terça-feira, 22 de abril de 2008

Pachorra

Acho que a pachorra (leia-se: paciência+tolerância+interesse...) é um bem limitado, que se vai gastando com o tempo e o uso.

Quando era nova, tinha montes disso; gastava tempo e estimulava intelecto e coração tentando compreender as razões alheias, estava sempre disponível para reavaliar permanentemente pessoas e situações, nada era conclusivo e tudo carecia de cuidadosa avaliação, possívelmente diferente da anterior, sabia que era importante ouvir mesmo quando os sons não prometiam nada de novo.

Isso é bom, parece-me. Minimiza os inevitáveis erros de apreensão, de análise, de compreensão e de falta de informação. O problema é que a pachorra gasta-se... Tenho muito menos disso, agora.

Hoje, quando vejo e oiço algumas coisas, falta-me. Acho que já vi, ouvi, analisei, raciocinei, avaliei e reavaliei vezes suficientes a questão. Sei que estou errada, cada pessoa é uma pessoa e é assim apenas daquela vez e naquelas circunstâncias específicas e se fulano fez isto por causa daquilo, é diferente do cicrano que fez o mesmo mas por causa de aqueloutro; eu sei - mas falta-me a pachorra. Gastou-se. Alguém sabe onde posso arranjar mais?

Hélas!

2 comentários:

Alberto Oliveira disse...

... vindo directamente da minha estimada e velha amiga mcorreia passei por aqui e deixei-lhe um comment no post "Escrita II". Nada de mais, apenas meras opiniões virtuais. Que é o que por aqui (blogosfera) se gasta com mais frequência*. Da pachorra, ainda vou tendo um stock razoável. De outro modo, há muito que teria emigrado.

* Em detrimento do exercício criativo que é bem mais aliciante nestas coisas das artes com letras.

Cumprimentos e sorrisos.

mac disse...

Legível: Não resisto... Não resisto... Eu bem queria, mas não resisto a estas tentações!! "(...)deixei-lhe um comment(...)meras opiniões virtuais(...)Que é o que se gasta com mais frequência(...) Em detrimento do exercício criativo que é bem mais aliciante nestas coisas das artes com letras."

Do exercício criativo, honestamente, não vejo diferença substancial entre publicar um artigo e tecer considerações à roda de um artigo publicado... Talvez mais difícil o segundo, pois que estamos amarrados ao mote e de alguma forma o comentário deveria ser racional (??!?) e fazer algum sentido para quem escreveu ou leu o artigo; em contrapartida, o artigo não tem de fazer qualquer ligação com nada, pode ser irracional e obtuso, é livre que nem um passarinho.

Quanto a esse comentário propriamente dito, li e respondi.

O que eu adoro comentários! Não só provam objectivamente que há quem leia (veja a resposta a esse seu comentário...) como ainda por cima conseguem levar alguém a gastar uns minutos para dizer que pensou sobre o que eu disse!! Ás vezes a realidade espanta-me.

Sim, adoro comentários. Mesmo e sobretudo quando não estão de acordo com a minha doutíssima e irrelevante opinião, altura a que abrem a porta a polémicas por vezes muito acaloradas... E enriquecedoras, muito mais interessantes que perorar do alto do caixote para uma sala silenciosa.

"(...)Da pachorra, ainda vou tendo um stock razoável. De outro modo, há muito que teria emigrado(...)" Vá lá, não vale fazer caixinha... Onde é esse sítio onde as pessoas são razoáveis (leia-se: têm uma razão semelhante à minha), são lógicas (leia-se: têm uma lógica semelhante à minha) e têm valores (leia-se: têm valores semelhantes aos meus)?

É que eu emigro já, já!

Hélas!