A vida é um jerico sem freio, já o disse por aqui algures (eu dizia que era um cavalo mas fizeram-me ver que quem é verdadeiramente dono do seu nariz é o jerico, não o seu primo jet-set. Umhhh.... Isto até era de esperar)
Voltemos ao jerico ou seja, ao burro, porque aparte algumas graças sou uma inimiga declarada de eufemismos. O burro, dizia eu, faz muito simplesmente o que lhe dá na gana quando lhe dá na gana porque lhe dá na gana.
A vida também. Tal como o burro, nem sequer nos manda bugiar; faz o que faz, se quisermos vamos com ela e se não quisermos não vamos e ficamos lá atrás a gritar imprecações como o capitão Haddock. Mas ela, como o burro, vai porque quer aonde quer, quando quer e sem se importar nada com imprecações.
A grande diferença é que ao burro a gente pode impor por tortura ou biscoitos determinados comportamentos, temos alguma espécie de influência, de controlo, afinal é um ser vivo como nós.
Já a vida (ou a natureza, que não sei qual a alcunha, qual o nome) não tem dentes para se por freio nem paladar para apreciar biscoitos.
Há anos e anos que busco mas nunca lhe descobri nada com que a possa obrigar ou subornar... Faz o que quer, quando quer, porque quer. Acho que a nós compete levar o guarda-chuva e a toalha de praia e usar conforme for mais apropriado.
Ah! Acho que também nos compete correr, para acompanhar o seu passo quando tem pressa. Só me ocorre que é melhor andar sempre com um par de ténis, junto com o guarda-chuva e a toalha. E lenços de papel, muitos, porque correndo ou não vamos chorar amargamente pelo que não conseguimos fazer ao mesmo tempo.
Pois, o Tempo está feito com a Vida. E é injusto, pois é. Alguém sabe onde é o balcão de reclamações?
Hélas!