terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Espanto


Já repararam que os dias são englobantes, enquanto as horas são pontuais?
A malta pergunta ao tipo do lado: "que dia é hoje?"
E o gajo responde (se for bem educado, claro. Se não manda-nos a um sítio onde não queremos ir mas adiante...):

- 29 de Dezembro.

A resposta é a mesma, quer sejam 10:00, 15:00 ou 23:00. Qualquer hora entre as 0:00 e as 23:59:59 tem a mesma resposta - depois disso há uns engraçadinhos que acham graça à exactidão.
Mas experimentem logo de seguida perguntar também as horas (até porque o tipo é bem educado e responde):

- São 3 e meia.

E pronto.

É o mesmo dia das 0:00 às 23:59, mas a hora varia muito dentro dela própria. Só é bem definida enquanto o ponteiro dos minutos está entre as 12:00 e as 12:03. Depois disso, é à vontade do respondedor:

- São dez e dez (10:09)
- Já passa das 10 e um quarto (10:16)
- São quase 10 e meia (10:26)

E por aí adiante. Ao Dia dão tudo mas à Hora nem um bocadinho lhe dão de borla, começam logo a cobrar...

Hélas!

domingo, 27 de dezembro de 2009

Fingimentos


Aguiar-Branco acusou o primeiro-ministro de “fingir que vive num país que não é o nosso”. Ora batatas, então queria que fingisse que vive no nosso país? O homem ainda apanhava uma depressão.

Se querem um presente original ofereçam um bacio; agora uma depressão, isso não se faz. Talvez pelo aniversário, mas pelo Natal?!? Francamente, há malta com muito pouco respeito pelo Natal.

Isto é só coisas que me ralam.

Hélas!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Liberdade


Sempre foi o meu bem mais precioso; mas às vezes temos de ofertar o que nos é mais precioso.

Pasmo com a minha sorte.

Partilhando o Tempo com outros, esta decisão é difícil pois o que damos a uns sonegamos a outros, quiçá mais merecedores... Mas nunca esta falta me foi cobrada, antes pelo contrário - sou frequentemente ajudada nas prestações diárias.

Há malta com sorte, não há?!?

Hélas!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Compreensão


Como toda a gente, há coisas que percebo e coisas que não percebo.

Uma das coisas que percebo perfeitamente é quando alguém muito pacífico corta às fatias fininhas, ao mesmo tempo que insulta lentamente o seu legítimo dono, a besta que magoou o filho/sobrinho/neto/pai/mãe/marido/mulher/whatever, um ser amado.
Eu acho mal, claro - sou pacifista! Mas a verdade é que percebo lindamente e não respondo por mim se estiver na mesma situação...

Depois há as coisas que não percebo. Quem fica a relembrar velhos agravos, quem deixa em brandíssimo lume antigas zangas, quem guarda com zelo tristezas de infância... E eu também as tenho, quem é que não as tem?! Mas guardá-las assim, defendermo-nos atrás desses cadáveres velhos, esconder as nossas fraquezas debaixo dessa capa podre?
Estou pior que o leão: antes a morte que tal sorte.

E com isto, meus amigos, chego à minha conclusão: só olhamos com benevolência, só compreendemos de verdade, os defeitos de que também padecemos.

Que palermas somos!

Hélas!

domingo, 20 de dezembro de 2009

Cansaço


Estou de férias desde 4ª feira.

Os pirulitos andam a mil. O peso nos pés, pernas, braços, pescoço, cabeça e ombros é tal que não me parece haver forma de descansar.
Assim de repente, só me ocorre umas férias de 4 meses num resort mexicano, com o meu parceiro de vida e sem qualquer instrumento tecnológico de proximidade, para me aliviar o cansaço.

Ou isso ou uma Revelação mística daquelas que nos faz esquecer o Passado por completo e ficar a viver permanentemente na ânsia do Porvir...

Nem uma nem outra são minimamente prováveis, batatas. Estou mesmo condenada ao cansaço.

Hélas!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Aniversário


Este ano de 2009 também para ti foi aziago, eu sei.

Mas o Amor está presente, prontes, manifesta-se todos os dias que eu bem o vejo nos pequenos ques e ses. O que isso me aquece o coração reflecte-se imediatamente no casaco que já não preciso de vestir. Pode nem mais ninguém ver mas eu sinto-o bem, no peso que não tenho.

Sobreviveste ao ano aziago mantendo incólume o melhor da tua natureza ao mesmo tempo que questionavas o pior e batalhavas para o alterar, sem culpares ninguém, sem tentares transferir o peso, sem arranjares desculpas.

Sendo teus os actos, sinto-me tão orgulhosa como se foram meus.

Um beijo para ti, meu caro. Cheio de amor e discreto.

Hélas!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

É Natal...


Muito triste com o facto, tenho de confessar que nunca vi como o Natal para acender intensos os traços mais básicos e bestiais da humanidade.

