quinta-feira, 8 de março de 2012

Pergunta, perguntas...


Um dia perguntaram-me se sabia qual tinha sido o melhor ano da minha vida e eu não sabia. Suponho que deve ter sido em criança, tenho uma ideia vaga que minha infância foi muito feliz.

De outra vez, perguntaram-me o que é que eu esperava da vida e eu não me lembrei de nada. Perguntassem hoje e a resposta seria a mesma... Sinceramente acho que não espero nada da vida, o que fiz está feito e para o que não fiz já é tarde.

Talvez fosse mais correcto dizer que desejo que ninguém lá em casa perca o pão nosso de cada dia ou a saúde, que nenhum daqueles que chamo de meus tenha um azar que implique sofrimento. Mas isso não são bem coisas que se esperam da vida, são mais coisas que se espera que a vida não nos dê.

Seria bom, desejar intensamente tirar o brevet, ou construir uma vida alegre num país tropical ou comprar um Aston Martin: isso traria o objectivo que vale o esforço, o motivo para levantar da cama de manhã.
Mas a mim isto não me diz nada; acho que a certa altura da vida e sem eu dar por nada, o meu espírito reformou-se e foi para parte incerta.
Nada quero para mim e aos outros apenas desejo que não necessitem de mim.

Não me interpretem mal, não tenho qualquer desejo de morrer; mas se eu morresse neste instante não ficaria nenhum sonho por conseguir, nenhuma pena pelo tempo ser insuficiente - insuficiente quer dizer que não chega para alguma coisa em que é necessário.
Dos meus sonhos, os que não aconteceram evaporaram-se e já não existem. Não necessito de tempo, pois nada há que esse tempo me possa dar.

A vida por enquanto é confortável e a companhia é boa. Gozemos a vida, então.

10 comentários:

privada disse...

Isso não é o topo do karma, do buda, do nirvana, ou do ... olha estou a franzir a testa e não me lembro do outro, mas acho que isso é o topo de qualquer coisa, que permite o ekilibrio, e acho k só acontece tarde. Se calhar estas madura Mac

Mofina disse...

Sábia doçura...

mac disse...

Devo estar, Privada, há partes de mim que até estão um bocado estragadas.

My sweet Mofina...

AC disse...

Às vezes tenho a impressão de que somos mais do que apenas irmãs de sangue... É que o sangue ninguém escolhe, agora a alma...

mac disse...

É que somos amigas também, AC.
E se a irmandade é para a vida toda no matter what, na amizade podemos ou não escolher aguentar os baixos à pala dos altos...

Acho eu, sei lá.

carla antunes disse...

Maninha,
A vida envelhece,a mente muda,o corpo altera, o mundo transforma-se mas Alma....essa permanece, certo?

mac disse...

Acho que a alma não pode permanecer igual pois a mudança é a constante da vida - aquilo que não muda está morto ou nunca viveu. Definitivamente, a minha alma não é igual ao que era quando eu tinha 20 anos... Embora os meus valores possam ser os mesmos (mas não são, de certezinha - os de hoje estão polidos pela experiência, pelo amor e pela dor)

Por mim, tento que as inevitáveis mudanças da vida não me roubem pessoas, tenho poucas...

Marques Correia disse...

Se bem me lembro o Sidarta Gauthama dizia que essa ausência de desejo era o princípio da felicidade.
Mas, se calhar, o tipo falava por parábolas e quereia dizer outra coisa.
Não?

privada disse...

Era o Sidarta, esse mesmo, não conseguia lembrar-me. Obrigado.

mac disse...

Não sei, a felicidade é uma coisa tão pessoal... E atingir objetivos também sabe muito bem.