, mãe, pai, amigo, tio, entidades concretas.
De um terceiro ponto de vista (?!?), não há qualquer relação entre as coisas; são assuntos disjuntos e é tolo meter os dois no mesmo raciocínio.

Haverá mais, certamente, muito mais. Amanhã pensarei sobre isso.


Hélas!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Hoje


Hoje, há uma jovem que chora.

Sei que ontem houve muitas, hoje muitas há e amanhã mais haverá - mas não me interessa, egoísta na minha triste natureza humana - hoje, há uma jovem alegre que eu conheço e que chora.

O desespero da impotência, conheço-o bem; também conheço bem o medo profundo, oleoso, peganhento e traiçoeiro. Mas não conheço a dor funda e irreparável da perda dela. Apenas posso imaginar, confortavelmente longe da realidade.

Ela chora, hoje. Amanhã não chorará porque o físico é fraco e as lágrimas esgotam-se. Mas o desgosto continuará imenso, arrasador, incalculável.

8 anos, foi-lhe roubado o futuro. Que dizer?!? Menina, eu sei que não vale nada mas o meu coração chora contigo.

Hélas!

domingo, 12 de julho de 2009

Amor é água que corre


Eu não gosto muito de chavões. Ou, se calhar, gosto demasiado.

Normalmente são frases profundas e que merecem meditação mas são usados de forma descuidada e irresponsável, a propósito das coisas mais triviais e sem qualquer rebuço. Isso irrita-me.

Há lá pachorra para ouvir, a propósito duma aula péssima, que "Quem sabe faz, quem não sabe ensina"?!?

Hélas!

sábado, 11 de julho de 2009

Tempos


O sol brilha forte
Hoje não é ontem
E é outra a sorte
Outros que contem
As fugas à morte.



Hélas!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Serralharia


Hoje foi um dia chave.

Não sei ainda é se a fechadura serve.

Hélas!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Parar é morrer


Acreditem, o pior de tudo o que nos pode acontecer é parar.

Quem pára entra imediatamente em estagnação.
Os fungos da resistência à mudança explodem de vida, os neurónios entram rapidamente em inanição, as traças fazem uma festa desenfreada abrindo buracos no espírito, tudo se torna enormemente complicado, trabalhoso e sem interesse, a rotina, o sofá, a TV e o PC ganham o estatuto fantástico de necessidades de primeira ordem.

E arrancar, depois de parado? Estão a brincar?!? A inércia é incalculável. Os fungos demonstram uma estranha vitalidade vegetal, abafando o movimento. As traças abocanham os neurónios inertes, o sofá aparece em sonhos declamando I have a dream and you can have it too, just seat on me and think about it. Boo!, o PC sussurra "Anda cá, tenho o mundo que queres à tua espera" e a vontade fraqueja.

O esforço é hercúleo; a curiosidade, comida pelas traças, prima pela ausência. A necessidade não se revela e é tudo baseado nuns vagos conceitos de que "não se pode estar 20 anos a ver TV sem sentido" e "daqui a nada estou uma couve de Bruxelas num sofá plantada". O pior é que sabemos bem que sim, pode-se viver de TV. E nunca ninguém ouviu falar de couves de Bruxelas infelizes.
E embora um neurónio moribundinho tenha ainda a resistência suficiente para gritar "NÃO!", a verdade é que as pernas já não lhe obedecem.

Então quando as contingências da vida estão contra nós, é dramático. Se bem que toda a gente sabe que as contingências da vida são a melhor desculpa do mundo.

Enfim... Um dia disseram-me que o que conta é tentar. Eu não perguntei para que conta é que isso contava, tive receio da resposta. Mas há-de ser para alguma...

Hélas!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Pois é...


Conhecem alguém que vos encha as medidas de forma completa? Não falo de amores, que o coração tem razões que a razão desconhece e que para aqui também não são chamados
Falo de outra coisa: uma pessoa, viva e ainda capaz de vos desapontar, a quem se admira como expoente daquilo que se deseja ser.

Conhecem alguém - vivo - que seja um modelo? Com quem aspirem a parecer-se? Alguém que admirem de tal forma que não vos custava nada dobrar o joelho em público?

