Quem me conhece sabe a minha opinião. Não é contra o futebol em si - um desporto como qualquer outro, não jogo mas também não lhe tenho rancor, tal como o ténis ou o golfe... Não, o que tenho é contra o que tantas vezes acompanha o futebol - o clubismo, o sectarismo, o amor e o sofrer que deviamos guardar preciosos para quem nos é importante e que se dá sem olhar para trás a uns quantos marmanjos em calções que correm num relvado, a quem não se conhece mas por quem se tem sentimentos (como diabo se tem sentimentos por quem nem se conhece?!? Mas existem, ah! Existem mesmo e são fortes.)
Sim, não gosto do que o futebol tantas vezes representa. Um sentimento de pertença a quem nem sabe quem somos mas que joga com a nossa existência (os números são uma coisa poderosa). Um amor sem amado. Uma lealdade a uma tribo arbitrária (sim, eu não gosto de tribos, nem clubes, nem bairrismos, nem academias. Mesmo quando não são arbitrárias).
Mas tenho de lhe reconhecer uma coisa, tenho mesmo, a bem da minha integridade mental: preenche muito bem os silêncios difíceis.
Fui a um almoço importante. Queríamos, de forma simbólica, agradecer a alguém o nosso próprio sucesso. Queríamos que esse alguém soubesse que, mesmo que mais ninguém o fizesse, nós tinhamos consciência de que o seu trabalho tinha sido uma parte relevante do que nós tínhamos conseguido. O almoço era uma forma simples e despretenciosa de agradecer esse contributo.
A conversa do almoço foi futebol. Interessante para (quase) toda a gente, inócuo para a questão em palco, eficaz não-vazio no expressar de sentimentos importantes. Eu alinhei, claro - não tenho jeito para dizer a alguém que é, realmente e de facto, importante. Que as coisas não seriam tão boas para nós sem a sua maneira de ser, de estar, de trabalhar.
Já disse aqui? Eu não tenho jeito absolutamente nenhum para dizer "obrigada", quando de facto me sinto obrigada (totalmente diferente do "obrigada" social a quem nos serve uma bica que nós pagamos). Quanto mais real o sentimento, mais pareço uma mentecapta atrasada mental. Além de estranho e contrastante, é mais ou menos tão desconfortável como me sinto quando o digo a alguém (não quando o sinto).
Justiça me seja feita: durante o brinde, consegui sintonizar toda a gente, eu incluída: toda a malta queria fugir dali a 7 pés, desaparecer, sair daquela situação tão incómoda de tão desastradamente referida, meter-se num miraculoso buraco debaixo da mesa, tudo menos estar ali a assistir a tão desajeitado e constrangedor balbuciar... Para o resto do almoço, valeu o futebol, abençoado seja, nunca mais digo nada contra tão nobre desporto.
Mas é arte, este sintonizar de sentimentos entre gente tão diferente, não acham? Não é para todos, decididamente, colocar 5 ou 6 caramelos a sentir exactamente o mesmo que eu, em determinado instante. Olhem, sem falsas modéstias, sou uma artista de muito talento, neste domínio - não é menos verdade lá por ser só fugir desalmadamente o sentimento de que sou capaz de provocar. E mai' nada.
Hélas!
Sim, não gosto do que o futebol tantas vezes representa. Um sentimento de pertença a quem nem sabe quem somos mas que joga com a nossa existência (os números são uma coisa poderosa). Um amor sem amado. Uma lealdade a uma tribo arbitrária (sim, eu não gosto de tribos, nem clubes, nem bairrismos, nem academias. Mesmo quando não são arbitrárias).
Mas tenho de lhe reconhecer uma coisa, tenho mesmo, a bem da minha integridade mental: preenche muito bem os silêncios difíceis.
Fui a um almoço importante. Queríamos, de forma simbólica, agradecer a alguém o nosso próprio sucesso. Queríamos que esse alguém soubesse que, mesmo que mais ninguém o fizesse, nós tinhamos consciência de que o seu trabalho tinha sido uma parte relevante do que nós tínhamos conseguido. O almoço era uma forma simples e despretenciosa de agradecer esse contributo.
A conversa do almoço foi futebol. Interessante para (quase) toda a gente, inócuo para a questão em palco, eficaz não-vazio no expressar de sentimentos importantes. Eu alinhei, claro - não tenho jeito para dizer a alguém que é, realmente e de facto, importante. Que as coisas não seriam tão boas para nós sem a sua maneira de ser, de estar, de trabalhar.
Já disse aqui? Eu não tenho jeito absolutamente nenhum para dizer "obrigada", quando de facto me sinto obrigada (totalmente diferente do "obrigada" social a quem nos serve uma bica que nós pagamos). Quanto mais real o sentimento, mais pareço uma mentecapta atrasada mental. Além de estranho e contrastante, é mais ou menos tão desconfortável como me sinto quando o digo a alguém (não quando o sinto).
Justiça me seja feita: durante o brinde, consegui sintonizar toda a gente, eu incluída: toda a malta queria fugir dali a 7 pés, desaparecer, sair daquela situação tão incómoda de tão desastradamente referida, meter-se num miraculoso buraco debaixo da mesa, tudo menos estar ali a assistir a tão desajeitado e constrangedor balbuciar... Para o resto do almoço, valeu o futebol, abençoado seja, nunca mais digo nada contra tão nobre desporto.
Mas é arte, este sintonizar de sentimentos entre gente tão diferente, não acham? Não é para todos, decididamente, colocar 5 ou 6 caramelos a sentir exactamente o mesmo que eu, em determinado instante. Olhem, sem falsas modéstias, sou uma artista de muito talento, neste domínio - não é menos verdade lá por ser só fugir desalmadamente o sentimento de que sou capaz de provocar. E mai' nada.
Hélas!
2 comentários:
Eu estive de certeza noutro almoço, diferente do que descreves.
FC: Estiveste lá, que eu bem te vi... Até salvaste, com a habitual elegância low profile alguns gaguejares!
Quer dizer... Afinal nem essa arte eu domino?
Ora batatas! Eu tão convencida, e afinal...
Hélas!
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