quarta-feira, 30 de julho de 2008

Electricista

Chamei o electricista. Ele veio. Cheirou, olhou e mediu (e na minha opinião de leiga, não olhou para tudo e não mediu como devia nem tudo o que devia mas vocês já me conhecem: acho sempre que se poderia ter feito melhor) de sobrancelha franzida e perorou:

- Sabe, o problema é que o consumo é superior à capacidade instalada... (olha a grande novidade) e se isto continua assim, ainda se queimam os fios (outra novidade espantástica, este tipo é impagável).

- Quanto tempo durará esta situação?

- Algum tempo, sim, algum tempo. O consumo é uma coisa tramada.

E pronto.

Eu sou uma rapariga prudente, portanto o shut down aqui vai manter-se por mais uns dias. É uma das medidas de redução de consumo, desculpem mas tem de ser..

Hélas!

domingo, 27 de julho de 2008

Acidente

Como perceberam ou não, entrei em curto-circuito e consequente shut down, como mandam as normas de segurança.

Certamente que haverá novas após a visita do electricista. Quando eu o chamar e ele vier e se entretanto a questão não for para o beleléu.

Hélas!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Automobilismo

Que se faz a um carro que entrou em derrapagem e que, apesar de ainda obedecer ligeiramente ao virar de volante, se encontra já em franco descontrolo?

Eu digo-vos: pára-se o bicho antes de atropelar alguém, mesmo que isso signifique atirar com ele contra uma árvore.

Tanto pior para o relógio que continua a contar minutos e o bate-chapas que conta em €uros: antes fora de prazo e endividado que preso por atropelamento.

Hélas!

Maldição

Mata! Mata! Mata! Esfola! Esfola! Esfola! Pelo menos, dá-lhe uma paulada!

Cada tiro, cada melro; cada cavadela, cada minhoca (ou melhor, cada balde de minhocas).

Bolas! Que há coisas que parecem condenadas à nascença, quase me fazem - uma céptica militante - acreditar nas estrelas (maldosas, claro).

É que - a sério! - estou quase a ir à bruxa em que não acredito. Acho que só não fui ainda porque acho que eu só não chego - devíamos ir todos e somos cá uma matilha, na realidade...

Hélas!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Liberdade

Há alguma coisa estranhamente libertadora, quando pedem a uma pessoa uma coisa impossível.

Enquanto é apenas irrazoável, a pessoas esforça-se, sacrifica-se, refila, dorme pouco e parece um fantasma a chatear tudo e todos, sempre e em todo o lugar; a partir do momento em que reconhece a impossibilidade, há uma abençoada libertação que se instala: não pode ser feito. Mande quem mandar, esforce-se quem se esforçar - apenas não é possível. Ponto.

Porque diabo levamos tanto tempo a bater no tapete e reconhecer a rendição?...

Hélas!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Tempo

A Vida não espera por nós. Ou a vivemos ou não, e de qualquer forma ela passa e vai-se embora, sorrindo.

É como um rio - há sempre água a passar, mas a que já passou não volta para trás, nunca. Ou a provamos ou não, mas sempre para sempre.

Não há segundas oportunidades, só primeiras. As tais "segundas" não são as mesmas, nós não somos os mesmos, nada é o mesmo - são apenas uma primeira oportunidade que é parecida com outra que já vimos passar.

Hélas!

domingo, 20 de julho de 2008

Karoshi

Chega-me aos olhos este fim de semana uma crónica sobre o Japão.

Lembram-se? O país onde estar em greve significa ir trabalhar como sempre mas usar uma fita branca - sinal de protesto por parte do trabalhador, sinal de vergonha para o empregador, tudo sem pôr em causa a produção e a riqueza gerada pelo trabalho (os costumes orientais são estranhos para nós, mas se há coisa que a gente aprendeu e nem sempre da maneira mais pacífica é que a Honra - o conceito é comum embora as suas representações possam não o ser - é MESMO importante para eles. Bastante mais do que para nós, no melhor e no pior que isso tem).

