segunda-feira, 31 de março de 2008

Ainda as nossas escolas...

Os dois alunos foram transferidos.

Mudar a batata quente da rapariga para outro lado é obviamente melhor para todos:

  • É melhor para a escola antiga que já não tem de fazer nada de relevante (não têm nada que andar a educar os filhos dos outros);

  • É melhor para a aluna que pode começar de novo sem lastro (até podia ficar traumatizada para sempre, se a obrigassem a conviver com as consequências dos seus actos);

  • É melhor para os pais dela que não têm de perder tempo a ir à escola colaborar na sua educação (afinal é para isso que a escola serve, não?);

  • É melhor para os colegas que podem esquecer o episódio (saiu um jogo novo para a play station).Isso tem consequências e é bom que ele aprenda; mais vale mandar umas bocas ou impedir influências pacificadoras, como aqueles que foram claramente filmados mas não foram transferidos.

E depois ouço dizer com ar pungente que "esta juventude não se responsabiliza por nada, pá".

Acho fantástico, verdadeiramente fantástico. Vocês não acham?

Hélas!

Professores, telemóveis, propriedade privada e sensatez

Eu sempre disse que não é qualquer um que serve para professor, pois saber a matéria é a menor das suas competências... Mas quando o desemprego aperta, a selecção de candidatos é pitosga, as condições de trabalho são do pior e futuro é apenas o tempo de um verbo, o resultado geral não pode brilhante - independentemente do trabalho de muita gente competente e esforçada no sector.

Supondo que (fundamentais, estas suposições)
  1. A aluna estava a utilizar o aparelho (coisa que o vídeo que me enviaram não mostra, mas que parece evidente pelo desfecho);
  2. Os alunos foram expressamente informados que não podem utilizar os telemóveis durante as aulas nem para sms, em vez da escola supor que os pais lhes ensinaram regras recentes de boa educação (foram ao cinema ou a um concerto ultimamente? Com uma assistência composta por adultos?...);
  3. Não é a primeira aula da turma e a professora sabe que os alunos são do sec XXI, conhecem bem os seus direitos mas não têm maturidade suficiente para diferenciar claramente o forum onde se encontram...

Só me resta dizer que sim, a aluna deve ser penalizada por infringir uma regra e que não, a professora não tem o direito de confiscar, temporariamente que seja, um objecto de propriedade privada e pessoal como poucos.

Que a professora seja tão inconsciente que não antecipasse uma reacção destas, remeto-me para a minha primeira frase; que este espectáculo ganhe foros de primeira página quando há professores esmurrados e/ou pontapeados por alunos fora da sala de aulas e isso não é assunto para página nenhuma... Bom, isso são os media de que gostamos e promovemos: circo, que o pão vem de outra fonte.

Hélas!

domingo, 30 de março de 2008

O resto da couve

Durante uns tempos publiquei uma Folha de Couve com periodicidade semanal e formato fixo de 3 páginas, para uma lista de distribuição de conhecidos e amigos.

O pasquim tinha pouco de original: apenas o editorial e uma ou outra coluna sobre assuntos que me despertavam interesse passageiro; o resto do espaço era ocupado com anedotas, cartoons, ditos e histórias curtas que me enviavam ou que eu ia buscar à net - com as devidas referências à fonte - e que visavam apenas proporcionar um início de semana de trabalho mais bem disposto...

A minha proverbial teimosia, no entanto, sucumbiu aos fins de semana ocupados sem dó nem piedade, pois o pessoal tinha de ter a Folha na caixa de mail quando se sentasse ao PC na 2ª feira; assim, ao fim de um ano fechei a loja.

Ficou-me no entanto o gosto de perorar do alto do caixote... Pelo que inicio agora a publicação de O Resto da Couve, sem periodicidade, sem pesquisas e sem preocupações - é apenas para satisfazer o prazer narcisístico da peroraçao...

Hélas!