Estava a ver uma porcaria qualquer na TV, não me apetecia fazer nada além de desligar o cérebro. No fim e em voz off, havia umas considerações filosóficas, daquelas de trazer por casa; desta feita era de que a pessoa sente-se definida pelo seu passado e por isso é que é tão angustiante a amnésia, é como uma amputação de si própria.
Parece ser essencial ao equilíbrio humano ter as suas pessoas, que são suas porque é à vida delas que a pessoa pertence. O não pertencer à vida de ninguém é angustiante, faz o indivíduo sentir que não existe embora esteja fisicamente lá a pensar nisso, igual ao que era antes de perder a memória.
O que simplesmente quer dizer que emocionalmente um indivíduo necessita de saber que a sua existência afectou alguém além dele próprio; esta é uma das razões para ser mau - o que é necessário é afectar, e afectar negativamente é muito mais acessível que afectar positivamente.
Mais interessante é o que a voz off afirmou no fim: quem faz o nosso passado somos nós próprios, a despeito do que quer que seja que nos aconteça. Somos nós, é a nossa reacção aos acontecimentos, que tem importância para o nosso inconsciente, não os acontecimentos em si próprios.
O que quer dizer que maltratar uma criança não tem maior importância que a de forçar a criança a ser formada ao lidar com isso. Já pensaram bem nas implicações deste raciocínio?!? Mete medo na alma mais afoita.
Mas eu acho que a voz off tinha razão. Talvez não a 100% porque há coisas exteriores que quebram uma pessoa, estragam-na sem conserto. Passa a não ser bem uma pessoa, um ser livre. Em vez disso é um aleijado que não pode representar a raça nas olimpíadas de Júpiter. Mas talvez isso fosse exactamente o que eles queriam dizer: há pessoas que conseguem, outras ficam pelo caminho... Mas todos podem alterar esse estado de coisas, a qualquer momento.
Faz todo o sentido sermos definidos pelo nosso passado, uma vez que o nosso passado foi feito por nós. Isto é crucial porque se fizer porcaria hoje, amanhã terei um passado de porcaria... E sendo definida pelo meu passado, serei eu própria uma porcaria.
Ora batatas, para quem queria desligar o cérebro a escolha não foi a melhor. Como será que isto vai afectar o meu futuro?!?
Hélas
9 comentários:
Eu ia contestar dizendo que os outros têm grande partcipação no nosso passado. Felizmente, demorei um tantinho mais a escrever, apenas o tempo sificiente para concluir que, afinal, os outros só t~em a participação que nós quisermos e deixarmos que tenham. Hélas! Não há volta a dar, somos os verdaderios e únicos culpados de todo o nosso passado. E como presente e futuro existem segundo o passado, somos os verdadeiros e únicos culpados por toda a nossa vida.
Hélas!
Mas não te esqueças duma coisa fundamental: hoje é o passado de amanhã.
Toda a gente pode alterar o seu futuro, se se der ao trabalho.
Pois...e peito-feito?!!!
Hum, vou entao ter ke alterar umas coisitas, encontrar novas desculpas.
Ná... não há grande volta a dar. É tudo uma pescadinha de rabo na boca.
Bli, faz-se... É um bom investimento.
Privada, tens de vigiar a qualidade da argamassa...
AC, pode estar muito enroladinha mas uma coisa é rabo e outra é boca.
Ora, ora, ora, eu aqui a pensar que estava a dar uma boa notícia ao mundo e afinal só me saem choraminguices, acho que não me expliquei bem: Pessoal, está na nossa mão moldar o nosso futuro! E se ontem estávamos cansados, podemos fazer isso hoje :)
E se hoje continuarmos cansados, Mac? É retórica. Já sei o que vais responder. Fá-lo-emos no futuro do presente que é já passado de ontem. E Entretanto... o tempo...foi! Semântica pura!
O tempo foi, mas o tempo é, Bli...
O teu hoje é fruto do teu ontem, o teu amanhã será fruto dos dois. Portanto, minha amiga... Toma um boi-encarnado e deita mãos à obra!
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