Pois nesse país, reconheceram o fenómeno com uma palavra concreta - karoshi. A situação não é especificamente deles, claro; mas foram eles a identificar, com uma palavra, a situação daqueles que trabalham mais do que é humanamente possível - e portanto morrem. De excesso de trabalho, simplesmente.

O que me chateia é que a reacção de quem lê vai ser de certeza "Olha que mariquinhas! Trabalham um bocado mais e puff!!".

Porque já passei por lá e sobrevivi, porque conheço quem passou por lá e sobreviveu, porque conheci quem não sobreviveu - por favor não digam "Olha que mariquinhas!..."

A situação é séria. Eles reconheceram-na e criaram a palavra mas a situação não é japonesa, é comum ao mundo dito civilizado.

Hélas!

sábado, 19 de julho de 2008

Personal Computer

Dizem que os computadores vieram ajudar a velocidade estonteante em que vivemos hoje em dia - que provoca dores de cabeça, de costas e de pés, entre outras... - á espécie humana.

Dizem que fazem contas triliões de vezes mais depressa que nós; que editam o texto, formatam-no e ao mesmo tempo corrigem a ortografia e a gramática quase sem darmos por nada; que armazenam e recuperam informação em Bases de Dados monstruosas num piscar de olhos; que possibilitam, em segundos, o que antigamente demorava dias ou semanas - eu acredito em tudo isso.

Mas quando ligo o PC e passam 10 min. antes do bicho aceder a cumprir um comando, quando estou com pressa e o Power Point me informa que está not responding, quando a impressora se recusa a cumprir o seu dever básico de imprimir, quando o email me informa educadamente que está offline sem me explicar porquê... Bom, nessas alturas tenho dúvidas.

Ou melhor, tenho pena de não ser possível matar a criatura!

Hélas!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Red Bull

Acho que estou é cansada.

Tenho uma dor de cabeça do tamanho do mundo e os olhos parecem ter vontade própria - e a vontade deles é fecharem-se. Estou cansada de lhes dizer que não, os idiotas parecem surdos.

Os dedos estão fraquinhos do peito e passam a vida a falhar teclas e a clicar ao lado da letra devida - confesso que também estou cansada de os ameaçar que qualquer dia voltam para a Primária.

Da caixa craniana nem vale a pena falar - aparentemente o morador foi de férias e deixou fraco substituto, que funciona pelo último input e cuja cache é simplesmente lamentável. Estou cansada de o ameaçar com processos em tribunal por perdas e danos.

O Murphy espreitou pela porta e riu-se para mim - mas eu estou cansada de o fintar, só lhe deitei a lingua de fora.

Vou ver se consigo passar pelo supermercado e comprar uma beberagem isotónica - mas o que eu precisava mesmo era de anfetaminas.

Hélas!

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Arte

A grande arte da sobrevivência consiste em:

  1. Transmitir qual o grau de profundidade que queremos, nas explicações que pedimos;
  2. Saber qual o grau de profundidade que querem, nas explicações que nos pedem;
  3. Saber qual o grau de ignorância com que vivemos felizes.
O que é muito, muitíssimo, difícil - ora, se a gente não sabe do assunto e não está na cabeça deles, como diabo saberemos o grau de profundidade do que queremos saber, o grau de profundidade do que eles querem saber ou o grau de ignorância com que queremos viver?!?

Btatas, batatas, batatas. A vida é tão complicada.

Hélas!

A filoxera

Hoje, por um momento, passou-me uma filoxera pelos olhos:

- Vou-me embora para casa, quero lá saber, nada disto vale o sacrifício meu e dos meus, nada justifica esta tensão medonha, doida sou eu por tentar responder a solicitações impossíveis em vez de atirar a toalha ao chão, este desesperado esforço não só é insuficiente como será apreciado assim - ineficaz...

