Há momentos em que a vida é bela.
Miraculosamente desligados da infelicidade, de repente reparamos que o sol brilha, os pássaros cantam e as crianças riem. O céu é azul. No passeio ao lado, um cão abana o rabo, todo contente. Na janela do prédio próximo, é um gato que olha pacificamente para a rua, com um ar farto e satisfeito.
As nuvens, lá muito ao alto, animam o horizonte e são de uma pureza branca de quem nunca sonhou chuva. O ar é luminoso e alegre, a música que se escapa do altifalante do café afirma em surdina e melodiosamente a existência de amor. As árvores, de grosso tronco, comprovam anos de resistência e a rir por entre os seus ramos, há flores que espalham perfume e promessas de renovação.
Um pardalito olha com ar inquisitivo para nós e atreve-se a roubar da mesa uma migalha. Tudo aparenta paz e contentamento.
Sonhadores, olhamos em volta e o olhar prende-se repentinamente na TV: há gente a morrer de fome, sede, maldade e estupidez. O momento passou.
Hélas!
Miraculosamente desligados da infelicidade, de repente reparamos que o sol brilha, os pássaros cantam e as crianças riem. O céu é azul. No passeio ao lado, um cão abana o rabo, todo contente. Na janela do prédio próximo, é um gato que olha pacificamente para a rua, com um ar farto e satisfeito.
As nuvens, lá muito ao alto, animam o horizonte e são de uma pureza branca de quem nunca sonhou chuva. O ar é luminoso e alegre, a música que se escapa do altifalante do café afirma em surdina e melodiosamente a existência de amor. As árvores, de grosso tronco, comprovam anos de resistência e a rir por entre os seus ramos, há flores que espalham perfume e promessas de renovação.
Um pardalito olha com ar inquisitivo para nós e atreve-se a roubar da mesa uma migalha. Tudo aparenta paz e contentamento.
Sonhadores, olhamos em volta e o olhar prende-se repentinamente na TV: há gente a morrer de fome, sede, maldade e estupidez. O momento passou.
Hélas!
2 comentários:
O segredo da abelha é, precisamente, perceber (mais, é sentir) que o mundo e a vida são como são e os nossos momentos de beatitude, a nossa felicidade existem não obstante as desgraças alheias, mais ou menos evidentes que por aí andam, muitas vezes à nossa frente, ou à nossa tvista.
O Jesuíta, olhando o mendigo com desconfiança e mal disfarçado asco diria, entre dentes: "não ponhas para mim esse ar ranhoso e pedinchão, que amanhã estarás tu no Paraíso e eu nos quintos do Inferno..."
. . . . .
No fundo, no fundo, o écran da TV é parte da paisagem, esteja ele com reclamos a sabonetes ou com reportagens sobre a pobreza no quinta do Mocho.
Marques Correia: Sinceramente, duvido que o jesuíta dissesse tal coisa... Primeiro porque não teria asco pelo pedinte e depois porque ele próprio aspira ao Paraíso e faz por isso, à sua maneira. Que queres: não tenho a tua zanga aos eclesiásticos, se calhar porque também nunca tive a tua fé neles – para mim são pessoas, apenas pessoas, que tentam o melhor que podem alcançar um sonho (e não o fazemos todos? Mas o sonho deles é muito mais difícil de alcançar que os sonhos vulgares, convenhamos, a fasquia é muitíssimo alta).
Quanto à TV, olha, se a paisagem fosse feia e desagradável, também certamente não estimulava os tais pensamentos felizes. E gente infeliz e a morrer é feio, muito feio; principalmente quando a causa das coisas é a estupidez e o egoísmo humano.
E apesar de tudo isto os momentos felizes existem, claro que sim. São efémeros mas existem e fazem a Vida valer a pena.
Hélas!
Enviar um comentário