quarta-feira, 21 de maio de 2008

Palavrões

Não gosto. Conheço muitos, que a idade não perdoa, até uso alguns, de vez em quando, se a paciência anda envergonhada e o mau génio faz das suas... Mas não gosto, que querem? Não gosto mesmo.

Andamos nós a inventar palavras, gramáticas e dicionários há tantos anos, escrevemos tratados de filosofia, contos infantis e contratos internacionais, obrigamos os putos a ir à escola cada vez mais anos e depois deita-se toda essa arte fora?!?

Não - tudo se pode dizer, a toda a gente, com elegância e galhardia. Pode-se mandar à #%&$#! o Senhor Embaixador com suavidade e graça. Pode-se explicar ao CEO, como ao vizinho, e de forma a que ambos percebam bem o que dizemos, que não passam de umas *&%#$ quadradas, sem que nem eles nem as mulheres se sintam ofendidos com a linguagem. Talvez com os insultos, mas não com a linguagem.

É preciso conhecimento da língua, claro. E sangue frio, e arte. Mas deixem que vos diga, é outro nível, muito superior. E está ao alcance de quem quiser, ou melhor, de quem quiser e puder ler uma enciclopédia, o que até nem é difícil hoje em dia.

Hélas!

4 comentários:

Fátima Santos disse...

imagina que eu concordo contigo...mas que queres está-me na massa...ultrapassa-me :) (e dá-me gozo afinfar-lhe com um seu ...##==%%;**`sua :::::###"""???que gozo me dá!!!

rsss agora ouvem-se falas no teu blog?!!!!!!!!!!!!!

mac disse...

mcorreia: Há gostos para tudo e eu até já perorei sobre o meu gosto por essa diversidade...

Apesar de acreditar que se pode - será que se deve? - educar o gosto.

Hélas!

Marques Correia disse...

Os palavrões servem para várias coisas, nomeadamente para praguejar e para insultar.

Praguejar é bom, faz bem à cabeça! Conseguem imaginar um tipo a martelar um dedo e, em vez de descarregar a adrenalina (ou whatever) com sonoros (ou contidos) palavrões, conseguem imaginar o tipo a dizer:
- Apre, que já me magoei!!!
Só mesmo um tipo sem tripa, nem fibra, nem nada.

Por outro lado, os palavrões são muito úteis para insultar. Se um tipo execrável nos fez uma desfeita daquelas, como é que poderíamos dizer (ou escrever, ou resmungar - para evitar o face a face):
- Mas que grandecíssimo malandro! Não se faz uma coisa daquelas, santíssimo sacramento!!!
Uma enxurrada de sonoros insultos, ao dito, à mãe dele e a toda a família é muito mais terapéutico que várias sessões com profissionais do ramo.
. . . . .
O perigo dos insultos é mesmo quando o insultado está presente. Ele pode não gostar, ser um gajo sem sentido de humor e ter derivas violentas. Por isso, é bom esperar que ele dê de frosques para nos dedicarmos à delicada arte do insulto...

mac disse...

Marques Correia: Ná, essa não me convence.

Eu também os uso quando a pontaria é fraca e o martelo escorrega, mas se não os conhecesse não os usava e isso não tinha qualquer influência na fibra que tenho ou deixo de ter!

Quantos aos insultos, é de facto muito mais fácil palavronar o energúmeno, mais a mãe, as irmãs, primas e restante família (com especial incidência nas fêmeas, porque será?...) mas é muito mais elegante informar o indivíduo que afinal as azémolas não estão em risco de extinção. Claro que o bicho pode levar a mal a sua própria ignorância – nem sabe bem o que quer dizer azémola mas suspeita com razão que não deve ser bom – e haver represálias à sua medida básica. Mas por outro lado, é muito mais gratificante ver a sua cara confundida...

Hélas!