O defeito da raça: tentar compreender o "lado de lá" (Nota: o lado de lá é a humanidade inteira. Eu não percebo bem isto mas olhem, sou apenas um resto de couve).
Sem ser empata (de empatia, maldosos morons!) ou telepata, isso implica falar, um enorme gasto de tempo, esforço, paciência, vontade e persistência.
Quando alguém se recusa a falar, alegando montes de boas razões como falta de tempo, de pachorra, de tédio, de cansaço, de estabilidade emocional, de desistência, fica-se na dúvida maldosa: aceita-se (yuuuuupiiiiii, férias!) ou não se aceita (que chatice, isto vai ser esforço para uns muito largos anos de esforço, de persistência, de adiamento da vontade de ir fazer xixi em momenos críticos...), é complicado, não é?
Mas olhem, muito mais complicado que isto tudo é quando quem não se recusa a falar não fala realmente. Antes debita em voz alta e com os olhos em alvo o discurso que o ajudou a suportar as tempestades da vida. Tipo mantra - hooooooooommmmmmmm...
Compreende-se. Mas cria dificuldades acrescidas na compreensão da realidade comezinha.
Devemos respeitar a dor real ou tentar enquadrá-la no vasto mundo, cheio de tantas (e tão diversas!) dores?
Devemos desmontar o óbvio (para quem está de fora) esquema de auto-preservação ou respeitar (quiçá apoiar) as tentativas de sobrevivência emocional?
Devemos desistir, com a confortável certeza de que ele/a sabe melhor e portanto podemos por a viola no saco e descansar?
Não sei. E porque raio, não sabendo, não se pode escolher a via mais cómoda?
Sofro da doença da raça: saber que o "lado de lá" não é o "lado de cá". Ora batatas.
Hélas!