sábado, 28 de novembro de 2009

Dói-dói


Hoje dói-me tudo.

O que disse e o que não disse. O que me disseram e o que não me disseram. O que pensei e o que julgo que outros pensaram.

Dói-me não conseguir comunicar o que penso e não compreender o que me dizem.
Dói-me não conseguir traçar a linha concreta entre aquilo que sou capaz mas não me dá jeito e aquilo que realmente não sou capaz por muito que me esforce.
Dói-me não ser capaz nem de abdicar do que quero nem de fazer o que é necessário ser feito para ter aquilo que quero.
Dói-me o mundo e a minha existência nele.

Há dias em que a minha vontade é deitar toda a gente fora, à excepção dos que fazem parte de mim. Claro que depois ficava uma couve sem interesse até para esses mas que interessa?!? Eu seria mais feliz ou, pelo menos, menos incomodada; eles que se tramem, já que gostam de mim.
Depois lembro-me que este tipo de dependência dá sempre asneira e lá voltamos ao mesmo.

Dói-me nunca haver repouso, dói-me que o sossego que me apetece seja morto, podre. Dói-me saber que a vida saudável nunca tem sossego mesmo sabendo também que há felicidade nesse carrocel... Dói-me e não me adianta nada saber que só aos mortos não doi.

Isto é só coisas que me ralam.

Hélas!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Alma minha, gentil...


Depois de deitar a alma cá para fora, reparei que não era dia 11.

Ando sempre com os tempos trocados, que chatice.
E estou com demasiado sono para traduzier poesia em prosa, que velhice.
Além do mais,falha-me a diplomacia, que tontice.
E estou sem pachorra para inventar outra coisa, que azelhice.

Só coisas que me ralam!

Hélas!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A idade não perdoa


Olhei para o telemóvel e tinha lá 2 chamadas não atendidas.

Note-se que sou daquelas que nunca desliga o telemóvel nem de noite nem de dia, dorme com o dito na mesa-de-cabeceira (é o despertador, coisa horrorenda), põe em silêncio com vibração quando está em reunião e atende sempre, sempre! Mesmo que seja para dizer que depois telefona.

Ó pitosgas, conhecem aquela distância em que nem com lunetas nem sem elas se vê nada decente? Pois, eu também, cada vez mais.

E hoje cheguei à conclusão de que ainda por cima, me ando a esquecer de coisas, tipo convocar ontem uma reunião importante para amanhã - ficou para depois de amanhã, que hei-de eu fazer?!?

Ora batatas: cegueta, surda e xoné, cada vez mais percebo o desespero dos velhos.

Hélas!

domingo, 22 de novembro de 2009

Hora, minuto, segundo...


Passei esta semana inteira numa luta contra o tempo e este fds foi um sprint, passei o sábado e o domingo a olhar para o relógio para ver se ainda tinha tempo de fazer isto ou aquilo ou se a respectiva tasca já tinha fechado a loja...
Imaginem que até me levantei cedo e tudo, ao fim de semana isto é um crime de lesa-majestade para a minha real natureza noctívaga.

Não estou triste com o resultado – podia certamente ser melhor mas também podia ser muito (mesmo muito!) pior. De um modo geral a maralha portou-se bastante bem, dando o seu tempo, preocupação e competência ao fim em vista, daí os resultados suficientes.

Não estou feliz mas não estou descontente.

Agora, na semana que vai entrar e apesar de saber que vai ser difícil, não permitirei que a limpeza das cestas me afaste dos meus outros interesses todos, dos meus amigos e da famelga.
Ora batatas, às vezes até a mim espanta esta minha tineta em dar suma importância a coisas com que me parece que mais ninguém desperdiça tempos alegres.

Juro – e nem sequer é 31 de Dezembro, portanto é uma jura séria.

Hélas!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Desculpem


Fui dormir.

Há coisas das quais sou escrava, que hei-de eu fazer além de estrebuchar até adormecer?!?

Hélas!

domingo, 15 de novembro de 2009

Modelos


Houve um impulso irreprimível (escusado será dizer o que toda a gente já sabe, eu NUNCA tenho culpa de nada, são tudo traumas de infância ou virtudes arduamente conseguidas) e, porque sou uma gaja tão livre que nem ás suas próprias peias liga nenhuma, cá está isto, roubado daqui.

