Ele sorri sempre.
Tem a sua vida e as suas penas; mas ouve sempre e sempre sorri.
Quando é procurado, exclama, encorajador: "- Olá!" e sorri. E ouve tudo, com ar calmo. A gente diz os ques e porques, aventa hipóteses, angustia-se; procura respostas, explica a possível causa das coisas; ele ouve e sorri, compreensivo, um sorriso doce que nega a solidão. É assim com muita (não toda, acho eu) gente.
Mesmo quando é inquirido, ele nunca nos diz da sua vida, não aventa hipóteses, não se angustia para nós, não explica nem responde; apenas sorri aquele seu sorriso.
Demorou muito tempo antes de eu perceber que ele apenas se protege, afasta-se da montanha russa que são as relações com os outros e, simpático mas prudente, esconde a sua distância nas esquinas do sorrir.
Agora que percebi, já não sou capaz de lhe expor as minhas dúvidas metafísicas, as minhas fragilidades, o mar alto de mim.
Ao fim de um tempo, ele pergunta-me, sorrindo o seu sorriso quente: "Andas zangada comigo?" e eu respondo, também com um sorriso: "- Não!".
E é verdade.
Hélas!
Tem a sua vida e as suas penas; mas ouve sempre e sempre sorri.
Quando é procurado, exclama, encorajador: "- Olá!" e sorri. E ouve tudo, com ar calmo. A gente diz os ques e porques, aventa hipóteses, angustia-se; procura respostas, explica a possível causa das coisas; ele ouve e sorri, compreensivo, um sorriso doce que nega a solidão. É assim com muita (não toda, acho eu) gente.
Mesmo quando é inquirido, ele nunca nos diz da sua vida, não aventa hipóteses, não se angustia para nós, não explica nem responde; apenas sorri aquele seu sorriso.
Demorou muito tempo antes de eu perceber que ele apenas se protege, afasta-se da montanha russa que são as relações com os outros e, simpático mas prudente, esconde a sua distância nas esquinas do sorrir.
Agora que percebi, já não sou capaz de lhe expor as minhas dúvidas metafísicas, as minhas fragilidades, o mar alto de mim.
Ao fim de um tempo, ele pergunta-me, sorrindo o seu sorriso quente: "Andas zangada comigo?" e eu respondo, também com um sorriso: "- Não!".
E é verdade.
Hélas!
2 comentários:
Marques Correia: Gente...
Hélas!
Os textos (e os programas) de ficção deviam ter um pontinho para a gente saber que são ficçao.
Nenhum pontinho, indicaria que o texto (ou o programa)não é ficção...
Sem essa (ou outra) convenção, o leitor fica na dúvida (que, afinal, é eterna...)
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