segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Ah! Pois é...


Eu queria ser feliz. Portanto, queria que aqueles de quem gosto fossem felizes (provavelmente só seriam felizes se as pessoas de quem gostam fossem também felizes, uma reacção em cadeia que só por si inviabiliza qualquer concretização).

Querer ser feliz não é inteligente, há que querer a paz no mundo, o fim das guerras, ganhar sozinho o jackpot do Euromilhões, ser pago para sonhar, ter uma varinha de condão, coisas assim, concretas - só por coisas concretas nos podemos lançar em perseguição, estudar, construir estratégias, sei lá, gastar anos.

Não me apetece gastar anos numa coisa que depois de obtida se revela uma decepção - para decepções dessas bastam-me os anos investidos em pessoas que julguei incorrectamente. Demorei cinquenta anos a perceber isto mas mais vale tarde do que nunca, diz o povo supostamente ignaro.

Já não quero ser feliz, agora quero não ser infeliz. Mas parece que é igualmente difícil, que isto da ingrícola é tramado: ou chove de mais ou de menos, ou faz calor ou frio, ou está sol ou sombra... Mas sempre no momento errado, ou no local errado, ou nas circunstâncias erradas.

Hélas!

7 comentários:

Fátima Santos disse...

eu digo-te, eu repito, eu volto: tu não acreditas
tu vais na cantiga do senhor da esquina que diz que isso não dói
pois ism, pois
pode não doer, mas acaba com a paz de alma e invalida a felicidade
faz ao menos intervalos...e em cada um aplica esse vício...depois menina vive!

mac disse...

Mas que queres tu que eu faça Maria de Fátima, se sou portadora de diferença botanística?!?

Só quando cá cheguei é que percebi que me faltava o botão on/off.

António Conceição disse...

Não me apetece gastar anos numa coisa que depois de obtida se revela uma decepção

Mas acredita que há neste mundo alguma coisa que, depois de obtida, não seja uma decepção?
A felicidade consiste em desejar. Nunca, mas nunca, em obter.
É por isso que eu digo que o amor, por exemplo, devia constituir um impedimento matrimonial. Duas pessoas que se amam nunca deviam poder casar-se. Porque, estupidamente, vão trocar o desejo insaciável que sentem uma pela outra outra, isto é, a felicidade, pela posse uma da outra, isto é pela morte do desejo, a infelicidade.
As pessoas devem casar-se com um(a) amigo(a), com um(a) companheiro(a), com um(a) cúmplice. Jamais, com um ser amado. O amor, para ser eterno, tem que ser extraconjugal. As pessoas devem casar-se, não para viver o amor no casamento, mas para o alimentar fora dele.
Ando a dizer isto há anos. Embora concordando intimamente comigo, ninguém quer admitir, mesmo para si próprio, que tenho razão.
Prego no deserto.

mac disse...

Funes, julga que o casamento é sinónimo de posse?!? Desengane-se antes que seja tarde!

Blimunda disse...

Eu já tive oportunidade de lhe dizer, Funes, que subscrevo inteiramente a sua teoria. Aliás, acho qté que ma roubou :).

Mac, ele não acha, mas as pessoas que se casam acham.

Blimunda disse...

Quero dizer, ele até pode não querer achar, mas acha.

mac disse...

Bli, ná...