Hoje tive um diálogo estranhíssimo. Perguntaram-me:
- Olha, tu estarias disposta a arriscar?
- Arriscar o quê? Com que prémio?
- Arriscar, de modo geral... Correr o risco de perder algo que tens.
- Mas perder o quê? A família, o emprego, a conta-poupança? E se o risco não se verificar, que é que ganho?
- Independentemente do que em concreto possas perder e em concreto possas ganhar, estarias disposta?
- Mas sem conhecer o risco não o posso avaliar e sem conhecer o prémio não posso pesar o risco!
- Tenta. Que achas?
- Sinceramente, o que acho é impossível responder a essa pergunta. Para cada par risco/prémio a minha resposta será diferente.
- Bom, essa é uma resposta possível.
Não sei bem porquê mas acho que chumbei naquele exame.
Hélas!
4 comentários:
As perguntas que te fizeram (ou a pergunta e as insistências) são perfeitamente idiotas.
A tua resposta foi a sensata.
Arriscar sem se saber a que se arrisca é como jogar numa lotaria em que em vez de se arriscar o dinheiro da cautela e no dia da extracção sabermos o ganho que nos calhou (ganho ou nada), em vez disso, dizia eu, no dia da extracção sabermos se nos calhou ganhar ou perder e quanto.
Assim a modos que um jogo de fortuna e azar - há quem goste e perca o que tem e fique a dever o que não tem.
Para quem (acha que) não tem nada a perder, entrar nesse jogo pode fazer sentido: pode sair-lhe a sorte grande ou tocar-lhe uma "dívida grande".
. . . .
Continuo a achar idiota jogar um jogo com essas hipóteses de desenlace. No fundo é colocarmo-nos na situação do idiota que perdeu a fortuna e continua a apostar na ilusão de a recuperar.
marques correia: Bom, quem me perguntou não é um idiota. Acho que queria conhecer o meu grau de aversão ao risco (sabemos que todos somos avessos ao risco em graus diferentes) mas concordo contigo que as perguntas não foram felizes... O que não sei é se ele julga que ficou a saber alguma coisa!
:)
Hélas!
Repara que só chamei idiota ao tipo que se afunda no jogo para recuperar o que perdeu.
No resto com comentário o idiota é sempre aplicado ao que as pessoas fazem ou dizem, e nunca a quem as faz ou diz.
Para mim é perfeitamente claro que ditos idiotas não revelam um idiota (bem, se forem muitos, muitos...) assim que como boas acções não indiciam necessariamente um santo.
marques correia Eu percebo bem isso (quem tem dizeres idotas não é necessariamente um idiota) mas olha que não é comum essa percepção, vai por mim... Já quanto aos santos, não sei!
;)
Hélas!
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