segunda-feira, 31 de maio de 2010

O sorriso


Cheques dentista sem sucesso entre os idosos

O secretário de Estado adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro, anunciou, hoje, segunda-feira, o reforço da verbas para os cuidados de saúde oral. A iniciativa dos "cheques dentista", destacou Pizarro, tem sido um sucesso entre as crianças mas continua com um problema: apenas 10% dos 200 mil idosos beneficiários do complemento solidário beneficiaram do programa.
[Jornal de Notícias]

Eu cá acho é que os velhos têm poucas razões para mostrar a dentuça. Natural ou implantada, tanto faz.

Hélas!

domingo, 30 de maio de 2010

Facebook


É mentira: não se trata de um livro de caras.

Mas é uma network onde oferecem ferramentas para caçar desaparecidos que gostaríamos de re-encontrar e isso funciona, eu própria encontrei uns quantos. Não faço a menor idéia se eles queriam ser encontrados mas o facto de eu os ter finalmente localizado permanece.

Não só é útil como agradável: a gente diz o que quer quando quer e a quem quer ou a ninguém, fala apenas para o ar. Muito agradável.

Mais livre e leve que um blog, porque quem tem um blog e nada diz nele, cedo não haverá quem lá vá, será apenas uma conta abandonada entre tantas outras. No Facebook não é preciso ir: as notícias vêm ter connosco (enfim, algumas delas, pelo menos). Só vantagens. Percebo bem o Facebook, acho eu. E tenho lá conta, como antigamente tinha no merceeiro.

Mas o FarmVille... Que raio leva homens e mulheres adultos e equilibrados, activos profissionalmente, cultos, inteligentes e cheios de energia a cultivar batatas e cebolas virtuais e pedirem ajuda para construirem celeiros virtuais e oferecerem estranhos ovos virtuais e ficarem atentos porque encontraram vacas tristes ou um garanhão intrigado (e que diabo será um garanhão intrigado?!?) no quintal? Voltou tudo aos 6 anos e nem eu nem eles nos apercebemos?

Caraças, eu não tenho idade para ter 6 anos.

Hélas!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Questão


Verdadeiramente estruturante: Será cada pessoa capaz de analisar friamente uma das suas próprias fraquezas?

Eu duvido. As nossas imperfeições são fáceis de compreender e perdoar e portanto fáceis de ignorar. As dos outros, no entanto, são enormes elefantes cinzentos: inamovíveis.

Hélas!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

A quadratura do círculo


São 4 mas só 2 é que aparecem, a 3ª gosta de se esconder atrás de belíssimos, frondosos, apetitosos vegetais e a 4ª é virtual no caixote comum, a cada um as suas couves. Falam, ouvem, lêem e escrevem, têm vida própria, sofrimentos e alegrias, como todos nós.

Uma é tipo Robin Hood, dispara certeiríssima e está lá sempre, no momento - tem assim uma espécie de ubiquidade virtual espantosa.

Outra, não menos certeira, é mais calada e low profile, quase nem se dá por ela. Quando fala é com humor, a gente ri-se mas é melhor pensar bem no que foi dito.

A 3ª fugiu para o jardim, temporariamente cansada dos movimentos desgraciosos dos mamíferos.

A quarta é virtual mas a sua existência sente-se no respirar das outra 3.

É tudo gente espantosa, só vos digo. A net é incrível, tenho amigos estranhíssimos. E o mais estranho de tudo é que começo a perceber coisas como não saber como uma pessoa parece mas saber como é. E é boa, esta espécie de abstracção.

Fantástico.

Hélas!

sábado, 22 de maio de 2010

Ciências da Natureza


Depois dos 65, eles casam duas vezes mais do que elas

São os homens que mais casam e geralmente com mulheres mais novas. As mais velhas "perdem valor no mercado matrimonial".
[DN]

Sabendo que há mais mulheres que homens e que elas vivem mais tempo, confirma-se que eles as preferem mais novas e elas preferem os mais velhos. Tal como qualquer outro mamífero.