Eu também não. Acho que é por isso que se diz que vivemos uma crise de valores.

Hélas!

domingo, 5 de julho de 2009

Fuga


Gostava de fugir para uma ilha paradisíaca do Pacífico e ficar por lá uns anos, a viver do sol e da boa disposição.

O problema é que teria de trazer comigo uma data de gente que não tem qualquer interesse em ilhas atrás do sol posto.

Isto é só coisas que me ralam.

Hélas!

sábado, 4 de julho de 2009

Janica


A Joãozinha vai renunciar à nacionalidade portuguesa? Fantástico.

Está farta, diz ela. Sim, digo eu, isto de não se ser tratado como mba na nossa casa farta uma pessoa, principalmente uma pessoa que toca bem, o que devia ser certificado suficiente para gerir uns tostões de dinheiro alheio - não há direito.

Aliás, costuma ser por isso que os jovens saem de casa dos pais: querem ser tratados como senhores da casa, não como filhos - o facto de receberem mesada é irrelevante para o caso. É verdade que normalmente não renegam os pais mas já tem havido casos.

Boa sorte, Janica. Um conselho de ex-compatriota: fica-te pelo Chopin e não te ponhas com mbas em Jericoacoara. Senão ainda tens de renegar os pais adoptivos, ficavas orfã, era uma chatice.

Hélas!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Vejo => penso => sinto => quero => desejo


Entre outras coisas, no tal curso de soft skills ensinaram-nos que a mais produtiva forma de refilar - ou falar do tempo - é ser assertivo (palavrão muito na moda e que quer mais ou menos dizer falar com controlo + verdade + objectividade + emoção - agressividade. O palavrão justifica-se, portanto, é muito mais económico).

A ideia geral do discurso é: primeiro o retrato objectivo da realidade, depois a interpretação desse retrato e depois a verbalização das emoções suscitadas pela interpretação; no segundo passo, informa-se o outro da acção concreta que desejamos e por fim explicam-se os objectivos que julgamos conseguir com essa acção concreta.

Ocorreu-me na altura que deve ser até divertido: imaginem só a reacção assertiva perante um assalto à mão armada. O assaltado, muito controlado, diz com voz firme para o ladrão, antes mesmo deste abrir a boca:

- Vejo que tem uma pistola na mão e penso que me quer assaltar; sinto-me ao mesmo tempo assustado e indignado. Quero que meta outra vez a pistola no bolso e se vá embora, pois não pretendo ficar sem qualquer das coisas que trago comigo.

Isto segue a regra da forma mais académica. E se calhar, o assaltante ficava tão espantado e desconfiado que dava resultado.

Hélas!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

言語日本語


Ocorreu-me uma experiência: em 24 horas, quantos visitas virão do Japão, se o título for em Japonês?

É relativamente científica, visto que nunca tenho visitas do país do sol nascente. E se correr mal, posso sempre dizer mal do tradutor automático... Que terá traduzido uma frase simples para qualquer coisa inominável.

Hélas!

Malandros!


Uma vez mandaram-me com todo o charme, às urtigas. Disseram-me claramente que me deixasse destas filosofias sob pena de passar a vida toda a buscar causas e mais causas até à origem da criação de vida... Se não me perdesse por tão ínvio caminho.

Ela tem carradas de razão, claro. Aliás, estou farta de passar o conselho a outros, a prova provada de que acho que é realmente um bom conselho!

É uma pena que não lhe tenha ligado nenhuma. Também é pena que, com a fomeca, ter comido o pão todo sem me lembrar que era conveniente deixar umas migalhas para saber como volto para casa.

Por consequência, agora estou aqui. Sem fazer a mais pálida idéia onde é o aqui, só me ocorre que é indecente não haver cobertura mental e não poder chamar o 112 por telepatia (chama-se o 112 para qualquer aflição, não é?).

No meio desta infelicidade e porque eu sou eu, desculpem lá mas tenho mesmo de me queixar: como não pode de forma alguma ser minha - eu nunca, nunca eu! - a culpa disto tudo é daqueles malandros (os gajos que não são eu).

Hélas!