Alguém me disse uma vez que eu era demasiado apaixonada.
Disse-me que eu defendia os meus pontos de vista com um entusiasmo que amedrontava quem me ouvia, que afastava deste mar alto quem podia ter algo muito interessante a dizer (o que vem ao encontro de outrém, há muitos, muitos anos, que me disse que eu era uma nazi sem dar por isso - o pior juízo que alguém algum dia pode fazer de mim).
Ficaram-me na memória estes reparos porque sempre me considerei àzima, uma pessoa que, dadas as suas constantes dúvidas nos ques, ses e porques, não passava de uma permanente indecisa que nunca na vida poderia assustar quem quer que fosse com as suas opiniões... Veementes mas de natureza reconhecida e permanentemente temporária.
Sempre me considerei morna, sem fogo, uma duvidosa permanente que, apesar ter valores basilares algo rígidos, está sempre a questionar as suas aplicações, o momento de os aplicar e a percepção individual disto tudo - o cerne da questão, certo?
Parece que não, afinal. E não consigo deixar o vício de defender apaixonadamente as minhas opiniões, mantendo em simultâneo um pé atrás de mim própria e das minhas convicções actuais.
Assim não dá, repito a mim própria: - Se vais ser nazi sê nazi de uma vez, se preferes ser filósofa abandona essas certezas todas de uma vez. Mas não sejas uma nazi filósofa, que isso não augura nada de bom, é caminho certo para Rilhafoles. Além de, ainda por cima, assustar as gentes e afugentar os possíveis amigos...
Mas o meu inquilino do primeiro andar, além de nazi e filósofo, aparentemente é também surdo - ando nesta guerra pessoal há anos e nada. Nenhum dos seus hemisférios me liga nenhuma.
Hélas!
Disse-me que eu defendia os meus pontos de vista com um entusiasmo que amedrontava quem me ouvia, que afastava deste mar alto quem podia ter algo muito interessante a dizer (o que vem ao encontro de outrém, há muitos, muitos anos, que me disse que eu era uma nazi sem dar por isso - o pior juízo que alguém algum dia pode fazer de mim).
Ficaram-me na memória estes reparos porque sempre me considerei àzima, uma pessoa que, dadas as suas constantes dúvidas nos ques, ses e porques, não passava de uma permanente indecisa que nunca na vida poderia assustar quem quer que fosse com as suas opiniões... Veementes mas de natureza reconhecida e permanentemente temporária.
Sempre me considerei morna, sem fogo, uma duvidosa permanente que, apesar ter valores basilares algo rígidos, está sempre a questionar as suas aplicações, o momento de os aplicar e a percepção individual disto tudo - o cerne da questão, certo?
Parece que não, afinal. E não consigo deixar o vício de defender apaixonadamente as minhas opiniões, mantendo em simultâneo um pé atrás de mim própria e das minhas convicções actuais.
Assim não dá, repito a mim própria: - Se vais ser nazi sê nazi de uma vez, se preferes ser filósofa abandona essas certezas todas de uma vez. Mas não sejas uma nazi filósofa, que isso não augura nada de bom, é caminho certo para Rilhafoles. Além de, ainda por cima, assustar as gentes e afugentar os possíveis amigos...
Mas o meu inquilino do primeiro andar, além de nazi e filósofo, aparentemente é também surdo - ando nesta guerra pessoal há anos e nada. Nenhum dos seus hemisférios me liga nenhuma.
Hélas!
6 comentários:
Não vejo qualquer mal em ter certezas, desde que tenhamos tambem uma outra certeza: de que algumas das nossas certezas de hoje estarão irremediavelmente derrotadas amanhã.
É muito importante (para a nossa saúde mental e para o nosso equilíbrio...) que encaremos isto com toda a naturalidade e não como um drama - que pode ser, mas só dentro da nossa cabeça, enquanto o mundo roda, indiferente, fora dela.
Tu pareces no bom caminho já que dizes que tens bué de dúvidas o que, de resto, não deixas transparecer muito.
Contudo podias fazer algo (caso te apetecesse algo que não fosse um Ferrero Roger) para que essa faceta nazi que referes não afastasse (ou calasse) os putativos discutidores: bastava que maneirasses um bocadinho o modo como expões as tuas certezas e tentas ensinar os outros (é o que muitas vezes parece ser).
Tendo tu as tais dúvidas deveria ser fácil expores as tuas certezas nas calmas, como quem pensa em voz alta (enfim, sem gritar...), sabendo que, quase de certeza, amanhã algumas dessas certezas deixarão de parecer tão certas.
. . . . . .
... além de que os teus interlocutores podem já estar um passo à tua frente em relação a essas certezas e já as terem descartado.
Marques Correia: Sobre certezas, já aqui perorei abundantemente :)...
Em relação ao resto, inteiramente de acordo, ´exactamente o que disse... Excepto na parte de "deveria ser fácil expores as tuas certezas nas calmas, como quem pensa em voz alta"!
Com a tua hipótese final não concordo. Se já por lá passaram e vão mais adiante, que me expliquem o caminho das pedras...
Hélas!
Ah! aí é que está o segredo da abelha: o caminho que trilharam pode não fazer qualquer sentido para ti, já que mais não seja porque chegaram a uma conclusão (a des-certeza) que não é a tua (a - ainda - certeza).
Daí a discussão...
(tenho que ir vergar a mola, isto foi só para satisfazer a curiosidade)
ora que o meu mano se explica como virtuoso
nunca faria eu melhor e daí me calo em reverente assentimento
Marques Correia: Repito que se já por lá passaram e vão mais adiante, que me expliquem o caminho das pedras... Posso ou não concordar mas fico a conhecer o/um caminho... É diferente do pessoal que não passou por lá e simplesmente chegou a outro destino, certo? Se for esse o caso estamos em igualdade de circunstâncias, acho eu.
Hélas!
mcorreia: Mas isto é uma conspiração ou quê?!?
Hélas!
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