São estas e outras que me envergonham: não são os nossos problemas surrealistas, dificuldades de mariquinhas que não sabem qual o chá que querem tomar às cinco?

Hélas!

sábado, 14 de novembro de 2009

Mesquinhices


Dizem que a inveja é defeito de português mas eu não concordo; acho que é uma característica genética da raça humana - uma característica detestável mas muito humana. Penso que os bichos não são assim: avançam quando acham que merecem melhor e depois ou conseguem ou não; em qualquer dos casos arrumam o assunto e não o deixam a apodrecer a sua vida.

Reparem: nunca olhamos duas vezes para quem é melhor (dizem que faz mal, que cria complexos de inferioridade...);
Quando vemos alguém rico dizemos com um ar conspiratório que "de algures lhe vem..." porque mesmo não havendo nada que aponte para vigarices não podemos aceitar que sem elas alguém seja mais rico que nós;
Quando vemos uma pessoa realmente altruísta pomos a dita em Rilhafoles porque aquilo não é normal! ou então suspeitamos das suas intenções...
Um rol interminável de acções e pensamentos desprezíveis, todos nascidos da inveja.

Noutra vertente (ou quiçá a mesma?!?), quem tem o hábito de comparar o que se consegue com o que conseguem os melhores é tido por um "tipo destrutivo, que só gosta de deitar abaixo".
Quem não embandeira em arco porque alguém faz o que é suposto fazer uma pessoa normal é "um parvalhão que tem a mania que é melhor que os outros".
Quem não rotula uma pessoa decente de "excelente" é um porco que não sabe o que custa ser uma pessoa decente porque ele, manifestamente, não é.

Às vezes espanta-me como é que a humanidade consegue avançar.

Hélas!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sexta-feira, 13


Amanhã (hoje a acreditar no relógio, idiota estúpido que não sabe que ainda não fui domir - para mim é 12, ó parvalhão!) é dia de bruxas e maldizer. É aquele dia em que há desculpa para tudo.

Sempre achei fantástica, a capacidade criativa do Homem.

Hélas!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Uma vida normal


Vivi os dias como os sabia
Límpidos e puros e livres
Não sabendo nada, sabia tudo
E a Vida era simples e clara
Mesmo quando era difícil.

Mas há mesmo monstros, afinal
Escondidos debaixo da cama
Mesmo que não acreditemos neles
Rasgam com as garras rombas
Os sonhos que vivemos acordados.

Hoje não tenho certezas
A pureza há muito desapareceu
E os monstros tornaram obscura
A limpidez da certeza do Bem
E a liberdade da escolha do Mal.

Hoje os dias são-me estranhos
E os momentos fáceis da Vida
Nunca são simples ou claros
Mesmo sabendo mais que ontem
Nunca sei nada com certeza.

Hélas!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A Riqueza das Nações


Tive (infelizmente já cá não mora) um amigo que tinha os ditos mais engraçados que já ouvi.

Eram frases cheias de humor e a malta podia rir-se delas alegremente. E podia, se quisesse e depois de se rir, pensar nelas.

Uma coisa que ele costumava dizer, a propósito disto ou daquilo era: "Não se deve acabar com os ricos, deve-se é acabar com os pobres".

Uma frase cómica, com sábias palavras. Acho que este mundo andaria bem melhor se, em vez de se tentar acabar com a riqueza das pessoas ricas, se tentasse acabar com a pobreza das pessoas pobres.

Posso estar enganada mas parece-me que, como de costume, é mais fácil matar a fortuna dos afortunados e assim acabar com as comparações dolorosas que combater as circunstâncias que condenam os desafortunados. E o Homem, como toda a gente sabe, é um gajo preguiçoso.

Depois há tipos como este, que vêem desassombradamente a nossa natureza e conseguem rir-se dela. Melhor ainda, conseguem fazer-nos a nós rir dela...

Abençoada gente, que inveja!

Hélas!

domingo, 8 de novembro de 2009

O que é a verdade?


