Morreu. Ou, mais precisamente, matou-se.
Eu não o conhecia bem, estive com ele em meia dúzia de reuniões. Circunspecto, algo fechado, mas a quem não era alheio um certo humor inglês muito ao meu gosto. Jovem (na minha idade quem tem menos de quarenta é jovem), com 2 catraios em idade escolar.
Quanta dor é necessária para uma pessoa não se lembrar do efeito dos seus actos nos seus filhos?
Quanto desespero é necessário para levar um adulto a não aguentar nem mais um minuto?
Quanta solidão é suficiente para que ninguém lhe trave o passo?
Uma colega dizia-me que "é assustador, hoje tudo nos leva a querer ser super-homens mas isso não existe fora da BD" e tinha razão, claro. Como tinha razão quem me disse que "para uma pessoa forte pode ser simplesmente impensável admitir uma derrota pessoal (e qualquer fragilidade é uma derrota pessoal para uma pessoa forte; significa simplesmente que não conseguiu)".
Foi um choque, confesso. Como disse antes, não o conhecia bem mas a imagem era de uma pessoa equilibrada, controlada. De certa maneira a imagem era verdadeira mas este tipo de controlo é discutível, não é?
E deixa-me a pensar, o facto do choque ser generalizado: nunca sabemos o que realmente se passa dentro da cabeça das pessoas. Num minuto trocam graçolas connosco, no seguinte deitam-se ao Metro.
Concordo com a minha colega: é assustador. E triste, também.
Hélas!
4 comentários:
Não sabemos, mesmo! Nem na cabeça das outras pessoas nem o que possa vir a passar-se na nossa. O que é, deveras, assustador.
Pois é.
De facto, há coisas que chocam muito. Mas esse choque, de certa forma e enquanto se vai repetindo no decorrer da vida, é positivo porque significa que estamos a salvo.
Achas, Mofina? Eu não, acho que nunca estamos a salvo. De nada.
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