Julgavam que a humanidade era especial?

Hélas!

terça-feira, 18 de maio de 2010

O milagre do meu milagre será também um milagre?


Pelo menos demonstra vitalidade e vontade de viver








Hélas!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A homofobia e a tabela


Estava eu com discussões filosóficas à mesa do jantar quando me ocorreu, cristalizada, a explicação de um dos meus espantos mais antigos. Passo a relatar: sempre me fez alguma confusão à carola a maneira como pessoas "normais" reagem à proximidade de homossexuais. Particularmente os homens.

Porquê esta estranhíssima insegurança, este absurdo receio? Toda a gente sabe que nem se pega nem é obrigatório. E, estranho, muito estranho, porquê particularmente os homens?

Fez-se luz, esta noite. Acho. Ora vejam:

Os maricas são os melhores amigos de uma mulher, é sabido. Porquê? Porque são homens - parece estúpido mas é verdade, não é a mesma coisa ser homem ou mulher - mas são uma espécie de homens com os quais a mulher não precisa de levantar as guardas, é uma óptima definição de amigo, não acham?

Sim, eu sei todas essas teorias giras, sou filha do Sec XX. Mas a Natureza é mais antiga que isso e se uma mulher quiser ter paz e amigos ela tem de se pôr à tabela com os homens. Bonitos ou feios, burros ou inteligentes, seja ela gira também ou um coiro velho, tem de se aperceber e reagir na hora certa e sempre, mesmo sempre, estar atenta a sinais potencialmente dúbios. É como atravessar a rua, tem de se olhar para os dois lados e pronto, é assim e não há mal nenhum nisso.

Com os maricas, não é preciso. Pode-se baixar as guardas, pode-se até esquecer as guardas! São homens, sim, mas cuja natureza os impede de estarem minimamente interessados; com eles pode-se ter um homem ao lado, interessantíssimo espécime, sem qualquer potencial perigo... Suponho (já estou a divagar mas pronto) que com eles é o mesmo - as lésbicas devem ser as suas melhores amigas. Mas realmente nem sei, eles não estão habituados a esse tipo de coisas.

Agora reparem numa coisa: as mulheres estão habituadas a estarem sempre à tabela, faz parte do seu treino de sobrevivência. Já nem ligam, faz parte dos hábitos de vida como sair à rua vestida, nem se pensa nisso.

Mas os homens não estão habituados a estar à tabela, são por definição os predadores, hoje e sempre, e a tabela é para as fêmeas estarem... Não é nada racional, são apenas séculos e séculos de vida.

Como diacho pode um predador estar pacificamente em presença de alguém com quem necessita de estar à tabela? Não pode, não consegue. Esse código de vida não faz parte da sua natureza e embora o racional lhe possa dizer que não está em perigo a sua natureza revolta-se contra um estado que não lhe é natural.

Também por isto se percebe que uma mulher, mesmo desconfortável junto de uma lésbica, não se sinta tão agredida. Afinal, ela está habituada a ser analisada, avaliada e caçada. Está, naturalmente, à tabela

É tudo uma questão de anos e anos de hábitos, afinal.

Hélas!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Paz


Cá a mim parece-me que a Paz
A tão apregoada, glorificada,
Abençoada, invejada, Paz
é insensibilidade de leproso,
Que nem sente já nada de nada,
quanto mais a falta de uma orelha.

A Paz, a tão celebrada Paz,
é surdez, cegueira,
Ou simplesmente egoísmo.
Paz?!? Qual paz,
entre crianças que morrem de fome,
velhos que morrem de abandono?

Paz?
Depois de morto talvez,
E mesmo assim é questionável:
Provavelmente não é Paz,
São minhocas.

Hélas!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Fascínio


Estou absolutamente fascinada.

A RTP1 está a dar, como era de esperar deste governo tão alapado aos sentires populares, entrevistas a padres, freiras e populares - desde que sejam populares crentes, claro.

