Toda a gente sabe que há pessoas que falam pouco. Porque é que falam pouco, isso é outro tratado... Há algumas que são tímidas, outras têm a paranóia do segredo, outras ainda têm pavor que alguém saiba a sua opinião... Toneladas de razões, todas muito diferentes.
Também toda a gente sabe que há pessoas que falam muito; e também para estas as razões são infinitas: há quem tenha receio do silêncio, quem só se sinta bem a fazer publicidade a si próprio, quem tenha sede de ser ouvido, etc, etc, etc - é quase cada vida cada razão.
E também toda a gente sabe que há muita gente que nem é duma qualidade nem da outra: falam muito de vez em quando e falam pouco de quando em vez.
O que há poucas pessoas a saber é que há gente que pensa em voz alta e fala em silêncio.
Hélas!
10 comentários:
A mesma pessoa com ambas as capacidades? Hummm!!!Lamento contrariá-la, minha amiga, porque é coisa que, copiosamente, me desagrada, mas o que tem que ser tem muita força. É que se assim fosse, uma pessoa falante em silêncio e pensante em voz alta seria um ser integralmente cognoscível e todos sabemos que o homem não o é.
mas, Blimunda, Blimunda não retire o Pai Natal a quem gosta de espreitar presentes
Ora! Eu conheço uma pessoa assim. Ela é, como diz a Blimunda, "integralmente cognoscível". É certo que, só eu, consigo ouvir as palavras dos seus silêncios e os sons dos seus pensamentos. Essas pessoas existem. Só é pena que demoremos tanto tempo a conhecê-las!
Alferes, não me diga que ainda acredita no Pai Natal?
Já não Blimunda. Mas a vida tem-me proporcionado verdadeiros presentes! Se calhar sou uma privilegiada. Bem, prefiro pensar que mereço :)
Fico contente, por si Alferes, por ser uma Believer e gostar de presentes. Eu não sou nem gosto e, por isso, sou infeliz. Se calhar também mereço.
Fiquei sem palavras, Blimunda! Admitir que há momentos de infelicidade, acho que acontece a todos. Mas ser infeliz, ninguém merece. Pense bem: tem de haver por aí um presente de que gosta!
Maria de Fátima, não mandes bocas nas conversas das pessoas crescidas!
Alferes, a Blimunda numa coisa tem razão: o Homem não é. Mas sim, há gente que é, eu também conheço.
E estou consigo, chocada e infeliz - uma pessoa como ela não acreditar em presentes é uma coisa horrível.
Blimunda, é de facto infeliz? Ou há momentos em que é infeliz (a habitual subjectividade deste assunto indica que isso é quase sempre, ficando a felicidade com a migalhita do quase)?
Uma pessoa com uma pontaria tão exacta como a Blimunda não pode ser sempre infeliz, isso estraga a acuidade da visão...
Não está sempre infeliz, pois não? Blimunda! Não está, pois não?... Não há ser humano ao cimo da terra que mereça tal, quanto mais a minha amiga!
Calma, calma, minhas amigas. Sou tanto infeliz como são felizes aqueles que assim se dizem. Tão só isto. É tudo uma questão de relatividade. Neste caso afirmei a minha infelicidade mais para explicar a consequência de não ser uma "believer" e de não gostar de presente. É que os presentes quase sempre vêm envenenados pela lei da compensação -dou-te isto mas espero aquilo. Se é que me faço entender. Não, não sou infeliz, como estado permanente e perpétuo mas também não sou feliz de igual modo. Tenho dias como toda a gente. Mais calmas, as minhas amigas?
Blimunda, eu desconfiava - uma pessoa verdadeiramente infeliz perde seguramente a objectividade de que dá mostras todos os dias!
Eu tenho sorte - a maioria dos presentes que recebo ou são anónimos (nem se sabe a quem pagar!) ou chegam-me sem factura.
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