Cá a mim parece-me que a Paz
A tão apregoada, glorificada,
Abençoada, invejada, Paz
é insensibilidade de leproso,
Que nem sente já nada de nada,
quanto mais a falta de uma orelha.
A Paz, a tão celebrada Paz,
é surdez, cegueira,
Ou simplesmente egoísmo.
Paz?!? Qual paz,
entre crianças que morrem de fome,
velhos que morrem de abandono?
Paz?
Depois de morto talvez,
E mesmo assim é questionável:
Provavelmente não é Paz,
São minhocas.
Hélas!
9 comentários:
Pronto, agora mais certo que nunca: quero ser cremada.
Eu também, Alferes!
Que inquietação, seremos avaliados segundo as estrelas Michelin? Bolas...
Acho que as minhocas, como toda a gente, sabe muito bem dizer aos amigos onde é que se come bem, deve haver um guia Minholan algures.
Mas comigo e com a Alferes não se safam, as glutonas.
Receio ter que concordar contigo, o que, diga-se, não é tarefa árdua, já que paz é coisa que, enquanto existir vida - o que é já qualquer coisa porquanto do nosso ponto de vista experimental nada sabemos da morte - nunca acontecerá. Sabemos, tão-só, que existe a não-vida e partindo do princípio que no estádio não-vida existe o reverso do estadio vida em que tudo acontece, acontecerá nada. Ora, parece-me que paz é coisa que não cabe no conceito nada. Vai daí...três vezes nove vinte e sete.
Blimunda, li e franzi o sobrolho. Reli. Fiquei intrigada. Treli. E acho que finalmente percebi, o que é um perigo!
Dizes que nada sabemos da morte e por isso não acontecerá mas eu não concordo - sabemos que toda a gente morre e portanto também nós morreremos um dia.
Quanto ao resto acho que estou de acordo... Mas continua a parecer-me que haverá algures um guia Minholan.
Ora mas é claro que sim, Mac. Morreremos sem dúvida, agora paz é que não encontraremos nessa morte da qual nada sabemos. O que quis dizer é que apenas conhecemos a não-vida. Ora se na não-vida acontece nada e se paz é qualquer coisa, não acontecerá a paz. Será que agora me fiz entender. Dúvido. É que, por vezes, acho que sou atacada pelo síndroma de Privada.
E quem é que é capaz de afirmar que na não-vida acontece nada?
E também, quem pode afirmar que paz é qualquer coisa?
Não, não foste infectada pela verve do privada, acho que isso nem se pega, é único. Mas estás infectada pela dúvida metódica, isso estás. Há muito tempo, graças a Deus (ou a quem tu quiseres).
Partindo do princípio que tudo existe por oposição, a não-vida existe por oposição à vida. Se na vida tudo pode acontecer na não vida, nada pode acontecer. É a lógica da nossa amiga batata, hélas!
Um fim-de-semana a passar malemba, malemba para ti, minha amiga. E já agora, para mim também :)
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