segunda-feira, 21 de abril de 2008

Jantar dos primos

A catraia olhou para mim com um sorriso quente e disse:

- Tia, adoro os teus cozinhados!

Pudera: tinha estado a encher a barriga com aquelas entradas que se faz quando temos convidados, coisinhas saborosas que nunca se tem no dia-a-dia, sabores fortes que fazem mal se rotina.

Não lhe disse nada disto, claro. Julgam que sou algum monstro, para destruir aquela felicidade tão inocente de quem julga que a tia é um chef fantástico e tem pena que aqueles jantares não sejam todos os dias? Mas quem julgam vocês que eu sou?!? Não, eu sorri de volta (toda contentinha!) e respondi:

- Ainda bem que gostas!

Quando a mãe a fez comer o bacalhau, que ela não gosta mas que a alimenta melhor que as tostas todas juntas, olhei para o outro lado. Que pena a felicidade durar tão pouco!

Hélas!

2 comentários:

Marques Correia disse...

... e que tal um olhar mais positivo sobre a questão, no género:
Se a miúda comesse, durante o mês, todas as tostas e patês que quisesse, seguramente que no próximo jantar dos primos não apreciaria tanto os petiscos e as entradinhas, que olharia com indiferença e fastio.
Pelo menos, faltava-lhe a novidade...
Abençoado bacalhau que torna as tuas tostas tão apetecíveis e a miúda tão feliz!

mac disse...

Marques Correia: Bem, essa é uma maneira de ver a coisa... Embora não me convença muito!
É apreciar a infelicidade porque sem ela não saberíamos quando somos felizes - esta é a mais pura das verdades mas não gosto mesmo da infelicidade, que queres?

Hélas!