domingo, 25 de janeiro de 2009

O Homem é de vidro


Factos da vida humana:
  1. Todos temos fragilidades -  não as mesmas nem no mesmo número, mas toda a gente as tem;
  2. Quando são pressionadas, estas fragilidades podem provocar pensamentos, acções e reacções irracionais, exageradas e até maldosas - normalmente frutos da fragilidade ferida e da nossa reacção à dor, não da situação em si mesma;
  3. É muito difícil, por vezes mesmo impossível, reconhecer estes factos quando nos dizem pessoalmente respeito; mesmo mais tarde e já fora da situação, é raro termos a capacidade de analisar pensamentos, palavras e actos de uma forma objectiva e racional;
  4. Uma reacção inconsciente de auto-protecção muito comum a solicitações às quais não temos condições emocionais para responder é: "...eu não consigo responder a isto como devia... Mas não, não devo nada porque fulano é um grande malandro e não me merece este esforço".
Resta-me reconhecer que, sendo eu uma pessoa como qualquer outra, tenho exactamente estas mesmas limitações. Só posso dizer que nunca fechei uma porta, nunca me recusei a falar com alguém, nunca desliguei um telefonema na cara de uma pessoa e nunca retirei uma oferta de ajuda que tivesse feito a alguém - mas podem crer que já me apeteceu muita vez. Nem sei se isto é alguma virtude mas sei que muitas vezes é difícil.

"E então, onde queres tu chegar, quem são esses malandros contra quem estás a perorar?", perguntará alguém mais pachorrento. 

Olhem, estou tão cansada que só quero mesmo é chegar ao sono da noite. Os malandros de hoje serão os heróis de amanhã, os heróis de hoje serão tanta vez malandros amanhã!

Apeteceu-me simplesmente desabafar em público, que a idade é tramada e eu estou cada vez mais desavergonhada .

Hélas!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Filosofia cavalar


Estive para aqui a matutar e cheguei à conclusão brilhante de que, ao contrário do que dizem, a vida não é um carrossel. A vida é um cavalo sem freio. Ora corre, salta e espinoteia ora anda indolente e lerda, ora pára e não há quem a arranque do mesmo sítio.

Com vontade, jogo de cintura e pernas e persistência, às vezes consegue-se que vá na direcção geral que se quer; mas nunca estamos livres de uma súbita mudança, por causa duns arbustos apetitosos…

Sim, porque a vida tem vontade própria, reage à sua maneira à paisagem que atravessa; e nós, a cavalo dela, que remédio temos senão ir para onde nos leva… E tentar, uma, e outra, e outra vez, levá-la para onde queremos ir.

Às vezes, é um entusiasmo enorme por se ter conseguido finalmente atravessar um bosque, uma alegria, um exultar! Outras vezes o cansaço e o desânimo levam-nos a apoiar a cabeça na crina farta e deixar a vida fazer o que quiser, sem querer saber que a ausência de acção é também ela uma acção…

Hélas!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O ano da graça de 2009


Eu não sei se de facto está, mas este ano parece enguiçado e ainda só vamos a meio de Januarius.

Uma vez houve uma bruxa numa feira que não me quis ler a mão, será que viu lá o ano da graça de 2009 e não me quis alarmar? Na altura pensei que a velhota se tinha esquecido dos óculos na roullotte e teve vergonha de o dizer, mas agora já nem sei.

Ando a faltar às aulas dos meus estudos superiores, será que chumbo ou passo administrativamente? Tenho que mandar um leitãozito ao júri, pode ser que ajude a tomar uma decisão, em vez de ficarem a olhar uns para os outros com ar de parvos.

Ora batatas, só coisas que me ralam.

Hélas!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Frio

Considerem por favor que hoje é ontem, dia 11...

Sopra um vento frio de Norte,
ou pode ser de Sul, sei lá,
Mas sei que sopra e que é frio.

Conduz as tombadas folhas
Num insensato bailado
vazio de sentido e de vida.

Gela o que pode gelar.
Varre o que pode varrer.
Mata o que pode matar.

Sopra um vento frio de Norte,
E eu que estou sem casaco!


Hélas!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Prioridades


Valores mais altos se alevantaram e ando sem disponibilidade mental para qualquer outra coisa além de quem me preocupa e de quem me apoia e conforta...

Lamento; peço desde já desculpas a quem me segue e a quem eu sigo mais ou menos activamente nesta existência digital - uma existência simultâneamente real e virtual; adoro esta dualidade, confesso - mas a minha presença, nos tempos mais próximos, será fatalmente limitada ou nula.

Paciência. Amanhã é outro dia, são 24 horas inteirinhas para mudar o curso à vida. Ou mantê-lo. 

Hélas!

sábado, 3 de janeiro de 2009

Estudos superiores


Andamos sempre tão emaranhados no passado (recente, muito recente, claro, que mais curto que a memória só mesmo a gratidão) e no futuro (próximo, muito próximo, claro, que mais curto que uma previsão só mesmo uma boa intenção) que nos esquecemos muitas vezes de gozar o dia na exacta altura em que passa.

Porque sou muito esperta e percebi isto, ando a estudar a arte de apreender o momento que passa; no futuro estarei habilitada a aproveitar o dia, embora agora não tenha tempo para isso porque no passado fui parva e não estudei a coisa.

Hélas!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Incoerências


O cristão devoto dá uma tareia ao ladrão da sua casa, em vez de o convidar a entrar e oferecer-lhe duche, cama e mesa. Depois se calhar vai confessar-se, pedir a absolvição. Embora no íntimo saiba que voltará a fazer exactamente o mesmo se tornar a acontecer, e sabendo embora que assim não o pode ser, acredita que foi perdoado.

o Manel refila com o polícia que o impede de estacionar onde lhe apetece e refila a seguir com a ausência dum polícia que impedisse a Manela de estacionar onde lhe apeteceu.

O muçulmano que forra o sobretudo com bombas para ir explodir a escola berra indignadíssimo contra a brutalidade da coisa, quando uma bomba lhe entra pela janela.

O Jaquim vocifera impropérios ao condutor do carrito que se lhe meteu à frente mas farta-se de rosnar quando quer entrar numa faixa e não lhe dão passagem, e mete-se de chofre.

A raça humana é um contra senso. Os seus elementos elogiam a civilidade, continuam na idade da pedra, do pau e da moca e julgam que são donos da razão absoluta.

Excepto eu, nunca eu. Eu sou a excepção que confirma a regra, como é óbvio.

Hélas!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

2009


Passei o ano a dançar, como manda uma já longa tradição. Não comi passas porque não gosto e sou céptica, mas à meia noite brindei com champanhe "à nossa!" com quem já me atura há já montanhas de tempo.

Telefonei à cria fora de tempo, porque a network is busy, rais parta a rede móvel. Estou cansada, zumbem-me os ouvidos com a música demasiado alta e doem-me os pés por falta de prática. É tarde, mas não tenho sono. Estou feliz.

Hoje é o primeiro dia de uma ano novinho em folha.Sejam felizes este ano, faxavor.

Hélas!