segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Inconstância divina


S. Pedro chorou lágrimas doces quando as minhas férias chegaram ao fim.

Quando eu me vinha embora daquela terra de ciganos, contrabandistas, algarvios e outra gente de mau porte, havia folhas arrancadas às árvores e a maralha andava curvada, em homenagem. Tal era o seu fungar desgostoso.

Quando cheguei a Lisboa o pranto dos céus não permitiu o normal descarregar da bagagem e por momentos julguei que alguém com asas desceria à terra envolto em luz para me ordenar de viva voz que voltasse para casa, já!

Hoje quando saí para o trabalho, o dia estava frígido de desgosto e as folhas outonais dançavam danças de saudade no chão.

Mas que querem? O amor dos santos é inconstante - à tarde tive de despir o casaco, pois S.Pedro anda a fazer pé de alferes a outrém...


Hélas!

3 comentários:

Blimunda disse...

Devia ser proibido contrariar dessa forma ignóbil a vontade dos deuses. Depois é que se vê: dilúvios incontroláveis de lágrimas. Eu,por via das dúvidas por casa me tenho, ora. Não sou tolinha, nem nada!

mac disse...

Bli, devia ser proibido, sim. Por lei!

Marques Correia disse...

...mas em compensação, a chuvada lavou-me o carro que, ao fim de duas semanas de Lagos, estava porquíssimo.