Do alto das minhas muitas primaveras, costumo dizer que actualmente há muito pouca coisa que me choque. É verdade: há muitas coisas que continuam a entristecer-me mas ficar chocada é cada vez mais raro.
Hoje fiquei chocada: numa sala cheia de gente nova, semi-nova e já entrados na terceira fase como eu, veio uma jovem pedir voluntários para ir à praia. Como é óbvio, não se tratava de saber quem gosta de mar; tratava-se de haver uma necessidade numérica de pessoas adultas e responsáveis que levassem à praia quem não pode lá ir sozinho.
Não me chocou que ninguém quisesse, é natural. O que me chocou foi a rapariga ter sido - não muito discretamente - gozada. Brincadeiras(?...), ditos cómicos e risadinhas. É assim tão cómico, pedir ajuda para ajudar pessoas desfavorecidas pelas Sortes?
Suponho que devia sentir-me contente: nem sempre se consegue voltar a sentir estas emoções da juventude, não é?
Hélas!
11 comentários:
Vivemos na barbárie. É o cada um por si. Por isso tanta tristeza e depressão.
O nosso mundo não é exactamente o mundo onde vivemos.
Com uma tendência desmedida a divergir cada vez mais.
Ainda bem que não vamos além dos cem anos de vida!!!!
Ainda bem o caraças, nada deve haver de melhor do que passar seculos por aqui, quem me dera chegar aos 300
Uma coisa ke tenho verificado, akeles ke me parecem os mais jovens da blogoesfera, já estao a entrar na 3ª fase, é engraçado. E os mais jovens parecem mt mais velhos, vou ter ke pensar isto
UM VOTINHO PARA A CHART FAXAVOR.
Cambada, esses energúmenos insensíveis!Às vezes só me apetece desatar a insultar essa gente assim ao jeito do brasileiro que a Mofina pôs aos berros no quadratura.
Não concordo, Saphou... Fiquei chocada porque estamos hoje. Há 50 anos atrás não passava pela cabeça de ninguém ir a uma sala de desconhecidos pedir voluntários e ser gozado.
jg, penso que a divergência é entre o que fomos e o que somos. Sim, alarga-se... Na nossa cabeça temos sempre 25 anos.
privada, quem me dera a mim chegar aos 500, desde que com o corpo, mente e alma de 25. Como se chega actualmente aos 100, não, muito obrigada.
Quanto à blogosfera a minha teoria é a seguinte: os que são como nós são jovens (afinal nós temos todos 25 anitos, né??), os outros não.
Saphou, já votei.
Blimunda, não tenho assim tanta certeza que sejam insensíveis. Afinal, têm uma reacção totalmente diferente com quem lá vai pedir uma folha de papel.
Se calhar a coisa tem que ver um bocado com a "profissionalização" do que se costumava chamar caridade. Era uma coisa respeitável antes da rapaziada de esquerda (eu e outros energúmenos, há uns trinta e tal anos) a gozarmos como caridadezinha (festa canasta e boa comidinha, dizia o Zé Mário "Bufo" Branco).
Agora não se pratica a caridade: faz-se intervenção social, integrados em campanhas alargadas, em projectos coerentes e sustentáveis.
Ainda por cima com componentes politiqueiras inegáveis de personagens mais que duvidosas - como o rapaz Geldof e a louca da Mia Farrow.
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Mas isto não tem nada que ver com a catraia que procurava voluntários para levar putos à praia, que me merece toda a simpatia.
Marques Correia, "Agora não se pratica a caridade: faz-se intervenção social, integrados em campanhas alargadas, em projectos coerentes e sustentáveis. Não é melhor que caridade?
Caramba, fiquei arrepiada com as palavras do jg... Estou mesmo em choque!
Mofina, o jg estava só desfasado... Foi do choque, acho eu.
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