sábado, 13 de novembro de 2010

Estupidez


Que diabo, não sou estúpida!

Li isto e aquilo, este e o outro. Ouvi este e aquele, contaram-me da outra. Meditei friamente sobre mim própria. Falei com este, escrevi àquela.
Pensei, pensei e pensei.

Não tenho soluções e se alguma coisa nasceu de tanto esforço foi constatar que há problemas que não posso resolver, ou pelo menos que não posso resolver sozinha, como gostaria.

Em consequência, constatei na prática o que já sabia em teoria: resolver problemas em companhia é muito complicado. Porque a companhia não é como eu.
Não tem os mesmos valores que eu - tem outros que eu não tenho.
Não tem as mesmas prioridades que eu - tem outras que eu não tenho.
Não tem o mesmo ponto de vista que eu - tem outros, que não são o meu.
Não vê as alternativas como eu - vê outras, que eu não vejo.

Não esqueçamos que, para a companhia, sou eu que não vê as coisas como elas são. Some-se o facto de que a companhia é superior em número e as mais das vezes não se apercebe que as discrepâncias são individuais, de elemento para elemento da companhia - não são pontos de vista comuns em discrepância com o meu ponto de vista, são pontos de vista individuais, em discrepância entre eles e que têm em comum a discrepância com o meu ponto de vista.

No fim, o problema que todos querem resolver depende da maneira como todos estes desencontros são geridos. E toda a companhia o gere de forma individual e diferente.
Uma salganhada que me custa a gerir, confesso.

Que diabo, parece que sou mesmo estúpida, afinal.

Hélas!

6 comentários:

jg disse...

Eu adopto (no acordo diz-se "adoto"? era só o que me faltava) a sugestão da MFL. Suspendo a democracia por tempo indefinido, resolvo o problema à minha maneira, e devolvo a democracia à outra parte.
Se eu podia ser mais tolerante e democrático?! Claro que podia. Mas não era a mesma coisa.

mac disse...

Bom, eu aprecio a MFL, jg. Mas a sua solução é boa apenas quando se detém o poder de forçar os outros a fazer o que a malta quer.
Quando não se tem esse poder... Ou resolvemos em companhia ou não se resolve.

Acho que faria bem à MFL ter um dia este tipo de problema. Um que fosse inadiável e que lhe mordesse o estômago - tornaria a rapariga um bocadito mais contemporizadora.

É muito fácil falar quando o problema é generalista. Teórico. Sério, sim, mas sem nos tirar horas de sono...

Quando a urgência nos tira horas de sono e não temos o poder de forçar os outros, a coisa muda um poucachinho.

Marques Correia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marques Correia disse...

Bolas, arrastaram-me para uma questão lateral: a MFL teve um desabafo como qualquer um de nós tem - só que os nossos não passam na TV, rádio, etc.
Desabafo que faz todo o sentido: isto ia mas era à porrada, endireitava-se tudo e depois ... podia prosseguir a democracia. Tenho-me farto de ouvir políticos boçais, corruptos e/ou venais, que não lhe chegam aos calcanhares (e até outros sem esses defeitos...) a referirem a tal suspensão da democracia como se tivesse sido uma sugestão, um programa, um alvitre.
Porca miséria! Ao que está sujeita uma mulher na política...

AC disse...

Sem esquecer a questão do timing... há alturas em que é relativamente fácil "suspender" a democracia e endireitar as coisas à nossa maneira, utilizando o medo ou a inercia do "maralhal". Mas se o "timing" exacto passa... torna-se impossível gerir o que podia ter sido gerido de forma autoritária certo, mas provavelmente muitissimo eficaz. É uma coisa lixada, o "timing".

mac disse...

Marques Correia, sim, é uma questão lateral mas interessante na mesma: o que um desabafo faz nascer em corações ansiosos! :)

AC, o timing é sempre fundamental, claro... Mas o "eu é que sei, o resto de vós sedes burros, calai-vos" o autoritarismo, a ditadura, permanecem eles próprios, sejam aceites pelo timing certo ou não - é sempre desrespeito, na realidade...