Nisto como outras coisas, tento borrifar-me para o assunto. O que interessa é o que se é, hoje e agora, neste Natal de 2009.
Não tem qualquer relevância - desculpas de coitadinho, na verdade - o que se poderia ser se a mãezinha não fumasse, o paizinho não andasse atrás de pin-ups, os irmãos não fossem umas bestas, os tios, primos e afins uma gente que nunca nos ligou nenhuma e nós coitados, uns heróis desconhecidos que só por os outros serem umas bestas é que não somos aclamados como Heróis da Cantareira...

Não me interessa: aqui e agora, o que serás tu (eu) capaz de fazer por alguém que não tu (eu) próprio, mereça ou não na tua (minha) paupérrima escala de valores, apenas e só porque é Natal, a festa do amor à borla?!?

Ai de mi...

Hélas!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Que raio de coisa!


Isto já me começa a irritar.

Há alguém que saiba onde se pode comprar em Lisboa um pinheirinho natural, coisa para pouco mais de 1 m, de preferência oriundo da limpeza de Monsanto ou qualquer outra mata charmosa?!?

Eu tenho uma embirração invencível aos de plástico (não tenho culpa nenhuma, deve ser trauma de infância) e não posso usar isso no Natal.

Agora só me aparecem umas coisas a que chamam pinheiros mas não são - são umas árvores anoréticas com uns paus espetados a que chamam ramos e que podem ser belas numa floresta nórdica mas não têm nada a ver com o meu Natal.

Queeeeeeeeeeeero um pinheiriiiiiiiiiiiiiiiinho!

Hélas!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Espanto


Jovem, espectante,
Certa de que viria
O amanhã brilhante
Da vida que sorria.

O tempo passa, morno,
Ela crente e parada,
Sem alegria ou adorno
Nem dá pela cilada.

Já velha e desdentada,
Continua à espera
Não se apercebe coitada
Que é cega à primavera.

Repousa agora espantada.

Hélas!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Desculpem, mas...


Estou tão cansada!

Há dias em que verifico que já disse tudo, daqui para a frente são só repetições. E não há nada tão chato como fotos velhas...

Caramba, ao menos podia encontrar parábolas novas mesmo que a lição a tirar fosse a mesma.

Tenho mesmo de voltar para a escola - é essencial ter gente que retruque "e porquê?!?" quando a malta perora, é essencial ter gente que olhe para nós espantada, quando perguntamos "e isso que é?..."

Hélas!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Filosofias


O gatito olhou para mim com ar interrogativo. Eu respondi-lhe:

- Desculpa, não sei.

Será que se soubesse seria mais feliz? Duvido, o que nos faz felizes não é a sabedoria que aliás, nesse capítulo, só desajuda.

Pensando bem se calhar até ajudei o bicho, mantendo-o na ignorância. Olha que bom!

Pena é que o meu egoísmo não me deixe fazer o mesmo com todas as coisas que sei e as pessoas que, às vezes, nem mo perguntam...

Hélas!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Publicidade enganosa


Durante anos e anos venderam-me a ideia de que à medida que o tempo passa por nós precisamos de dormir menos. Aqui a totó de serviço comprou a coisa; e ficou à espera da tal idade em que já não é necessário dormir tanto.

Mas sabem? Acho que era publicidade enganosa. Estou à espera há anos e tenho tanto sono como antes.

Rais parta o marketing .

Hélas!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Discussões


Ora bem, hoje voltei a ter uma grande discussão com o meu vizinho do cimo das escadas.

Diz-me ele (vejam bem o contra-senso!) que eu devia confiar mais no meu primeiro instinto.
Claro que eu respondi que a Razão pode não ser imediata pois muitas vezes é atropelada pelos sentimentos, crianças mal-educadas e sem maneiras mas com uma vitalidade e força imbatíveis; apesar disso, a Razão é sempre mais... razoável. Realista. Sensata. Ponderada. Construtiva. Confiável. E sim, Humana.

Não é que aquela aventesma olha para mim e desata a rir-se? E entre as gargalhadas me chama nomes, tipo xoné, marciana e ingénua?...

Mas vocês não acham isto um desaforo?!? Afinal é ele que mora no piso de cima, devia desancar-me com a superioridade da caixa craniana enquanto eu me encolhia a murmurar a delicada subtileza das razões sentimentais de um coração sensível...

Ainda por cima... Ingénua, eu? Acho que até fiquei vermelha da fúria, as tais crianças impetuosas a quererem sair pela boca fora e eu a tapar a dita com a mão para dar tempo à Razão de se impor... Escusado será dizer que ver o gajo agarrado à barriga e a chorar de rir, não ajudava nada; a Razão, não sei porquê, é um bocado tímida face ao riso desalmado.

Ri-se sempre de mim, aquele mafarrico.
Mas um dia hei-de rir eu dele, olá se hei-de! Nem que seja em outra encarnação.

Hélas!