sexta-feira, 18 de abril de 2008

Sou contra

Sou contra a progressão automática na carreira e contra os direitos de antiguidade; e também sou contra a estagnação automática e o direito da cunha.

Sou contra proibições por causa de "abrirem uma porta para o que vem a seguir" e também sou contra permissões porque "de qualquer maneira fazem-no".

Sou contra os delatores mas também sou contra o nacional porreirismo; e sou contra o derrotismo mas também contra o irrealismo.

Sou contra a hipocrisia mas também contra a violência, mesmo verbal - e sou contra o policiamento mas também contra o "deixa andar".

Sou contra o "salário igual para trabalho igual" mas também sou contra o "está acima (ou abaixo) do valor de referência".

Não há dúvida - sou contra... Bolas, bem me dizem que tenho mau feitio.

Hélas!

5 comentários:

Marques Correia disse...

Bem, agora com menos gralhas:
Pois é: era bom, para variar, perceber a favor de quê é que tu és.
Quando se procura arranjar regras (regulamentos, leis, etc) para fazer com que o rebanho singre na vida e na carreira (percebo que és a favor de "carreiras") sem grandes violações dos direitos que lhe são garantidos do berço ao caixão, às vezes é preciso definir o que fazer com um tipo que não é bom nem mau, faz o seu serviço desde que lho definam, não recusa nada, mas não se chega à frente para nada (excepto se o empurram).
No fundo, no fundo, a grande massa de pessoal de uma empresa ficava na mesma desde a admissão até à reforma se não houvesse alguma forma de progressão na carreira (diuturnidades, etc) que garantisse alguma melhoria da retribuição a quem não se distingue, nem p'ra cima nem p'ra baixo, mas garante a base para as estrelas brilharem e a empresa singrar ao longo dos anos.
.....
Também não concordo com crimes de sangue, mas não acuso nem a faca nem a pistola...

mac disse...

Marques Correia: Está bem, um dia destes publico um artigo a explicitar as várias coisas de que sou a favor!

Quanto ao resto que dizes, não percebo muito bem mas parece-me que há vários assuntos envolvidos:

1º - “regras (…) para fazer com que o rebanho singre na vida e na carreira”? Pensas que as empresas estão preocupadas com o rebanho? Eu acho que se estão completamente nas tintas – as empresas existem para fazer dinheiro, não para fazer singrar o rebanho. Todas as mordomias que oferecem ou são obrigatórias (e essa obrigatoriedade não nasceu da empresa, nasceu contra a empresa) ou são para garantir a permanência minimamente satisfeita da tal grande massa de pessoal; mas não porque isso seja “justo” ou “bom” e sim porque se traduz em ganhos para a empresa.

2º - Por “carreira” não se entenda simplesmente níveis salariais mas também aprendizagem e oportunidade de fazer outras coisas: quem sabe se entre elas não aparece alguma onde afinal o tal tipo que não se chega à frente demonstra uma habilidade extraordinária e faz a empresa ganhar rios de dinheiro!?

3º - Facas e pistolas são apenas ferramentas para fazer qualquer coisa - se a coisa é matar alguém são boas, se é plantar uma árvore não me parecem adequadas. O artigo é precisamente sobre isso: ferramentas inadequadas. Não era minha intenção qualquer julgamento do uso a que se destinam…

É claro que todos estes assuntos (e provavelmente há mais do que estes, no teu raciocínio) têm pano para mangas, mas para já fiquemos pelo colete…

Hélas!

Marques Correia disse...

Ponto 2 (teu) - visão muito simplista. É claro que a empresa (o empresário, bosses, etc) se interessa, e muito, pelo singrar, na vida e na carreira, do rebanho. Já desde a longínqua revolução industrial que se aperceberam de que há um ponto ideal em que o rebanho rende o máximo para o que se lhe paga (e a chatice que dá). Abaixo desse ponto, custa menos, mas o rendimento vem por aí abaixo; acima dele, torna-se caro demais para o que se ganha em subida de rendimento (produtividade, whatever).
Há quem diga que o segredo da abelha da gestão de RH's é precisamente achar o ponto ideal para o rebanho, ou os vários pontos ideais para cada rebanho (ou para cada pessoa), e manter o equilíbrio em torno desse ponto.
A imagem das facas e pistolas era uma referência ao papel instrumental das progressões automáticas, delações, policiamentos, etc, que referes, as quais, na minha maneira de ver, não são em si mesmas boas ou más, mas podem ser usadas para coisas boas ou para coisas más.
Como as facas e as pistolas.
Hélas (diria eu tb)!

Anónimo disse...

Contra todos os contras... sim também acho que sou contra tudo o que disseste ser contra... menos um dos contras que não percebi : "contra salário igual para trabalho igual".
Mas, se o trabalho é mesmo igual (e claro que isso será sempre díficil porque não dois bichos homem iguais, sendo que aqui o homem assume-se de humanidade e não da gente exclusivamente masculina)porque raio és tu contra o salário igual? Este é o único contra que, eu, sou a favor...
Espero que este modesto adubo não faça murchar o resto da couve.

mac disse...

Marques Correia: Acho que estamos de acordo, então... Salvo pequenos desacordos (talvez!) sobre o que são ferramentas e pessoas instrumentalizadas!

Ana: Porque acho que não existem "trabalhos iguais". Existem descrições de trabalho iguais mas, como tu própria dizes, não há 2 pessoas que o façam da mesma forma. E acho bom para todos que os melhores vejam reconhecida a sua superioridade e os piores tenham algo a que aspirar...
Quanto ao adubo, nada modesto, é sempre bem vindo. Murchar?!? Faz mas é crescer a couve!

Hélas!