Tocou o telefone e do outro lado estava um desorbitado como eu, a tentar segurar só com as suas duas mãos três dúzias e meia de pacotes - ansioso, tenso, rindo infeliz, a dar o seu melhor com a perfeita consciência que nunca será suficiente pois o Rossio é maior que a Betesga. Desistir é pôr mais um pacote na sua pilha, já demasiado grande.

Não esqueci a filoxera, ignorei-a. As árvores também morrem, bem sei, mas morrem de pé.

Hélas

terça-feira, 15 de julho de 2008

As pessoas são boas

Parece uma tontice mas não é. A sério, as pessoas são boas. Claro que todos nós temos defeitos, diferentes graus de paciência e de educação, muito diferentes graus de egoísmo e muitíssimo diferentes valores de tolerância. Mas no panorama geral, as pessoas são boas - se não houver consequências nem para um lado nem para o outro, a esmagadora maioria de nós escolhe o lado certo - mas é isto mesmo que define uma tendência, de outra forma estamos a pesar coisas sem sequer conhecer os pesos envolvidos.

Quando a bondade entra em conflito com o interesse pessoal, pode-se questionar quão boa a pessoa é - mas isso não tira uma vírgula à natureza intrínsecamente boa, apenas a pesa contra outros factores que, naturalmente, nem sequer são os verdadeiros mas sim a forma como os apercebemos.

Apesar de todas as decepções (eu sei que há muitas), apesar de todas as desilusões (também já tive muitas), apesar de todos os desgostos (todos os adultos já tiveram imensos), apesar de nos apetecer por vezes matar o Manel, estrafegar a Maria, retalhar o Jaquim, afogar a Jaquina, enforcar o Zé e cortar às fatias - fininhas! - a Josefa, podem crer no que vos digo: as pessoas são, intrínsecamente, boas. Claro que temos de ter cuidado com elas e não andar de olhos fechados mas isso não vem ao caso: as pessoas são boas. Mas é que são mesmo!

Hélas!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

A carroça não anda

A gente empurra, empurra, empurra a carroça e a carroça não anda. Ou melhor, andar até anda, uns milímetros num percurso de muitos metros...

E a gente esbraveja, irrita-se, deprime-se, refila, e empurra, empurra, empurra a carroça e a carroça não anda.

A malta fica ainda pior, nem dorme, já treslê buracos e pedras onde nem existem, gasta tempo e energia a verificar, reverificar, pede aos companheiros para verificarem as reverificações e empurra, empurra, empurra a carroça e a carroça não anda.

Já meio tresloucados, vesgos, de olhos tortos, a malta volta ao princípio com uma falsa frieza e empurra, empurra, empurra a carroça e a carroça não anda.

Há um mosquito? Mata! Uma pedrinha brilhante? Mata! Uma flor bonita? Mata! Já só se vê a carroça pesada de rodas quadradas - e a gente empurra, empurra, empurra a carroça e a carroça não anda.

Hélas!

domingo, 13 de julho de 2008

O Grande Plano das Coisas

No Grande Plano das Coisas, as pessoas concretas não têm significado. Se pensarmos em termos de Universo, Vida, Humanidade, que importância tem se mato esta formiga ou se, pelo contrário, a recolho cuidadosamente e solto no quintal?

Que importância tem se cumprimento o sr Joaquim ou se passo por ele como por uma pedra? Qual a relevância de ajudar o João numa hora de dificuldade ou de ser gentil com a triste Maria?

Na realidade, qual é a diferença causada pelo que sou (somos) e o que faço (fazemos)?

Zero.

Por muito que nos custe, a relevância da nossa vida e dos nossos actos é praticamente nula. Só existe para os que são directamente afectados e mesmo para esses durante um curto, curtíssimo, espaço de tempo após o qual a acção e as suas circunstâncias se esbatem na memória selectiva que é característica do ser humano.

É bom por um lado - não podemos estragar o mundo, mesmo se quiséssemos. É mau por outro - porque diabo devemos nós alguma vez olhar para algo além dos nossos interesses pessoais?

