- Fogo, pá, pensei que já tinhas resolvido a tua vida!
- Também eu, pá, também eu... Mas agora saiu-me isto na rifa.
- Rifa? Mas que rifa? Atão inda jogas nas rifas, pá, fogo, não sabes que isso é tudo uma aldrabice?
- Eu sei mas que queres? A rifa andava comigo inda nem eu sabia de rifas!
- Deita a rifa fora, pá, essa onda é pesada, os prémios são sempre maus, bonecas de plástico, pentes maricas, porta-chaves horrorosos, a gente nem tem uso para aquilo nem consegue deitar fora!
- Como é que deito a rifa fora? Vinha na algibeira sem eu saber, pá, sabes lá tu o que já fiz com aquilo! Mas eu não sabia que era uma rifa, juro.
- Mas as rifas tão aldrabadas, pá, pagas sempre mais que o que recebes!
- Eu sei, eu sei, mas que hei-de fazer se já tenho a rifa?
- Dá a rifa a alguém, pá!
- Já tentei e ninguém quer. É lixado, pá, não sei que fazer, podes ajudar?
- Eu? Fogo, detesto rifas, tenho azia, urticárias, sofro do coração, sinto-me mal... Além disso, pá, tu é que tens a rifa.
- Eu sei, eu sei... Eu é que tenho a rifa. Mas se tu quiseres, partilho contigo, pá.
- Tu tás mas é maluco, eu já resolvi a minha vida sem rifas.
- Eu sei, mas assim a dois era mais fácil, ficavas com a rifa uma semana de 2 em 2 meses...
- Tás doido, pá, a minha vida tá tão arrumadinha!
- Nem tinhas de te preocupar com o pente de plástico, pá, eu guardo o pente, só tens de levar a rifa de vez em quando...
- Tás maluco, pá, eu vou pró Gerez na semana que vem, mais a mulher e a filha, tenho lá espaço para rifas!
- Pronto, tá bem, deixa lá.
- Atão e agora?
- Sei lá, pá, tu também tens a mania que eu sei tudo!
- Pensei que sabias, pá, caraças, também estás sempre azedo!
- Desculpa, a minha vida tá complicada por causa da rifa.
- Fogo, eu só queria ajudar, quem me manda a mim, um gajo que tenta ajudar tá sempre feito ao bife.
Hélas!