domingo, 22 de março de 2009

Cogitações


Andei aqui a cogitar (é um perigo, acreditem!).

Pensei nas mil acções que temos diariamente, algumas inconscientes e mecanizadas, outras pensadas no foro racional e lógico, outras de natureza puramente emocional...

São tão raras, as acções concertadas, não acham?

Há quanto tempo não pondero uma determinada acção levando em conta todas as suas componentes? Tendo em conta, analisado, pesado e medido, as suas consequências estritamente racionais, estritamente sociais, estritamente familiares, estritamente emocionais, e - o pesadelo - todas as interacções destas coisas todas?

Ora batatas. Quando eu era uma jove inconciente dizia que uma pessoa realmente feliz tinha de ser um bocado estúpida (para não se aperceber da infelicidade existente no resto do mundo, que certamente toldaria a sua própria). Hoje, bem mais velha, refino: para uma pessoa ser tranquilamente segura de si própria tem de ser completamente tapada no que diz respeito às suas próprias insuficiências.

Batatas, batatas, batatas. Até tenho medo do que eu própria direi, daqui a uns anos.

Hélas!

10 comentários:

Fátima Santos disse...

"Até tenho medo do que eu própria direi, daqui a uns anos."
mas é que nunca te vi tão consciente, cunhada! ainda estás a tempo de não teres surpresas...assustadoras

Helena Velho disse...

mac

sou desconhecida mas é como se o não fosse.
Uma boa semana e continue a adubar a sua horta. as couvinhas e nós, os/as desconhecidos/as, agradecem.
Mesmo que haja quem goste de fingir que não gosta :)

mac disse...

Maria de Fátima, desculpa dizer-te assim, abruptamente... Mas andas longe!

Maria, bem vinda.
Acho que há malta que é desconhecida porque não lhe conhecemos o nome... Até se conhece o ser mas é preciso tempo para se reconhecer o dito cujo, quando não se lhe conhece o nome.
Giro, não?...

Alferes disse...

Ora Mac! Eu tenho muita curiosidade sobre o que será capaz de dizer daqui a uns anos. E que tal acrescentar "...tem de ser completamente tapada no que diz respeito às suas próprias insuficiências"... e às dos outros. Também estorvam!

mac disse...

Alferes, para ser verdadeira, também tenho alguma curiosidade...

Sim, as insuficiências dos outros estorvam e muito - mas nós só somos responsáveis pelas nossas, não é?

Meu Deus! É, não é?!? Bolas digam-me que sim, que é!

jg disse...

Tudo se resume na sabedoria confunciana:
Quanto mais souberes, mais infeliz serás.
Incontornável!

mac disse...

jg, de facto.

Raio do Confúcio!

Marques Correia disse...

Sra D. Mac, com que então, para se ser tranquilamente segura, etc, etc?!
Antes p'lo, como diria a minha prima Carolina, antes p'lo!

A tranquila segurança de si própria vem (digo eu, vá!) precisamente da consciência das suas capacidades e das suas limitações. Como se pensasse:

Sei até onde posso ir e até aí estou seguro; mas se for para lá do "meu limite" conhecido sei que tenho que me por a pau, mas tenho uma ideia muito razoável dos pontos em que me posso ir abaixo e que tenho que colmatar.

Já imaginaram para onde vai a segurança assente na "tapação" quando o tapado tem um vislumbre, ainda que fugaz, das suas insuficiências?!
Restava-lhe ter também a memória tapada...

Marques Correia disse...

Só agora vi que tudo se resume na sabedoria de ... Confúcio?! Incontornável só se for para não lhe verem o rabo (de palha?)...

Give me a break! Dentre os ziliões e chilriões de malta que andou a roçar o bestunto por este vale de lágrimas e risos, tudo se resume à sabedoria de Confúcio! Bem, antes esse que o guru Maharaji, do mal o menos...

. . . . .
O Mestre deve ter lançado essa de que quanto mais se sabe mais infeliz se é (um óbvio disparate) para evitar que os seus discípulos aspirassem à sabedoria de outros mestres.
O gajo sabia-a toda, o malandro!

mac disse...

Marques Correia, Confúcio, sim, Confúcio. Mas não para evitar que os seus discípulos aspirassem à sabedoria, era mais para evitar que descessem ao profundo desespero.
O tapado, quando tem esse vislumbre, é mau - suicida-se, nalguns casos (no melhor caso, se calhar - no pior, vão parar a RilhaFoles).
O não-tapado, pelo contrário, habitua-se a gerir os seus próprios limites e as suas insuficiências. Mas - ai de mí! - não é feliz.