Oiço as coisas mais estranhas. Estranhíssimas, na verdade.

Malta que embandeirou em arco porque o papa João Paulo I não ficou irritadísimo com a greve que impediu o seu voo para Itália sair a horas (o homem teve a honra de não parecer feliz, que era o que devia estar na realidade, tão cansado e doente como estava! Mas aparentemente, há pessoas que não têm o direito de estar cansadas...).

E tantas pessoas que supostamente acreditam num Deus de Amor e Perdão dizem com ar embevecido que "agora compreendem que Deus lhes pede o sacrifício" (alguns dos sacrifícios descritos são anos de dor e medo). Dizem estas enormidades com um ar satisfeito e olhos em alvo.

Como raio alguém racional pode acreditar que quem prega amor e perdão pode pedir também sacrifícios para nada mais que a Sua glória? Nem numa pessoa tal traço seria suportável, quanto mais em Deus...

Tenho uma fortíssima suspeita que, na realidade, nem querem saber Quem nem o que Ele prega, o que querem é sentirem-se reconhecidos como Pessoas, destacáveis da multidão. E não estarem sozinhos, claro.

Não admira nada que Hitler tenha subido ao poder. Ele e todos aqueles capazes de incendiar as mentes, curto-circuitando o raciocínio e anulando o espírito crítico mais básico. Às vezes até parece fácil.

Que tristeza, realmente. Só mesmo Deus, para amar indivíduos assim.

Hélas!

domingo, 9 de maio de 2010

philosophy


De repente - estas coisas são sempre repentinas, não é? - ocorreu-me que abandonei ou fui abandonada por, dá no mesmo, a minha filosofia caseira. Era uma boa e velha amiga, sabem? Com ela, conseguia perceber, ou pensar que percebia, a vida e o mundo. É sempre preferível compreender a razão das coisas, facilita muito.

Actualmente não percebo nada mas como os dias solicitam inexoravelmente acções e reacções, cá ando a fazer tudo instintivamente. Decisões e acções são tomadas e executadas em piloto automático e nunca medidas e equacionadas, antes, durante ou depois.

Tenho sempre a sensação de que não há tempo, o que é evidentemente falso: o tempo é sempre o mesmo e passa sempre ao mesmo ritmo, as prioridades da sua ocupação é que variam. Esta falsa sensação não é mais que um automático mecanismo de defesa para proteger o meu ego da minha actual irracionalidade.

Anyway, a minha velha velha companheira de vida evaporou-se. As teorias que explicavam tão bem esta acção ou aquela angústia primam pela ausência. E este blog, criado para publicação de discursos racionais e coerentes sobre tudo mais a conhecida maleita das meias desemparelhadas tornou-se uma espécie de diário onde choro publicamente as minhas angústias. É patético.

Vou ter de fazer alguma coisa quanto a isto. Ainda não sei o quê, mas alguma coisa terei de fazer - não me importo muito de ser irracional mas patética chateia-me um bocado.

Hélas!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Silêncio que se vai cantar o Fado


Adoro estar sozinha.

Só não gostaria, suponho - suponho porque nunca estive só, como alguém me recordou não há muito tempo - mas sozinha, gosto imenso. Desligar a TV e ler; ou fazer um zaping preguiçoso sem haver ninguém a quem pedir licença, que pueril, simples, grande contentamento!

Não tenho muita sorte - normalmente quando alguém se levanta do sofá para ir para a cama há alguém que se levanta da cama para ir para o sofá. E por vezes é frustrante, aguardar pacientemente aquele tempo de ausência de auras circundantes e ver esfumar-se a possibilidade por força de outros ritmos de vida.

A realidade é que gosto muito mais das auras circundantes que do zaping preguiçoso mas depois cá fico a ressacar a falta de silêncio, rais parta a natureza humana que nunca está contente.

Isto é só coisas que me ralam.

Hélas!

Amanhã


O meu vizinho do cimo das escadas desceu-as num silêncio absoluto, sorriu um sorriso aberto nas minhas costas e disse-me de repente ao ouvido:

-Estás certa uma vez na vida, caramba!

