Já aqui falei um dia sobre assuntos contados em segredo; na mesma altura notei que havia curiosidades periféricas, assunto para outro artigo. Bem, cá vai: imaginem que têm um segredo: faz sentido contar a alguém, com ou sem o habitual aviso "Não contes a ninguém!"?
Se de facto a coisa não é para contar a ninguém, porque diabo estamos nós a contar a alguém?!? E se nós podemos contar o segredo a uma determinada pessoa porque temos com ela uma relação especial, não dá essa acção uma licença implícita para essa pessoa contar também ás pessoas com quem tem uma relação especial?
De relação especial em relação especial, cedo o dito "segredo" pertence á praça pública. Sempre contado em surdina e protegido do direito de resposta, é livre de crescer para onde lhe der o vento de quem conta e de quem reconta.
Aconteceu-me já há muitos, muitos anos: uma confidência feita porque me doía o coração e achava que precisava de desabafar voltou a mim cerca de mês e meio depois; só vos digo que estava bem diferente daquilo que desabafei, uma versão distorcida - mas crível - de factos e gentes...
Acho que foi nesse momento que me tornei desbocada: ao menos que toda a gente saiba onde podem tirar as dúvidas em primeira mão, que toda a gente tenha o direito de me questionar em voz alta sobre o que digo, em vez do silêncio podre e fonte de sofrimento, do qual apenas me dei conta por uma amizade verdadeiramente rara.
Quanto aos segredos que volta e meia me caiem nos olhos e ouvidos, morrem lá... E Deus me perdoe mas acho que muitas vezes isso frusta as intenções de quem mos conta ou mostra. Que raio de coisa, a raça humana!
Hélas
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