quinta-feira, 10 de abril de 2008

Manutenção

Genericamente, não gosto de Manutenção. É um trabalho chato e repetitivo, que serve apenas para sustentar qualquer coisa que já existe e não traz nada de novo e refrescante - uma seca, fujo disso a sete pés. Mas se quisermos de facto preservar uma coisa, qualquer que seja… Bom, é indispensável.

E aqui bate o ponto: imaginem uma coisa única e preciosa, daquelas que se pode passar uma vida sem encontrar; imaginem uma coisa sem a qual é possível viver mas que anima a nossa existência, imaginem uma coisa assim - qualquer coisa que vos acenda essa luzinha.

E agora imaginem que não podem pagar a ninguém para a chatice da manutenção - não é como a lida da casa ou a passagem da roupa, que mantêm a nossa toca mas que qualquer pessoa pode fazer – é simplesmente uma coisa que tem de ser feita pessoalmente ou então não tem efeito.

Já pensaram? Tem de ser regular, apeteça ou não. Tem de ser feita, mesmo que o dia tenha sido horrível e a gente só queira ir dormir. Tem de ser fiável e digna de confiança, mesmo que a gente não esteja para aí virada. Leva o seu tempo e tem de ocupar as nossas preocupações, mesmo quando estamos aflitos com outras coisas muito importantes. Se falharmos, mesmo sem perder a tal preciosidade, algo se perde - um brilho, um pormenor, uma curva ou uma aresta que ficam sem relevo, uma concavidade que desaparece; qualquer coisa que mais tarde – provavelmente quando mais precisamos dela – nos vai fazer uma falta imensa… E que jamais se recupera.

Bem, estão a perceber porque é que insisto em certas coisas: considero que certos eventos, certas atitudes, são essenciais à Manutenção de algumas coisas que me são preciosas; e não há nada tão fácil como perder a regularidade de fazer as coisas que têm de ser feitas sempre, dão trabalho, requerem esforço e só de vez em quando é que apreciamos verdadeiramente. Mas não há outra maneira. E vale a pena.

Hélas!

Sem comentários: