Hoje dói-me tudo.
O que disse e o que não disse. O que me disseram e o que não me disseram. O que pensei e o que julgo que outros pensaram.
Dói-me não conseguir comunicar o que penso e não compreender o que me dizem.
Dói-me não conseguir traçar a linha concreta entre aquilo que sou capaz mas não me dá jeito e aquilo que realmente não sou capaz por muito que me esforce.
Dói-me não ser capaz nem de abdicar do que quero nem de fazer o que é necessário ser feito para ter aquilo que quero.
Dói-me o mundo e a minha existência nele.
Há dias em que a minha vontade é deitar toda a gente fora, à excepção dos que fazem parte de mim. Claro que depois ficava uma couve sem interesse até para esses mas que interessa?!? Eu seria mais feliz ou, pelo menos, menos incomodada; eles que se tramem, já que gostam de mim.
Depois lembro-me que este tipo de dependência dá sempre asneira e lá voltamos ao mesmo.
Dói-me nunca haver repouso, dói-me que o sossego que me apetece seja morto, podre. Dói-me saber que a vida saudável nunca tem sossego mesmo sabendo também que há felicidade nesse carrocel... Dói-me e não me adianta nada saber que só aos mortos não doi.
Isto é só coisas que me ralam.
Hélas!