quinta-feira, 17 de julho de 2008

A filoxera

Hoje, por um momento, passou-me uma filoxera pelos olhos:

- Vou-me embora para casa, quero lá saber, nada disto vale o sacrifício meu e dos meus, nada justifica esta tensão medonha, doida sou eu por tentar responder a solicitações impossíveis em vez de atirar a toalha ao chão, este desesperado esforço não só é insuficiente como será apreciado assim - ineficaz...

Tocou o telefone e do outro lado estava um desorbitado como eu, a tentar segurar só com as suas duas mãos três dúzias e meia de pacotes - ansioso, tenso, rindo infeliz, a dar o seu melhor com a perfeita consciência que nunca será suficiente pois o Rossio é maior que a Betesga. Desistir é pôr mais um pacote na sua pilha, já demasiado grande.

Não esqueci a filoxera, ignorei-a. As árvores também morrem, bem sei, mas morrem de pé.

Hélas

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