Conheço muitas mulheres, até sou amiga de algumas, poucas. Dessas poucas, quase nenhuma chega lá, o que não afecta em nada o grau da minha amizade por elas ou da delas por mim, acho eu.
Também conheço muitos homens (será que já disse aqui? Já ando por cá há alguns anos) e é a mesma coisa (nesse aspecto eles até são um bocadito melhor que elas, parece-me, embora possa estar redondamente enganada) poucos, muito poucos, chegam lá.
Parece haver na raça humana alguma dificuldade genética, no que diz respeito a chegar lá. Das outras raças não me pronuncio.
Não é questão de bondade ou maldade, também não é questão de berço de ouro ou de palha. Não me parece que tenha nada a ver com religião e definitivamente não está relacionado com a inteligência. Não, é qualquer coisa mais esquiva, mais indefinida, mais intangível.
Pode ter alguma coisa a ver com o feitio e idiossicrasias de quem nos cria, o que é manifestamente injusto mas também incontornável. Mas sabem? Acho que tem é a ver com genes, o que além de ser ainda mais injusto que as tais idiossincrasias, é ainda por cima também muito mais incontornável.
Com muito trabalho e perseverança, no entanto, conseguem-se estratégias e tácticas mais ou menos eficazes, apesar de nunca serem realmente a mesma coisa que quem sempre se conheceu assim, sem trabalho e sem esforço, naturalmente capaz de chegar lá...
Lá - onde estão aqueles que não pensam como nós, não sentem como nós, não têm os nossos valores nem os nossos traumas e não são, muito simplesmente, nós.
Ser capaz de calçar os sapatos alheios, andar os seus passos, ver com os seus olhos, sentir as suas dores, amar os seus amores... Ah! Não, não é para todos. Mas acho que se consegue, com esforço e perseverança. Um problema maior parece-me que é notar (ou saber, interiorizado, não ser isso uma mera possibilidade teórica) que há uma diferença entre o que "nós vemos" e o que "eles vêem" e depois, é claro, também é preciso querer ver o que eles vêem. Acho que é por isso que pouca gente chega lá.
Já vermo-nos a nós próprios com os olhos deles... Olhar para a nossa cara com se fora a de outrém, ver as borbulhas, os pelos e as rugas com toda a clareza e com a mesma indiferença... Bom, isso tenham juízo, nem é possível sequer.
Mas há quem tente. Tentar é próprio do Homem.
Hélas!
Também conheço muitos homens (será que já disse aqui? Já ando por cá há alguns anos) e é a mesma coisa (nesse aspecto eles até são um bocadito melhor que elas, parece-me, embora possa estar redondamente enganada) poucos, muito poucos, chegam lá.
Parece haver na raça humana alguma dificuldade genética, no que diz respeito a chegar lá. Das outras raças não me pronuncio.
Não é questão de bondade ou maldade, também não é questão de berço de ouro ou de palha. Não me parece que tenha nada a ver com religião e definitivamente não está relacionado com a inteligência. Não, é qualquer coisa mais esquiva, mais indefinida, mais intangível.
Pode ter alguma coisa a ver com o feitio e idiossicrasias de quem nos cria, o que é manifestamente injusto mas também incontornável. Mas sabem? Acho que tem é a ver com genes, o que além de ser ainda mais injusto que as tais idiossincrasias, é ainda por cima também muito mais incontornável.
Com muito trabalho e perseverança, no entanto, conseguem-se estratégias e tácticas mais ou menos eficazes, apesar de nunca serem realmente a mesma coisa que quem sempre se conheceu assim, sem trabalho e sem esforço, naturalmente capaz de chegar lá...
Lá - onde estão aqueles que não pensam como nós, não sentem como nós, não têm os nossos valores nem os nossos traumas e não são, muito simplesmente, nós.
Ser capaz de calçar os sapatos alheios, andar os seus passos, ver com os seus olhos, sentir as suas dores, amar os seus amores... Ah! Não, não é para todos. Mas acho que se consegue, com esforço e perseverança. Um problema maior parece-me que é notar (ou saber, interiorizado, não ser isso uma mera possibilidade teórica) que há uma diferença entre o que "nós vemos" e o que "eles vêem" e depois, é claro, também é preciso querer ver o que eles vêem. Acho que é por isso que pouca gente chega lá.
Já vermo-nos a nós próprios com os olhos deles... Olhar para a nossa cara com se fora a de outrém, ver as borbulhas, os pelos e as rugas com toda a clareza e com a mesma indiferença... Bom, isso tenham juízo, nem é possível sequer.
Mas há quem tente. Tentar é próprio do Homem.
Hélas!
5 comentários:
estou extasiada, derretida, desde o Senhor André que aqui não vinha e cada um destes quadros merece releitura, leitura atenta e agora não é o momento
até breve
mcorreia: Fico à espera da Sorte Grande (vide "Blog", 2 de Junho).
Hélas!
como sabes, sou muito eu eu e eu e os outros adiante...tu o sabes...
ora esta tocou-me lá no fundo (no meu LÁ?!!)
saber se estarei eu alcançando, ou melhor ainda, situada, nesse teu LÁ que nem percebi se profundo se mais coisa no ar
e isto tanto mais quanto o teu discurso é o oposto do misógeno logo na introdução me puz nas pontas perguntando: e eu, aqui a je, me where, aonde????
parecia eu que adivinhava que um dia te havia de escrever sobre espelhos
cuidava eu que tu não percebias,
mas tu entendes bem : queres, lá do peito, do teu LÁ, alguém que satisfaça por igual a imagem e ainda, que se ponha deste lado e veja a mesma coisa que tu vês
porra que não és nada meiga
dominas na perfeição a teoria da reflexão
mas não acreditas nela
no fundo, no fundo, queres estar sossegada no teu LÁ (à voir: ton dernnier post)
no fundo, achas-te (e gostas) diferente e ficas no teu LÁ
pois que passes muito bem
visto-te quando me aprouver que eu entendo mais promíscuo o existir
visito-te e não visto-te (que raio não andas por aí nua, acho!! rss)
mcorreia: Ai, ai, ai, ai... Que eu não me explico como devia, isso é certo.
A ver se desta consigo fazer melhor: o MEU lá é onde não sou; o TEU lá é onde não és - lugares diferentes, por definição. Que alguém esteja no SEU lá é um contra-senso, pois por definição se lá está não é o seu lá...
O meu é onde estão todos que não são eu, tu incluída, mais outra gente de quem gosto e mais outra ainda de quem não gosto e ainda algumas que nem sei... O teu é onde estão todos que não são tu, eu incluída, mais outra gente de quem gostas e ainda algumas que não sabes bem...
Lá não é - não o pode ser - um sítio sossegado, é um sítio de desassossego.
Espelhos?!? Sim, acho que entendo de espelhos... E gosto deles, da sua profundidade escondida por debaixo da imagem que refletem... Sim, eu gosto de espelhos.
Visita-me quando estiveres para tal virada; são sempre visitas tão interessantes! Volta quando quiseres, que eu gosto do teu voltar!
Hélas!
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