Sempre pensei que a natureza - as gentes incluídas - tende para o equilibrio.
Eu explico: se há tipos de maldade fora do normal, que esquartejam criancinhas e riem com o seu choro, também há tipos de bondade fora do normal, que dão a camisa a desconhecidos com frio e ficam sozinhos a tiritar.
Toda a gente sabe que há malta intrínsecamente má: torturam seres vivos e retiram do seu sofrimento um gozo real. Nem toda a gente sabe mas é verdade que também há malta intrínsecamente boa: põem o bem estar dos outros à frente das suas necessidades básicas. É uma espécie de empate. É o equilíbrio a funcionar.
Mas não há equilíbrio individual. É como as estatísticas: o que é verdade para todos em geral não é necessariamente verdade para alguém em particular.
Lamento. Lamento profundamente.
Só nos resta suportar o mal que nos acontece com a consciência que algures estará a acontecer bem a outro. Fraca consolação, dirão vocês. É melhor que nenhuma, digo eu.
Hélas!
Eu explico: se há tipos de maldade fora do normal, que esquartejam criancinhas e riem com o seu choro, também há tipos de bondade fora do normal, que dão a camisa a desconhecidos com frio e ficam sozinhos a tiritar.
Toda a gente sabe que há malta intrínsecamente má: torturam seres vivos e retiram do seu sofrimento um gozo real. Nem toda a gente sabe mas é verdade que também há malta intrínsecamente boa: põem o bem estar dos outros à frente das suas necessidades básicas. É uma espécie de empate. É o equilíbrio a funcionar.
Mas não há equilíbrio individual. É como as estatísticas: o que é verdade para todos em geral não é necessariamente verdade para alguém em particular.
Lamento. Lamento profundamente.
Só nos resta suportar o mal que nos acontece com a consciência que algures estará a acontecer bem a outro. Fraca consolação, dirão vocês. É melhor que nenhuma, digo eu.
Hélas!
7 comentários:
Estas crónicas enchem-me as medidas. Talvez por serem simples, sem pretensões, diria quase tão minhas por vezes, exprimindo o que eu não me lembraria de exprimir, nem saberia, como se o meu espirito tivesse um espelho... E como sou demasiado preguiçosa para escrever, adoro ler escritos dos outros. Mas esses escritos têm de ser bem escritos (do meu ponto de vista, obviamente).É um pouco como o tempo; um dia de sol, um dia de chuva, um dia de névoa ensolarada...Por vezes não estou de acordo, mas falta-me alento para contra argumentar... é uma história de preguiça intelectual que vem de longe... e assim vou lendo, por vezes cada dia, por vezes 3 ou 4 dias de seguida... conforme a vontade, ou a lembrança. Mas este Equilíbrio, e esta análise da Felicidade, encheram-me as medidas de facto. E, como tu, lamento, lamento profundamente que não consigamos atingir o equilíbrio, mas também lamento não fazer tudo o que gostaríamos com o mesmo ovo...Apenas discordo, no seguinte: há muito que penso que as pessoas não nascem equilibradas. Nascem com tendência para desenvolver um lado mais negativo para o mundo em geral, embora talvez positivo para elas em particular. O resto é polimento de arestas, umas aguçadas (mal desmedido)outras arredondadas (bem desmedido)e, outras normais com cantos e curvas. Mas é só polimento...
e pensar que andei com elas ao colo
estes desiquilíbrios da vida
estes balançares que fazem da mesma um constante parque de emoções
Um dos aspectos do desequilíbrio individual será (todos) nós querermos sol na eira e chuva no nabal, ou vida longa e saudável (como se velhice e saúde fossem compatíveis...), ou liberdade individual sem que nos pisarem os calos, ou... por aí fora.
Na realidade, o equilíbrio pode não ser constante, mas que é uma tendência, disso não tenho dúvidas: todos nós, os bons e os maus, os que a vida já mediu e os que ainda não deram fruto (*),os fortes e os fracos, tendemos para o equilíbrio, para a energia mínima, em que estaremos mudos e quedos, sem fazer mal nem bem, antes poluindo o ar com a pestilência em que a carne se transforma mas, mesmo essa, destinada a diluir-se no ar até dela não ficar nem réstia de fedor.
.......
A morte, a grande equalizadora, resolve todo o desequilíbrio com que a vida não soube lidar.
(Os meus respeitos ao Luís Stau Monteiro)
Ana: Bem, sabendo eu como tu escreves, este foi um elogio de peso! E se para além da forma também o conteúdo te atrai, bom deixas-me atrapalhada e sem saber bem onde por as mãos. Obrigada e adiante, para eu por as mãos no teclado em vez de me meter num buraquinho do chão!
Sim, discordamos. Eu não acho que as pessoas nasçam com um lado mais negativo “para fora”, antes pelo contrário, acho que nascem com esse lado muito mais positivo. Depois a Vida e as suas agruras encarregam-se desse polimento de que falas e eu reconheço, a bem da sua saúde mental e sobrevivência individual.
As pessoas infelizes são muito mais más que as pessoas felizes. É uma espécie de reacção de defesa instintiva e não racional.
Repara: se fosse como dizes, não haveria grande equilíbrio; o lado que nasceu priveligiado tinha todas as condições para se tornar dominante e isso não acontece.
Quanto ao ovo... Olha, o melhor é criar galinhas. E não estou a brincar.
mcorreia: E pensar que andaste connosco ao colo e agora vês os bebés a analisar os desiquilíbrios da vida - até parecem saber do que estão a falar! Ah! Este carrossel no meio da Feira, quantas alegrias e agonias nos tráz!
Marques Correia: Fiquei sem fôlego. Assim, de repente e sem eu esperar, concretizaste o que eu disse em 2 artigos diferentes – espaçados de dias! - de uma forma que eu reconheço totalmente como minha também. Não falhou nada, não houve vírgula que eu não pusesse. Poça! Que de repente vi-me ao espelho que não sabia ali e, àparte a gravata, era mesmo eu!
Hélas!
... à parte o laço?
Marques Correia: Seja, à parte o laço. :)
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