segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Há dias assim


Quando tudo desaba, desaba tudo.

Mais uma vez faço de conta que não é nada comigo.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Efeméride


Foi ontem, o dia que não quis assinalar.

Hoje, assinalo o passado não assinalado, rais partam a natureza humana.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Farmville


Porque necessita o homem de passatempos nesta era em que todos se queixam de falta de tempo?

Há mistérios insondáveis.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Coisas que dão cabo do sossego


Há coisas que me dão cabo da carola.

Quer dizer, não me espanta nada que um velhote de oitenta e tal, desesperado por não conseguir responder às necessidades, mate a fonte delas para que não necessite mais e se mate a si próprio a seguir, incapaz de suportar por mais um segundo a dor excruciante de não ser capaz de prover a quem ama - é compreensível, quem é que não compreende este desespero? Horrível, claro, mas perfeitamente corriqueiro, uma tragédia comum (muito se poderia dizer sobre ser comum esta horribilidade mas hoje não quero falar disso).

Agora quando vejo uma criança pequena no supermercado começar a chorar gordas lágrimas sem som porque o pai, chateado com o palrar incessante, lhe diz em tom surdo e baixo "Cala-te, és feia a falar!"... Isso dá-me cabo da carola.

Batatas, mas porque é que os têm?!?

Estarão sinceramente convencidos que é mais ou menos a mesma coisa que ter um gato mas mais cool e depois, face à realidade, sentem-se legitimamente defraudados na expectativa?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Animais


Não gostar de animais é lógico: não usam a casa de banho, são desesperadamente dependentes, largam pelo, não tomam banho sozinhos e se não houver ninguém para lhes trazer o jantar protestam alto e bom som como se a sua fome justificasse a nossa função de criado às ordens.

Mas eu gosto de animais (bom, não de todos, insectos e primos elevam-me o nível de desgosto para patamares decisivos. Mas gosto bastante de tudo o resto, ratos e répteis incluídos).

Porque gosto eu de animais, o que é que eles têm que me aproxima automaticamente, ao contrário do que sucede com as minhas companheiras de raça ou os nossos simbiotas?
Suponho que seja a sua honestidade intrínseca e inescapável.

Quem é que alguma vez viu um cão abanar o rabo a uma pessoa de quem não gosta? Ou um gato ronronar num colo imposto? Acho que ninguém, não se consegue impor manifestações de amor a um animal.

A raça humana é capaz de domar a sua própria (rácica e individual) natureza e abanar o rabo a quem detesta ou ronronar a quem o magoa. É sem dúvida uma superioridade - mas que ao mesmo tempo nos diminui na minha consideração.

Batatas, eu adoro o microondas, a internet e não viver há 100 anos atrás, quando a mulher era apenas para se ver e desfrutar... Uma época cheia de valores, dizem-me, mas que seguramente não eram os que eu prezo.

Sabendo perfeitamente que não se pode ter a clara do ovo sem a gema, desaprovar estas manifestações da nossa superioridade será hipocrisia?

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Todos os dias

Meu amigo
sempre discreto,
Ninguém te viu.
Todos os dias,
Todos os minutos,
Sempre aqui,
Comigo.
Ninguém te viu.
Jantar, almoço,
Lanche... Se calhar
Uma boleia para casa.
Um apagamento.
Um riso.
Um suporte.
Uma ajuda.
Um apoio.
Uma carícia.
Todos os dias.
Uma realidade que
Não é apreendida.
Todos os dias.
Todos os dias
Todos os dias.
Todos os dias.
Todos os dias.
Todos os dias.
Sempre um sorriso
Todos os dias.
Sempre o apoio
Todos os dias.
Sempre o jantar
Todos os dias.
Todos os dias.
Todos os dias.
Todos os dias.
Todos os dias.
Eu sei o que quer dizer
Todos os dias.
Eles não sabem,
Nem sonham,
Mas eu sei.
Meu amor,
Todos os dias
O meu amor.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Nem sei que diga

Porque tudo o que possa dizer é excessivo ou insuficiente.

Bjs, meninos, podem crer que vos compreendo.