E eu, que estava descansadinha a ver uma porcaria qualquer na TV, fiquei instantaneamente em tensão. O fim de tarde de amanhã é crucial.

O malandro podia bem recordar isso só amanhã, vá lá, pelas 3 da tarde, para eu ter tempo de me preocupar - qual é a utilidade de me sacudir hoje às 22:30? É má vontade, batatas.

Hélas!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Maio, doce Maio


(...)
Verdes prados, verdes campos
Onde está minha paixão
As andorinhas não param
Umas voltam outras não
(...)
[Zeca Afonso? O refrão é popular, mas o resto da letra?...]

Sinto saudade dos Maios da minha infância, quando nem sabia que era Maio quanto mais o que eram saudades.

O meu vizinho do cimo das escadas regouga que só se tem saudades do que nunca se teve na vida; mas como o malandro do subconsciente traveste de experiências maravilhosas (à luz dos anos actuais) coisas tão vulgares (à nossa luz da altura) como correr na rua, estamos todos condenados a sofrer de saudades do que, na realidade, nunca vivemos.

Estou tentada a concordar com ele, batatas.

Hélas!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Blimunda


Tenho uma amiga que está.

Tem a vida dela, as ralações dela, os atrasos dela, as correrias dela, as maluqueiras dela, as ansiedades dela, a família dela, os problemas dela - é humana, acho eu, e portanto lá terá isso tudo, como toda a gente. Mas não sei como, apesar disso ela está sempre presente.

Aqui, ali, acoli e acolá, ela também está, ralhando, animando, rindo, zangando-se, não sei como é que ela faz isto mas a verdade é esta: ela está, sempre.

Pode até nem ter tempo para estar em
casa, mas tempo para visitar a casa dos outros ela inventa-o e aproveita para ralhar, rir, discutir, conversar, contar coisas, gozar a malta presente, em suma: amigar.

Quando eu crescer quero ser assim também, caramba!.

Hélas!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Dança com moscas


Zarazandam pensamentos na minha cabeça como moscas no sol da sala, igualmente dessincronizados, igualmente supérfluos, igualmente incontroláveis, igualmente incómodos.

Já pendurei sacos de plástico cheios de água que brilham ao sol e, supostamente, deviam assustar de morte os intrusos, reflectindo aumentados os seus focinhos feiosos. Mas não funciona.

Tentei sprays insecticidas, muito ecológicos que não matam mas afugentam, tipo levar o meu vizinho do cimo das escadas a fazer discursos incendiados sobre a futilidade dos pensamentos zarazantes. Mas não funciona (e ainda por cima, o vizinho ficou doente com os resultados, não está habituado ao insucesso, coitado).

Tentei matá-los à fome, enrodilhados numa rotina imperturbável de horas rígidas. Mas não funciona.

Tentei ignorá-los com olímpica indiferença, como aquelas pessoas que vemos na TV a falar imperturbavelmente, apesar das moscas que lhes passeiam pela cara. Mas não funciona.

Está provado que são indestrutíveis, só me resta agora conviver com eles de forma pacífica. Isso ainda não tentei mas lá terá de ser. Que chatice.

Hélas!

sábado, 1 de maio de 2010

Forrest Gump


Acabei de rever o Forrest Gump.

Caramba, que há malta que percebe as coisas! Quem escreveu, quem encenou, quem representou - percebem as coisas, pá, percebem mesmo, incrível!

Depois ocorreu-me, devagarinho: não é a primeira vez que vejo este filme, é a segunda. Da primeira vez também gostei, é verdade, mas sem esta exaltação de quem vê a sua Vida e os seus Valores tão perfeitamente retratados.

Pronto, está bem. Não é o Forrest Gump que é a oitava maravilha, é a totó de serviço que está uma mariquinhas do piorio. E nem conheço nenhumas pílulas boas para esta mariquice foleira, que chatice.

Hélas!