Nós não gostamos da verdade e essa é que é essa.

Não gostamos das coisas como são, só gostamos das coisas como deviam ser; e este deviam contém todo o nosso egoísmo, todas as nossas manias, todas as nossas limitações, todas as nossas loucuras e todas as nossas virtudes; a palavra chave aqui é nossas.

Se dependesse de nós, a verdade dos outros não existiria e a Verdade, assim com letra grande, seria sempre só uma, a nossa.

É necessário amor para encarar a verdade dos outros. É necessária honestidade, para aceitar as coisas que lá estão e que são verdadeiras e das quais nós não gostamos. É necessário sacrifício porque dá imenso trabalho mudar a nossa verdade, mais a mais com coisas que não nos beneficiam em nada. E é necessária firmeza, porque a verdade dos outros também não é a Verdade, é simplesmente a verdade deles.

E isto é uma trabalheira desgraçada. Para quê? Porque raio havemos nós de nos importar com a verdade dos outros? Porque não é suficiente a nossa, porque diacho nos importamos com as diferenças e defendemos acaloradamente a nossa verdade?

Acho que é porque no íntimo, lá bem no fundinho do nosso ser, escondido no escuro e muito tímido, reside um gajo horrorosamente firme e que nunca se dobra. A gente bate-lhe, mata-o à fome e abafa-o mas o parvalhão nem morre nem dobra. E quando, já cansados, lhe gritamos "E o que é a verdade, hã? Diz lá o que é a verdade, hã?!?" ele olha para nós mas não responde, porque ele nunca responde àquilo que a gente já sabe.

E é preciso amor para dizer a alguém a nossa verdade. Acho que é preciso tanto quanto o necessário para a ouvir.

Acho que é por isto que, em geral, a verdade me dói. E também é por isto que agradeço o facto de ter gente que me diz a sua verdade. Porque na verdade é muito mais fácil fingir que a verdade dos outros é a nossa verdade e, francamente, essa é a maior mentira que conheço.

Hélas!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Irritação


Irritam-me aos emails em cadeia - mande agora a 5/10/20 pessoas e verá a sorte grande a nascer à porta!

Irritam-me os cartões de fidelidade: diga-nos as suas preferências, o seu BI, o nº de contribuinte, o agregado familiar, a cor das cuecas e a malta dá uns bónus quando nos der jeito!

Na mesma linha, irritam-me os prémios na blogosfera: a maralha iluminada deu-te um prémio, agora faxavor põe o nosso selo (com um link, óbvio!) na tua casa, publicita quem te premiou, diz aí mais 5/10/20 gajos que te pareça estarem de acordo com isto e avisa-os que têm de publicitar quem os premiou e denunciar mais 5/10/20 existências...

Que querem? Irrita-me. Gosto é daqueles que, vendo o que veem, escolhem conforme acham e dizem de sua justiça; não avisam ninguém, não pedem referências, não exigem contrapartidas e não impõem regras. Limitam-se a referenciar o que acham digno de referência. Acho isto de louvar e de seguir o exemplo.

E deixem-se de risinhos parvos, que eu conheço sítios assim.

Hélas!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Amanhã


Deixem que vos diga: amanhã é outro dia, 24 horas de oportunidade.

É complicado, isto, claro, nem poderia ser de outra forma em assuntos humanos: se nos ficarmos sempre pelo amanhã, nunca vivemos o hoje... E se só olharmos para hoje, certamente que o amanhã será horrível! Como de costume, a prima Virtude anda algures pelo meio, a passear e a colher flores - umas mortas, outras abertas e ainda outras em prometedores botões...

Mas agora estou cheia de sono, toda a gente sabe que o Homem é perito em parvoíces, não adianta nada chover no molhado e se não durmo agora sei lá se daqui a uma hora me passa o sono e depois nem o despertador me vale, vivemos numa ditadura relojoeira de ampulheta em punho, uma coisa horrorosa que perturba o bio-ritmo e me transtorna as noites e o que me vale nisto tudo é o madrugador e pachorrento homem com um café cheiroso...

Vou pró berço!

Hélas!