É este o problema. É esta a dúvida. E acho que é esta a resposta, embora eu não saiba qual é.

Hélas!

sábado, 12 de julho de 2008

Pessoas

Há pessoas que, pura e simplesmente, não têm remédio. São como são e põem-se em certas situações, repetidamente.

É claro que serem como são não significa que nasceram assim (bom, nasceram com as tendências com que nasceram) mas de qualquer forma são assim. Formadas pelas suas experiências, influenciadas nos seus anos de formação pelas forças que existiam na altura, consolidadas pelas decisões que tomaram ao longo da vida, são assim.

Sinceramente, penso que toda a gente é sempre passível de mudança e portanto também estas o são; mas em certa altura do campeonato a sua mudança requer um choque. Nalguns casos e nalgumas circunstâncias e com algumas pessoas, penso que eu poderia fornecer esse choque. Mas... Não, não posso.

Quer dizer, até podia no sentido em que estou na posição de o fazer. Mas para isso teria de dar a mim própria um outro choque - e não creio que me fizesse bem, porque implica ter uma atitude que fria e eticamente não aprovo.

Depois, também há os outros considerandos: Será que o choque dado surtia o efeito desejado? Ou iria destruir outras características, alguma raríssimas e muito boas? Ainda mais importante: quem sou eu afinal, para decidir que alguma pessoa seria melhor se não fosse como é mas sim como eu acho que devia ser num aspecto em particular?

Já viram? Se não faço o que posso fazer, pode ser por simples egoísmo (porque ia fazer-me mal), pode ser por insegurança ou ignorância (será que vai melhorar este problema concreto na pessoa ou vai é piorar a pessoa na sua natureza?).

Mas se faço o que posso fazer, há outros problemas: em que raio de pessoa me estou eu a tornar, com uma acção destas (pelo fruto se conhece a árvore...)? E quem é que me encarregou de decidir que esta ou aquela característica está certa - para além de ser a minha - e a outra está errada?!?

E faça eu o que fizer, será que fiz o que está certo? E fiz pelo motivos correctos?

Batatas. Porque é a vida tão complicada?!?

Hélas!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Verão

Por debaixo das àrvores
corre tranquila a sombra,
fresca, leve, simples.
Dança com a brisa
bailados claro/escuros,
ri-se gentilmente a sombra,
num riso inocente.

Por cima das árvores
o sol fulmina o mundo.
Portentoso. Indiferente.
Não dança. Não baila.
Não ri.

Mas sorri a sombra,
ri-se gentilmente a sombra.


Hélas!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Simplicidade e riqueza

Se o mundo fosse a preto e branco, ah! quão mais simples seria a vida! Isto está certo, pronto, aquilo está errado, ponto. Bons são os que fazem o que está certo, os outros fazem o que está errado e são maus. Simples, não é?

Mas o mundo não é a preto e branco e nem sequer se contenta com 456 graus de cinzento; tem cores: verde, azul, amarelo e mais umas quantas, cada uma delas com os seus inumeráveis graus. Depois há as misturas e claro! as suas incontáveis nuances...

Estão a ver, isto escancara a porta ao caos... Porque já não basta haver os maus que fazem coisas boas e os bons que fazem coisas más e bons e maus que fazem tanta vez a mesma coisa como também há os azuis que pintam de amarelo e os verdes que gostam de azul raiado de rosa... Até porque o objecto azul que comprei ontem, hoje me parece verde.

Como diabo é que uma rapariga se orienta, nesta interminável colografia? Pede socorro, sabendo que só lhe pode aparecer outro desorientado?!? Será que dois - ou três, ou quatro - desorientados fazem a desorientação conjunta mais orientada?...

