O Garcia Pereira estava muito chateado com a TAP, porque não deu prémios às suas grávidas. Francamente, não percebo porquê. Devia dar? Equiparar as ditas aos seus trabalhadores mais produtivos e esforçados tendo elas trabalhado bastante menos?
Já oiço o coro de protestos: "Mas estão grávidas, pá!"; "Tem de se apoiar a gravidez, palerma"; "Ó parvalhona, o País precisa de crianças!".
Concordo com tudo. A gravidez deve ser apoiada, a mulher não devia ser financeiramente penalizada por dar ao mundo uma criança e o país precisa de futuro.
Só não concordo que os custos de todas estas coisas tão boas devam ser suportadas pelas empresas.
Se é bom para o País, o País que pague. Que seja o Estado a pagar os meses de ausência por licença parental e os prémios que não foram ganhos por razões de gravidez.
É como as rendas de casa congeladas: sim, concordo que os mais pobres também têm direito a uma casa mas discordo liminarmente que essa benesse deva ser suportada pelo senhorio.
Liberem o mercado e o Estado (sim, todos nós, com os nossos impostos) que pague ao senhorio aquilo que o pobre não pode pagar. Talvez se evitassem as centenas de casos de pessoal com belíssimos ordenados e que pagam 50€ de renda da casa de 7 divisões no centro de Lisboa, apenas porque já lá moram há 30 anos...
Ou as centenas de senhorios que não têm dinheiro para as obras e vêem as suas casas a degradarem-se todos os dias.
Pode ser-se pobre e ter casas em Portugal - este país é dado a paradoxos, toda a gente sabe.
Informo desde já que não sou pobre, não tenho casas alugadas, não estou grávida nem nunca estive de licença parental. Também não sou nem fui empresária, nunca paguei os custos acima referidos.
Na verdade, não tenho qualquer interesse pessoal em nenhum dos assuntos deste artigo e até simpatizo com o Garcia Pereira e as suas lutas.
Apenas me irrita esta mania de considerar que as empresas (visam o lucro, as malvadas) e alguns particulares (têm bens, são maus) é que devem pagar por aquilo que todo um País quer.
Se todo o País quer, todo o País pague.
Hélas!
4 comentários:
É fácil ser bondoso à custa dos outros!
P.S. - Eu também nunca estive de "licença" parental. Mas tenho pena!
Obrigada, Alferes, apreciei a delicadeza.
Sim, é fácil ser bondoso quando são outros quem paga a conta...
Bem dito!
Marques Correia, eu bem sabia que um dia teríamos de estar de acordo :)
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