O artigo anterior é temporalmente infeliz mas mantenho-o. Chorando embora

Lágrimas

Ocorreu-me de repente que, se fosse fisiologicamente impossível a uma pessoa chorar com pena de si própria haveria muito menos lágrimas no mundo.

Só discordo de uma amiga minha num ponto: acho que ela julga que não haveria quaisquer lágrimas, eu acho que haveria muitas. Demasiadas.

Mas haveria muito menos do que há hoje.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Biodiversidade


Por vezes olho para eventos, decisões, acções, discursos, coisas, sei lá, e a única coisa que me ocorre ao espírito é: "Como raio é isto possível? Estarão completamente doidos ou sou eu que estou maluquinha da silva e sem dar por nada?"

Obviamente que fico sem resposta e como não moro na mesma cabeça também fico sem poder ajuizar de motivos, portanto nem por aí me safo...

Digam-me: nunca acharam um facto concreto - ou discurso, acto, coisa exterior levada a cabo por outrem - um bocado surrealista?

Não sei porquê mas ultimamente o fenómeno parece mais frequente, devo estar a envelhecer. O que é ilógico, sempre pensei que à medida que o tempo passa uma pessoa espanta-se menos - afinal, já viu mais coisas, não é?

Pelos vistos, não é mesmo

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A fabulosa equipa


Hoje em dia fala-se muito de equipa. Trabalho em equipa, a equipa é que consegue as coisas, nada se faz individualmente, a equipa é que consegue tudo, devemos todos remar no mesmo sentido e com o mesmo metrónomo - estou certa que todos sabem do que falo.

É giro porque ao mesmo tempo que se defende esta coreografia coreana de precisão milimétrica se defende ao mesmo tempo o pensamento "fora da caixa". Ou seja, movam-se sempre como um relógio suíço, ao mesmo ritmo do anterior, do posterior e do todo mas pensem tão individualmente como um jaguar.

Eu posso imaginar 2 jaguares num bailado harmonioso de contra-pontos mas não numa peça de sincronia.
Parece-me que a primeira parte do discurso não casa com a segunda; ou a retórica brilhante embota o público ou eu maldosamente só vejo açúcar quando afinal estou a olhar para a miraculosa cura de humanidade.

Certo é que a maioria das pessoas gosta e não vê nenhuma contradição no discurso.

Isto é só coisas que me ralam!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Peúga


Fiquei a olhar para o buraco e não me vi ao espelho mas devia estar com um ar mesmo estúpido.

Depois lembrei-me que um par novo daquelas meias fica mais barato e com melhor aspecto que um carrinho de linhas na retrosaria aliado à minha falta de pachorra para cerzir.

Tudo voltou ao seu lugar tranquilo, não há dúvida que prefiro o sec. XXI: os egípcios sempre existiram mas as lojas chinesas ao virar da esquina não, aqui há uns anos tinha mesmo de cosipar a meia.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Mudança


Pensei seriamente em acabar com este blog pois a sua natureza esgotou-se.

Mas reconsiderei e afinal não vou matar o bicho, vou antes fazer-lhe o que a natureza faz aos seus quando não os mata: transformar. Alterar. Enviesar. Entortar. Isso.
É mais asseado que matar este e criar outro amanhã, como fazem aquelas empresas que devem e não querem pagar.

Primeiro a substância; os textos deverão ser bem mais interessantes que queixas contra as agruras sérias da vida, que bem basta essas porcarias existirem, não deve ser bom fazer-lhes publicidade ainda por cima.

Pode manter-se a filosofia caseira, que até é divertida e pode ser interessante, desde que não seja uma filosofia de choradinho ou uma introspecção pessoal.

Além disso, o dia 11 deixa de ser a 11 e passa a ser quando eu quiser, como o Natal - com conta peso e medida, que rimas é coisa pesada demais para comer frequentemente, faz mal à barriga.

E acabou-se o Hélas, que conforme me explicaram uma vez há muito tempo por vezes até é idiota relativamente ao texto que subscreve.

Depois, o aspecto. Este castanho é deprimente e para depressões bastam as coisas reais e impostas, deprimirmo-nos por moto próprio é inacreditavelmente estúpido.

Quando eu tiver pachorra, que agora se esgotou.