Hélas!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Exame de risco

Hoje tive um diálogo estranhíssimo. Perguntaram-me:

- Olha, tu estarias disposta a arriscar?
- Arriscar o quê? Com que prémio?
- Arriscar, de modo geral... Correr o risco de perder algo que tens.
- Mas perder o quê? A família, o emprego, a conta-poupança? E se o risco não se verificar, que é que ganho?
- Independentemente do que em concreto possas perder e em concreto possas ganhar, estarias disposta?
- Mas sem conhecer o risco não o posso avaliar e sem conhecer o prémio não posso pesar o risco!
- Tenta. Que achas?
- Sinceramente, o que acho é impossível responder a essa pergunta. Para cada par risco/prémio a minha resposta será diferente.
- Bom, essa é uma resposta possível.

Não sei bem porquê mas acho que chumbei naquele exame.

Hélas!

terça-feira, 8 de julho de 2008

Taxista

Quando faço deslocações em trabalho, se puder vou de metro mas se o destino não for lá muito compatível vou de táxi. Quando pago, peço um recibo e depois peço o reembolso à empresa - o trivial.

Nos últimos tempos, tenho ido de táxi com alguma frequência; estou neste momento perfeitamente acostumada a pedir um recibo ao condutor e, depois de pagar a despesa mais uma pequena gratificação por um bom serviço, ouvir do motorista (acho que as gorgetas estão fora de moda e eles estranham mas eu sou um bocado antiquada nalgumas coisas):

- Se tivesse dito, eu tinha-lhe passado uma factura nesse valor...

É nessa altura que eu explico que a empresa tem de pagar a viagem mas que a gratificação é da minha responsabilidade - não era necessária e eu é que a decidi dar, pelo que a empresa não tem nada a ver com essa questão.
Tem sido sempre assim em todas as viagens em que gratifico o taxista.

Hoje viajei num táxi com um motorista algo sui generis que, para além de comentar pontual e descontraidamente sobre isto ou aquilo, sem forçar nem a conversa nem o silêncio, me colocou no destino em tempo e dinheiro imbatíveis.

Maravilha das maravilhas: foi o primeiro, desde que esta época mais taxística se iniciou (já lá vão bastantes viagens...) que agradeceu a gorgeta com um sorriso aberto e um "Muito obrigado!" e não necessitou de qualquer explicação.

Confirma a minha idéia que o pior do mundo são as etiquetas. Há lá coisa pior que colar uma etiqueta a dizer "TAXISTA" num homem?!?

Hélas!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O gato

Quando eu saí de casa, hoje de manhã, houve um gato que me inquiriu.

De cima do carro de um vizinho, com aquele ar de displicência e bigodes amplamente superiores, olhou para mim com uma expressão que conheço bem: "Olha mais esta, tão apressada, convencida que a sua velocidade resolve alguma coisa... Quando o mais certo é piorar essa tal coisa, tal a pressa com que a quer resolver!"

Juro que se eu não fosse uma raparíga descrente, absolutamente sem superstições e altamente cínica relativamente ao inquilino do meu andar de cima, tinha-me virado ao bicho e tinha-o mandado pentear macacos, com acrimónia.

Mas para o mal e para o bem, sou como sou.

Por isso, disse umas verdades ao meu inquilino - que ele bem merece ouvir - cumprimentei educadamente o gato com um aceno de cabeça e fui à minha vida.

Hélas!

domingo, 6 de julho de 2008

Homer Simpson

Ficar a pastelar todo o dia frente à TV é uma terapia com algumas virtudes:

1º - Não é tão caro como um SPA;
2º - Não é tão arriscado como o Prozac;
3º - Não requer esforço ou escolhas difíceis;
4º - Não testa nenhum relacionamento;
5º - Não impõe a ninguém as nossas angústias e ansiedades;
6º - Pode-se fazer sózinho;
7º - Pode manter-se desconhecido.

Na verdade, também não traz contentamento, realização ou resolução de conflitos mas como é anestésico, até parece que sim (a ausência de dor é uma felicidade de certo tipo, não é?).

Também não resolve nada, claro. Mas alguma coisa, alguma vez, resolve o que quer que seja?

