domingo, 26 de dezembro de 2010

Natal


Surpreendentemente, este Natal foi bom.

Na consoada e pela primeira vez que me lembre, havia outsiders familiares, 3 ao todo. Ajudaram com grande empenho o espírito natalício a manifestar-se: duas fizeram calmamente um belo repasto para estar a sair lá pelas 21:00 quando eu chegasse a casa e o outro foi um convincente Pai Natal para a única criança pequena presente (acho que o catraio ficou com algumas dúvidas mas certezas não).

No dia de Natal, a matriarca foi levada a uma das casas da família onde o resto dos descendentes e afins se juntou; apesar de passar o tempo todo a dizer que tinha sido asneira, que estava muito cansada, que havia muito barulho e que queria era ir para a caminha, a verdade é que o seu ultimamente ausente sorriso se manteve...
E um dia inteiro depois ainda se lembrava da maior parte das coisas e pessoas - umas com fantasias à mistura outras sem fantasias mas a presença das pessoas ficou de alguma forma agradavelmente gravada, a embelezar-lhe o dia.

E os especiais que são cada vez mais únicos... Sempre mantendo o amor vigilante que ultimamente me mantém o nariz à tona da água, transmitiam uma serena alegria com pequenas lembranças, os pequenos nadas que são tudo, afinal.
Não se distraíram com a época confusa e cheia de solicitações e sempre que eu entrava em pânico lá estava um sorriso sereno e quente, uma graça que me fazia rir de mim própria, uma carícia no cabelo ou uns braços fortes para me abraçar - e eu sossegava e ficava novamente natalícia...

O Natal nunca cessa de me espantar.

Hélas!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Aniversário


Hoje é o dia do ano em que sinto que fiz alguma coisa de jeito na vida. Alguma coisa importante. Alguma coisa boa. Aquilo que, no final das contas, justifica a existência de alguém: deixar o mundo um poucachinho melhor do que quando cá chegámos.

Para o teu novo ano, desejo-te que consigas ter o que queres e com quem queres. Sei que não será quando queres mas olha, sejamos optimistas: como dizia o Heinlein, são mais felizes!

Para o resto da vida, desejo-te que continues a espalhar a alegria serena e segura que te é tão própria. E que mantenhas, bem enérgica, a vontade de viver os dias que ainda não passaram.

Um beijo para ti, meu caro. Cheio de amor e discreto.

Hélas!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Dorme, meu menino, a estrela d'alva...


Eu não tenho nem ouvido nem voz, com grande pena minha.

Mas cantava isto baixinho à minha cria quando ela era pequenina - quando tinha sono, quando lhe doía a barriga e de modo geral sempre que ela se sentia incomodada, lá vinha o "dorme, meu menino...", mesmo que a intenção não fosse adormecer o bicho - era calmante. Reconfortante. Morninho, carinhoso...

É de uma suavidade extraordinária. Um toque de penas, presente mas leve, acolhedor e livre ao mesmo tempo. É mais ou menos como o fogo da lareira, estão a ver a sensação? Uma âncora de calor, confortante, não obrigatória e segura.

Definitivamente, a raça que concebeu uma canção assim tem alguma coisa de bom.

Hélas

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Se posso sonhar posso fazer


Batatas, batatas, batatas.

Eu a julgar que era uma rapariga de frases originais, articulações que ninguém ouviu antes mas que fazem sentido... Eu inventei - ouviram bem, inventei - a frase "se posso sonhar posso fazer".

Agora e de repente, sem saber como nem porquê, a TV diz-me que não. Que a frase é do Walt Disney e bem conhecida. Ou seja, a TV diz-me que além de plagiadora inconsciente, sou uma ignorante que julga que inventou uma coisa que é do domínio comum...

Haverá realmente alguma frase nova, à face da Terra? Ou já está tudo dito e de todas as maneiras possíveis? Só nos resta a deprimente repetição?

Não pode ser porque eu não aguento isso.

Hélas!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Paz


Tive um sonho lindo
Com estrelas e sóis
luzes coloridas
Uma voz dulcíssima
cantava sorrisos
suaves alegrias
Não via quem cantava
Mas sentia morna
acolhedora
a sua paz feliz

Acordei e soube
Se posso sonhar
posso fazer

Hélas!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

I'm blue


E nem sei porquê.

As festas sempre me alegraram, isto deve ser um trauma de velhice, rais parta o caruncho.

Hélas!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Natal


Como se justifica a nós próprios uma escolha que, seja ela qual for, é má para alguém?

Se escolhermos uma opção, a escolha magoa um. Mas se escolhermos a outra opção magoa outro…
Pura e simplesmente não há escapatória – saímos sempre a perder e vamos sempre magoar alguém de quem gostamos.

Esta é a dança impossível: devemos escolher o alguém de quem se gosta mais - para magoar o outro, de quem também gostamos mas menos.
Como raio se pode fazer uma escolha destas? Medir a coisa informe, pesar as gramas do bem etéreo?...

Mas é sempre feita a escolha - sei perfeitamente que, de forma activa ou passiva, a escolha é sempre feita e terá as consequências devidas.
Só um cobarde pensa que fazer nada não é escolher e eu sou muitas coisas mas não essa espécie de cobarde. Outras talvez mas não essa.

Este é um Natal onde não terei a prenda desejada: alguém que me dissesse “não te preocupes, eu tomo conta desse assunto, vai lá descansada ao teu Natal que ninguém sairá magoado” e fizesse isso mesmo.

Suponho que é apenas um azarito – há montanhas de gente que morre por não ter a água que precisa para beber. E eu tenho muita pena delas mas não apanho um avião para lá, com um carrego de água engarrafada.

A escolha está feita. Quem sabe, um dia perdoarei a mim própria por ela.

Hélas!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Pensamentos


Num mundo ideal, a compaixão seria desnecessária. A inteligência não.

Hélas!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Amor à borla


Nesta época de saldos e promoções, por favor aproveitem e sejam felizes nem que seja por uns minutos.

Já o disse antes e continuo teimosamente na minha: não me venham com conversas sobre amar quem nos ama, ajudar quem nos ajuda e pensar em quem pensa em nós: isso é natural, corriqueiro e o Natal não tem nada a ver com isso. Natal é amar sem juízo e ajudar de sorriso aberto e sem contas; é isso que significa "à borla".

Por isso, meus amigos e meus inimigos... Façam alguém que não o espera feliz - nem que seja só por um bocadinho.
Façam uma festa a um cão vadio.
Dêem um resto de comida a um gato desconfiado.
Façam sorrir uma criança, seja ela inocente ou não.
E sejam felizes também.

Não há nada que se compare ao amor à borla.

Helas!