domingo, 25 de julho de 2010

Outra vez


Mais uma vez, falhei a quem nunca deveria falhar.

Mais uma vez, imersa em ondas de outra-coisa, troquei datas e fiquei sem o dia-que-tinha-de-lembrar. Mais uma vez houve uma coisa que se intrometeu entre mim e quem é mais importante para mim.

Uma coisa tão simples como saber qual o dia. Que já nem para isto chego, caraças.

Hélas!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Facebook II


Há coisas fantásticas, não há?

Tantas e tantas pessoas levantam o polegar e até se tornam fãs do clube "Luta contra a pobreza", ou "Abaixo as experiências com animais", ou "Contra a matança dos golfinhos", ou "Adopte um animal enjeitado" ou tantas outras páginas de ética inatacável!

Na maioria são as mesmas que não fazem nada real e concreto a favor da razão de ser do(s) seu(s) clube(s). Põem o polegar no ar e trás!, são uns tipos extraordinários e de valores altíssimos.
O facto de não fazerem coisa nenhuma é irrelevante, o click do "Gosto" traz uma satisfação que torna o sono muito mais fácil, barato e saudável que um Xanax.

O Facebook faz mais pelo bem-estar psicológico individual que todos os psiquiatras e psicólogos juntos.

Hélas!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Canção


A esperança é a última a morrer; quando alguém se deita ao rio é porque já está morto.

Acho que é por isso que as pessoas instintivamente se impressionam mais com um suicida que com um tipo que morre do coração: os vivos têm um fascínio patológico pelos morto-vivos.

O cadáver
do indigente
é evidente
que morreu
E no entanto
ele se move
como prova
o Galileu
[Ópera do Malandro]

Hélas!

domingo, 11 de julho de 2010

Sonhos


Loucos
Bem sei
Imaginações
Fantasias
Desejos
Pão
e manteiga
Flores
Matizes
De cores
Impossíveis
Música
Amor
Sossego
Preguiça
Liberdade
Sem peias
Tempo
Paz.

Sonhos.

Hélas!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Hoje


Hoje elogiaram-me descuidadamente e disseram em voz alta que eu era necessária e útil.

Hoje vi um vídeo terrível, gente pobre, doente e sem apoio. Uma criança real, a lutar com tanta garra numa luta que deixa adultos de rastos.

Hoje deram-me vários presentes virtuais: uma oferta pública, uma referência como força amigavelmente malévola mas motivadora e alguns comentários carinhosos.

Hoje bateu-me à porta a rapariga pobre a quem costumo apoiar e que está muito doente. Quando lhe perguntei novidades, esclareceu-me que "neste momento os médicos estão de férias, eles depois dizem-me quando poderá ser a próxima consulta".

Hoje olhei alguém que amo e achei-o com um ar que me preocupou mais. E ele sorriu com amor nos olhos e disse que o jantar estava bom.

Hoje falhei novamente em alumiar a quem olha para mim como um farol.

Hoje fizeram-me a sopa de amanhã para que não tivesse de a fazer eu.

Hoje a vida deu-me uma tareia e no meio da sova dei por mim a pensar que, independentemente de tudo, só realmente vive quem tem outras vidas à volta.

Hélas!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Gente extraordinária


Por definição é malta estranha, que foge ao normal. Por extensão são tipos fixes, não se usa a palavra extraordinário para nomear um bronco estapafúrdio.

Eu conheço virtualmente um tipo extraordinário: tem uma vitalidade tão impressionante que fico sem fôlego quando o leio. Mas fazendo umas pausas auto-induzidas aqui e ali, o que ele diz faz imenso sentido, mesmo quando não concordo com ele!

Começo pelo nick name: privada é estranho nome. A mim evoca a situação engraçada de prestar atenção aos nossos próprios pensamentos filosóficos enquanto aguardamos a inevitabilidade da natureza. É poético, até.

Depois, o discurso cheio de kapas: o cérebro dele está a mil, os dedos são lentos, o pensamento é mais rápido que o teclado mas o qu (k) continua a ser diferente do c. Extraordinário. Mais extraordinário ainda é que com tantos kapas não lhe fogem inconveniências; deve ser da idade mas actualmente reparo nisso (para o que me havia de dar na velhice!).

A seguir, a arte: para algumas situações dramáticas, tipo política em Portugal, sai-se com uma graçola com piada, do tipo "A circunferencia é ke me está a meter confusão" e escapa-se ao comentário embora comentando.

Mais outros aspectos menos marcantes mas que compõem o ramalhete, como por exemplo estar presente onde a presença nem é notada. Para um tipo àquela velocidade, é espantoso.

Lê que se farta. Não só livros como música (e isto não é nada comum!) e comenta pensativamente: Acabaram as aulas e a mesada foi-nos cortada. Devemos aos Doors a primeira experiencia em empregos precários

Mas o humor, a mim (que não o tenho) o humor mata-me: "Tenho certo que está para breve o meu estouro final, não será por desistência, nem desventura, talvez por febre da malta"

Fico-me por aqui, que ainda me processam por perdas e danos.

Hélas!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Férias


Há dias em que apetece estar de férias.

Por férias entenda-se aqui a total ausência de decisão (desde a roupa pessoal até ao local do jantar, passando alegremente por todas as horas do dia e as suas particularidades, mais uma total ausência dos sentimentos de culpa que usualmente acompanham a greve de decisões...).

Sim, hoje apetecia-me ter estado de férias.

Hélas!

sábado, 3 de julho de 2010

Fun at 30-Jun-10


Sou babada por muita coisa, por muita coisa tou danada... Mas esta coisa foi um momento óptimo numa altura da vida em que me sabe especialmente bem!





Agora adivinhem qual dos xonés que estão divertidíssimos no Palácio da Independência é a minha cria, eheheh...

Hélas!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Da natureza humana


Uma frase na passada do meu próprio discurso cá me ficou a moer lentamente: "um lama não pode fugir à sua natureza, não é?"

E um homem, pode fugir à sua natureza? Aliás e antes disso, qual é a natureza do Homem? Porque, enfim, hoje uma pessoa pode fugir à sua natureza de homem tornando-se mulher e vice-versa, não é esse o tipo de natureza de que estou a falar.

Será o homem de natureza racional? Se sim, será alguma vez capaz de deitar determinadamente essa natureza para trás das costas e ser total e conscientemente emocional?

Se for de natureza emocional e instintiva, poderá tornar-se racional e ponderado?

E se um homem for um misto de racional e emocional tão intrincadamente emaranhados como uma meada de lã com que o gato brincou? Se for esse o caso, como diacho pode ele fugir à sua natureza? Será humanamente possível transformar uma lasanha à bolonhesa em esparguete simples com molho à parte?

De uma coisa tenho a certeza: se o quiser de facto, se o quiser no seu inconsciente, o Homem (sentido lato, meninos, sentido lato) faz o que quiser fazer desde que não viole as leis da física. Pode sair destruído e irreconhecível da experiência mas consegue fazer.
A questão põe-se portanto, na pergunta: pode o homem querer no seu inconsciente algo contrário à sua natureza?

Isto é só coisas que me ralam.

Hélas!