Hélas!

sábado, 5 de julho de 2008

Inovação

Ontem disseram-me que as empresas que são as maiores detentoras de inovação incremental são igualmente as maiores detentoras das inovações disruptivas.

Eu fiquei espantada, confesso - a minha idéia (totalmente sem fundamentos ou estudos, apenas baseada num "sentir" provocado por conhecimentos comuns) era completamente contrária.

Tenho de ir aprofundar este assunto.

Hélas!

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Já não se fazem ladrões como antigamente

A minha cria (já é crescidinho, sim, mas continua a ser a minha cria), sozinha em casa ao fim da manhã, acordou com o barulho. Estremunhado, estranhou: a esta hora?!? Mas lá se levantou, sei lá, podia ser o carteiro...

Espreitou pelo ralo da porta e não viu ninguém mas o certo é que o barulho continuava. Agora parecia vir do seu próprio quarto! Que esquisito...

Voltou ao quarto, fitou a janela: um rapazola tipo arrumador, beata ao canto da boca, abanava a janela exterior com tal convicção que o tampão de plástico que fecha a saída do ar condicionado portátil já tinha caído do vidro. O meu rapaz ficou intrigado: abriu a janela interior e perguntou:

- Ó meu, mas que estás tu a fazer?!?

O rapazola fumador, coitado, naquela situação tão imprópria e frágil de pendurado em janela alheia sem grande apoio, a 3 metros de chão firme e sem uma mão livre para segurar a beata, balbuciou:

- Bem, eu achava que era esta a morada onde vinha instalar uma antena, já vi que não é, vou-me já embora!

E foi. A cria voltou pacificamente para a cama, dormir só mais um bocadinho.

Francamente, já não há ladrões como antigamente... Nem potenciais roubados, parece.

Hélas!

Loucuras

Quando tudo corre mal e parece que somos um D. Quixote a lutar contra moinhos de vento (e a perder a batalha, obviamente, porque além dos moinhos de vento não se poderem aperceber da nossa existência, a sua natureza nem sequer tem qualquer ponto de contacto com a nossa espada desembainhada) há o riso.

  • O riso desencantado de quem se apercebe que marcha numa parada de 5 contra uma turba de 50;
  • O riso desesperado de quem decide acreditar que é tudo questão de vontade e esforço;
  • O riso louco de quem sabe que se apresenta como Napoleão, sabendo também perfeitamente que não o é;
  • O riso descontrolado de quem vê que vai para o mar de botas de chumbo e sem respiradouro. E continua a andar.

A gente ri-se.

Tensos, desencantados, desesperados e semi-loucos, rimo-nos. Mas que há-de a gente fazer, senão rir?!?

Chorar? Ná, isso nunca (ou pelo menos, nunca em frente de outra pessoa...)!

Hélas!

    terça-feira, 1 de julho de 2008

    Tem dias...

    Há dias em que parece tudo correr mal, não é?

    Os problemas sucedem-se, de tal forma que só nos apetece matar o mensageiro, qualquer mensageiro, que se chegue à nossa beira. Todas as coisas que tanto poderiam correr mal como bem decidem correr mal e as coisas que pensávamos mal encaminhadas correm mesmo mal. O ruído sobe e com ele a tensão e o stress...

    Sai este e aquele a terreiro, a maioria dos quais até quer ajudar e melhorar as coisas; e às vezes até conseguem, embora normalmente sejam os calados que ninguém ouve que as resolvem de facto, sem ninguém saber nem agradecer.
    Juntem a esta salada de bróculos uma rede interna que tem um fanico e entra em greve total, deixando o seu povo desamparado, sem email, internet e telefone; têm aqui a receita perfeita para um ataque de nervos.

    Vim para casa e consegui trabalhar com mail, net e sossego (à pala da concorrência!). O telemóvel também permitiu, enquanto carregava, alguns telefonemas importantes.

    E amanhã é outro dia.

    Hélas!